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Biorrefinaria da Acelen pode posicionar o Brasil na vanguarda da descarbonização global, diz diretor

Segundo Yuri Orse, a meta da companhia é produzir, a partir da macaúba, 1 bilhão de litros, por ano, de diesel renovável e combustível sustentável de aviação

Yuri Orse: diretor da Acelen Renováveis afirma que produção de diesel renovável e combustível sustentável de aviação começa em 2027 (FÁBIO BOUZAS/Acelen/Divulgação)
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 12h04.

Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 12h14.

A construção pela Acelen Renováveis de uma biorrefinaria para produzir, a partir da macaúba, 1 bilhão de litros, por ano, de diesel renovável e combustível sustentável de aviação, em São Francisco do Conde, na Bahia, pode ser o gatilho para um ciclo virtuoso de investimentos verdes no Brasil. A afirmação é do diretor de Certificação e Descarbonização da empresa, Yuri Orse, em entrevista exclusiva à EXAME.

Os planos da companhia preveem o aporte de US$ 3 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão na construção da fábrica de combustíveis e outros US$ 2 bilhões no desenvolvimento da cultura da macaúba em 180 mil hectares em Minas Gerais e na Bahia. A empresa deve concluir o projeto de engenharia da biorrefinaria até o fim deste ano, começar a obra no início de 2025 e terminar o empreendimento em 2027.

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Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 23% das emissões de carbono globais decorrem do setor de mobilidade e outros 2% dos poluentes são emitidos por aviões. Segundo o executivo, o diesel renovável e combustível sustentável de aviação tem potencial de reduzir 80% das emissões de CO2, em comparação aos combustíveis fósseis.

"A Acelen Renováveis nasce com esse potencial do Brasil para o uso da terra, do sol e das condições climáticas. O nosso projeto é integrado da semente ao combustível, será um gatilho para a agregação de valor no Brasil e um gatilho para posicionar o país na vanguarda da descarbonização global", afirma Orse.

Cultivo da macaúba

Para desenvolver o cultivo da planta nativa brasileira de alto valor energético a empresa iniciou um investimento de R$ 250 milhões em pesquisa e inovação, que prevê a construção do Acelen Agripark, um centro tecnológico, em Montes Claros, em Minas Gerais.

No local serão desenvolvidos projetos pilotos de plantio, manejo, pesquisa genética, além do aprimoramento industrial para o esmagamento da macaúba para transformação em óleo vegetal.

Para 2025, o planejamento prevê a criação de uma fazenda piloto, com 5 mil hectares de macaúba. Segundo Orse, a planta é de sete a dez vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação à soja. A meta é chegar em 2031 ou em 2032 com 180 mil hectares em áreas de pastagem degradadas.

"Nosso projeto é sustentável em várias vertentes. Dentro dos 180 mil hectares, em 20% teremos a produção a partir da agricultura familiar e de pequenos agricultores. Nosso projeto vai em linha com o interessante de fomentar e desenvolver regiões pobres. Isso vai gerar desenvolvimento social e econômico", diz Orse.

Produção a partir de 2027

Com o início da operação da biorrefinaria em 2027, o diesel renovável e combustível sustentável de aviação será produzido, inicialmente com óleo de soja, óleo residual de milho e gordura animal.

"Nossa biorrefinaria é uma planta flexível e adaptável a óleos vegetais e gorduras animais", afirma o executivo.

A primeira "safra" de óleo de macaúba chegará em 2028 e a produção em massa começará na década de 2030.

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