Steve Ballmer lança Windows Vista, da Microsoft
Sistema operacional é lançado junto ao pacote de programas Office 2007, após cinco anos de desenvolvimento
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h21.
A Microsoft fez nesta quinta-feira (30/11), num evento em Nova York, o que o presidente Steve Ballmer disse ser o maior lançamento de produtos de sua história. Foram apresentados, após cinco anos de desenvolvimento, o sistema operacional Windows Vista e o pacote de programas Office 2007. As duas linhas de produtos são o carro-chefe da Microsoft e correspondem por quase a totalidade dos lucros da companhia. Numa sala apertada na sede da Nasdaq, o pregão eletrônico da Bolsa de Nova York, Ballmer mostrou durante uma hora e 20 minutos as principais características dos novos sistemas. Segundo ele, os principais pilares que nortearam o desenvolvimento dos produtos foram a segurança e a produtividade dos usuários.
O lançamento de ontem foi das linhas voltadas para o mercado corporativo (os consumidores poderão comprar o Windows Vista a partir de 30 de janeiro). Também foram anunciadas novas versões de programas que rodam em servidores, como as versões renovadas do Exchange (para e-mail e mensagens instantâneas) e Share Point (para troca de documentos). Durante a apresentação, Ballmer enfatizou as funções que facilitam a comunicação e a colaboração dentro das empresas e as medidas de segurança que vêm embutidas no Windows Vista. Também falou do maior controle que o sistema permite com relação ao controle de acesso e cópia de documentos, uma exigência importante para empresas sujeitas a regulamentações rígidas como a lei Sarbanes Oxley, que rege as companhias de capital aberto nos Estados Unidos.
O evento desta quinta-feira (30/11) representa um marco importante na história da maior empresa de software do mundo. Em primeiro lugar, como o próprio Ballmer reconheceu em sua primeira frase, porque a Microsoft conseguiu trazer o produto ao mercado. "Finalmente estamos aqui", disse Ballmer. A data de lançamento foi alterada diversas vezes este ano por causa de atrasos no desenvolvimento. Mas, acima de tudo, porque a Microsoft vive um momento bastante diferente desde o último ciclo de anúncios. Na internet, a empresa enfrenta a competição do Google, que domina o negócio de publicidade online e segue lançando produtos inovadores a cada semana. No mundo corporativo, o adversário é ainda mais duro: a própria Microsoft.
Analistas do instituto de pesquisas Gartner estimam que até 2010 ainda haverá mais computadores equipados com o Windows XP, o sistema atual, do que com o novo Vista. No caso do pacote Office, o desafio é vender mais uma vez uma nova versão de programas como Word e Excel, que milhões de usuários têm instalados em suas máquinas e que, para muitos, funcionam bem o suficiente. Ballmer, é claro, está acostumado a este tipo de pergunta, e tratou disso antes mesmo da entrevista coletiva que se seguiu ao anúncio. "Nossos clientes reclamam que só conseguem usar de 15% a 20% dos recursos de um programa como Excel. Pois, com a nova versão, essa porcentagem vai aumentar dramaticamente." Até mesmo Bill Gates, que não fez parte do evento (ele ocupa a posição de presidente do conselho de administração), foi invocado por Ballmer. "Bill nos elogiou pelas novas funções que incluímos no Excel", disse Ballmer. "E nós respondemos: `Mas essas funções já estão aí faz tempo.' Ou seja, nem mesmo um dos maiores experts no software sabia encontrá-las."
Em outras palavras, haverá um grande investimento de marketing por parte da Microsoft para convencer os clientes, inicialmente os corporativos, depois os usuários finais, a fazer os upgrades. Questionado sobre valores, Ballmer disse apenas que será a maior verba de marketing da história da empresa, na casa dos "centenas de milhões de dólares". Outro custo que estará embutido na compra dos novos programas será o eventual retreinamento dos usuários. Sobre isso, Ballmer disse apenas que o custo não cabe à Microsoft.
Do ponto de vista técnico, uma das principais novidades do sistema Windows Vista é a ênfase nas buscas como forma de encontrar arquivos no computador, numa clara indicação de que a revolução representada pelo Google na Web também chegou aos sistemas operacionais. No novo sistema, todos os arquivos são indexados, assim como os robôs do Google fazem com as páginas da internet, o que proporciona pesquisas muito mais rápidas e eficientes. Outra mudança importante foi na interface gráfica, mas para desfrutar de todos os novos recursos visuais a maior parte dos usuários terá de investir em novos computadores. Do ponto de vista da segurança, as empresas que também usam os servidores da Microsoft poderão ter mais segurança de que seus documentos não serão enviados para fora da empresa, por exemplo, ou copiados para dispositivos de memória de bolso, por exemplo. Outra função interessante é a possibilidade de criptografar o disco rígido de um laptop, para evitar a perda de dados em caso de roubo. "As vulnerabilidades do novo sistema serão muito menores", disse Ballmer.
O sistema Office também sofreu mudanças, especialmente no que diz respeito ao acesso às ferramentas. A Microsoft diz ter contado com a ajuda de 5 milhões de voluntários, que ao longo deste ano baixaram versões de teste do programa e sugeriram alterações. A empresa também instalou softwares de monitoramento (que gravaram mais de 1 bilhão de sessões de uso) e, em alguns casos, até mesmo câmeras para entender a maneira como seus programas são utilizados e refinar a usabilidade dos sistemas. As ferramentas de criação de gráficos da planilha Excel e as buscas dentro do software de e-mail Outlook sofreram alterações radicais. Mas se essas novas funções serão razão suficiente para que os clientes troquem seus programas, ainda mais diante de alternativas gratuitas ou que possam ser utilizadas pela Web (e de graça), é cedo para responder. "O mundo mudou", disse Ballmer no início de sua apresentação. Será que a Microsoft está pronta para ele?