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Snowden nega pedir asilo em troca de informações ao Brasil

Em entrevista ao programa Fantástico, o ex-analista da CIA disse que nunca irá trocar informações secretas por asilo no Brasil

snowden (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 06h06.

O ex-analista da inteligência americana Edward Snowden afirmou que aceitaria asilo no Brasil, mas o rejeitaria se fosse em troca de informação sobre o programa de espionagem americano, afirmou no domingo o programa "Fantástico" da Rede Globo.

Perguntado sobre se aceitaria asilo de Brasília, Snowden respondeu: "Claro! Se o governo brasileiro quiser defender os direitos humanos, será uma honra para mim fazer parte disso".

Mas o ex-analista negou condicionar a entrega de dados à concessão de refúgio: "Nunca vou trocar informações por asilo, e não acredito que o governo brasileiro faria isso".

O programa da Rede Globo disse ter entrevistado o ex-analista por e-mail através de seu advogado em Nova York, para evitar interceptações, e divulgou seu conteúdo na internet.

Primeiro passo importante da Casa Branca

O ex-analista americano, asilado temporariamente na Rússia até agosto, também comentou as conclusões de um painel de especialistas convocado pela Casa Branca, que recomendou nesta semana reduzir o poder da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês) ao advertir que sua espionagem em massa foi muito longe.

Snowden declarou que as conclusões dos especialistas não são, de nenhuma maneira, suficientes, mas reconheceu que "é um início e dar este primeiro passo é importante".

"Lembre que o grupo de conselheiros foi composto por pessoas escolhidas a dedo. Sua missão não era conter os abusos, era restaurar a confiança do público na atividade de espionagem. Muitas das recomendações que fizeram foram mudanças cosméticas, coisas que soam bem, mas mudam pouco".

Na terça-feira, o jornal Folha de São Paulo divulgou "uma carta aberta ao povo brasileiro" escrita por Snowden na qual o ex-analista expressou sua disposição em auxiliar nas investigações do Senado sobre as denúncias de espionagem americana contra brasileiros, mas lamentou não poder colaborar devido à situação na qual se encontra.

"Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos Estados Unidos continuará interferindo na minha capacidade de falar", declarou.

Snowden reiterou na entrevista à Rede Globo que o objetivo de sua carta foi "explicar que não estou em posição de ajudar os senadores brasileiros", mas apoia a iniciativa do governo do Brasil de defender sua privacidade.

Dilma não se pronunciará sobre eventual asilo

Snowden considerou o Brasil, que tem forte tradição em oferecer asilo, "uma das mais interessantes e vibrantes democracias do mundo".

A presidente Dilma Rousseff denunciou tanto no Brasil quanto na ONU a espionagem americana, que, segundo revelações da imprensa com base em vazamentos de Snowden, atingiu as comunicações da própria presidente, além da Petrobras e de cidadãos brasileiros anônimos.

Dilma adiou após as denúncias uma visita de Estado a Washington programada para outubro como sinal de protesto.

O governo dos Estados Unidos acusa Snowden de vazar documentos confidenciais da NSA sobre um programa mundial de espionagem sobre as telecomunicações. O presidente Barack Obama lamentou na sexta-feira os danos desnecessários que as revelações do ex-analista provocaram.

O brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista britânico Glenn Greenwald - radicado no Brasil - que divulgou boa parte destes documentos, iniciou uma campanha para que o Brasil conceda asilo a Snowden.

"O Brasil é um dos poucos países com força para conceder asilo a ele", declarou Miranda nesta semana à AFP.

Dilma afirmou na quarta-feira em um encontro com jornalistas que não se manifestará sobre este tema porque seu governo não recebeu nenhum pedido do ex-analista.

Snowden já pediu asilo ao Brasil em junho, assim como a outros países, antes de ser acolhido temporariamente na Rússia, mas seu pedido não foi atendido.

Venezuela, Bolívia e Nicarágua se ofereceram na época para receber Snowden.

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