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Hackathon reúne apenas mulheres em SP

São Paulo - Quando a jornalista paulistana Daniela Silva começou a trabalhar com cultura digital, ela percebeu que não entendia nada de programação. Então, resolveu...

programação (Open Knowledge Foundation Brasil)

programação (Open Knowledge Foundation Brasil)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h27.

São Paulo - Quando a jornalista paulistana Daniela Silva começou a trabalhar com cultura digital, ela percebeu que não entendia nada de programação. Então, resolveu aprender algumas noções básicas do tema e a frequentar maratonas e encontros de programadores. 

Mas Daniela encontrava poucas mulheres nesses eventos. “Percebi que havia algo errado. ‘Será que 50% da humanidade não se interessa por programação?’, eu pensava. É claro que não era isso. As mulheres é que não apareciam”, diz. 

A jornalista resolveu criar um evento que estimulasse a aprendizagem da programação entre as mulheres. Em março deste ano, ela organizou a primeira RodAda Hacker, uma maratona de programação exclusiva para mulheres.

O nome do evento é uma homenagem à britânica Ada Lovelace, que escreveu o primeiro algorítmo específico para uma máquina, em 1851. Ada é considerada a primeira programadora do mundo.

Daniela buscou inspiração em dois eventos estrangeiros: o Ladies Learning Code e o Hacker School. Do primeiro, Daniela tomou emprestado o formato “só para meninas”, além do modelo de financiamento, feito 100% com o valor das inscrições. 

Do segundo, a jornalista tomou a comunicação, voltada especialmente para as mulheres, como inspiração. “O grande problema dos eventos de programação convencionais é o fato deles não falarem diretamente com as meninas. Isso acaba afastando a participação delas” diz Daniela. 

De acordo programadora Mariana Santos afirma que em um primeiro momento, o mundo da programação é um ambiente hostil para mulheres. “Em primeiro lugar, aparece a forma como programação é mostrada, pois a mulher prefere algo gerencial, mais do que construir.Além disso, tem o preconceito. Muitos homens acham que não conseguimos fazer o que eles fazem”, diz.

Para atrair o maior número de pessoas possível, a RodAda não exige conhecimento prévio de programação e T.I. “Isso trouxe muita gente para o evento. Normalmente, as meninas ficam receosas de ir em algum hackaton por não saberem nada do tema”, afirma Daniela.

Mariana Santos, que participou da primeira rodada, afirma que a mistura de garotas com diferentes níveis de conhecimento foi uma das experiências mais interessantes do encontro. “Quem sabia ensinava para quem não sabia, acho que isso foi um aprendizado para os dois perfis”, afirma a programadora.

As participantes são divididas em grupos de cinco garotas, além de um orientador, que irá direcionar as atividades da equipe. Os grupos são divididos por temas de afinidade, para facilitar a integração. As meninas têm 10 horas para produzir um aplicativo para internet, um modelo que desafia a participante, segundo Daniela.

“As meninas saem da RodAda exaustas. Uma delas virou pra mim e disse ´Meu cérebro está derretendo´. Essa é a melhor coisa que eu poderia ouvir”, diz. “Elas conseguem superar aquilo que imaginavam o que conseguiam fazer. É superação de limites mesmo”.

Para a segunda rodada, que acontece no próximo sábado, a procura foi ainda maior. As 60 vagas se esgotaram faltando ainda uma semana para o evento. “Muitas meninas querem continuar o que começaram na primeira rodada. Acho que esse é o melhor sinal sobre o sucesso da rodada”.  A terceira edição deve acontecer entre o final de 2013 e o início do ano que vem.

Outras cidades do Brasil também realizaram uma RodAda nos mesmos moldes: grupos de Florianópolis e Rio de Janeiro organizaram encontros semelhantes, voltados apenas para mulheres. 
Daniela ressalta a importância de eventos do tipo, não apenas para meninas. “Hoje, programar é a mesma coisa que escrever. Chegamos a um ponto de saturação, no qual não adianta mais ser um mero consumidor de tecnologia. É preciso usá-la como ferramenta”, afirma. 

 

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