Reprodutores de CD em carros estão virando relíquia nos EUA
Quem diria? As fabricantes de veículos ainda insistem em colocar um reprodutor de CD no painel da maioria dos carros
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2015 às 11h43.
Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 10h53.
São Paulo - Isso soa estranho 14 anos depois de o iPod ter entrado na revolução musical intangível. Mas agora parece que finalmente os dias do aparelho integrado ao painel estão contados.
Os reprodutores de CD vêm há alguns anos seguindo lentamente o caminho dos toca-fitas, para a lata de lixo dos componentes do interior automotivo, e o desaparecimento deles começou a acelerar de repente.
Cerca de vinte modelos 2016 estão sendo lançados sem espaço para os discos, em particular os carros direcionados a compradores mais jovens, como o Honda Civic reformulado e cada um dos modelos da linha Scion, da Toyota Motor Corp.
“O fim do CD chegará em breve”, disse Corey Tsuno, gerente operacional de produtos e acessórios da Scion. “Acho que nunca voltaremos a usá-los”.
Não se trata apenas de economizar os US$ 30 que custa incorporar um reprodutor ao painel. Aquela pequena ranhura ocupa um lugar privilegiado, que pode ser usado para aumentar o tamanho das telas de toque; quanto maior for a tela, melhor será a resolução dos programas de navegação e outros aplicativos, como os de streaming de música.
A Tesla Motors Inc., fabricante de carros elétricos luxuosos, estabeleceu que um painel bacana vem com um monitor de 17 polegadas. É difícil encontrar espaço para uma tela desse tamanho em um carro como o Civic– o reprodutor de CD precisava ser eliminado para que a Honda conseguisse encaixar uma tela de 7 polegadas.
A General Motors Co. já não aloja CDs em alguns modelos, como a picape GMC Canyon e o Chevrolet Camaro. Entre seus modelos de luxo, apenas o Cadillac SRX e o Escalade vêm com um reprodutor de CD. Quem dirige carros da Ford Motor Co. e da Nissan Motor Co. ainda poderá escutar os discos nos modelos 2016, mas a tendência aponta que isso está destinado a mudar.
No ano passado, 17 por cento dos carros vendidos na América do Norte não vinham com um reprodutor de CD. Neste ano serão 24 por cento e até 2021 serão 46 por cento, diz a empresa de pesquisa IHS Automotive.
Ainda?
Por que esses aparelhos não estão desaparecendo ainda mais rapidamente? Pela mesma razão por que os toca-fitas integrados só foram enterrados de vez há cinco anos.
Lexus , a linha de alta gama da Toyota, preservou os aparelhos até o SC 430 de 2010, disse a porta-voz da companhia, Nancy Hubbell – e os conservou por quase tanto tempo no sedã GS porque o engenheiro-chefe estava aferrado a seus cassetes antigos e garantiu que poderia escutá-los em seus carros.
Pessoas mais velhas, com o porta-malas cheio de discos com seus álbuns preferidos, continuam gastando muito em carros novos e, embora as vendas de CDs tenham caído 15 por cento no ano passado, a indústria musical conseguiu despachar 141 milhões deles, de acordo com dados da Nielsen Plc. E há um grupo hardcore que talvez nunca desista deles.
Os audiófilos gostam do som, disse Mark Boyadjis, analista sênior da IHS. Os dados que reproduzem música são comprimidos para armazenar mais canções nos aparelhos como o iPod e os smartphones, e isso afeta a qualidade do som. A música em um CD está menos comprimida.
Se você quiser ter uma tela de toque grande e também a possibilidade de escutar CDs, desenterre aquele aparelho portátil da década de 1980 e conecte-o ao painel com um cabo USB. Você até pode pendurá-lo no espelho retrovisor. As fabricantes de carros ainda não se livraram deles.