Para Cisco, não deveria haver extremos na neutralidade de rede
"A gente sai de um lado no extremo para ir ao outro extremo. E a realidade é que a resposta está no meio", diz Chuck Robbins, CEO da Cisco
Lucas Agrela
Publicado em 12 de junho de 2018 às 15h24.
Em meio às mudanças e consequentes incertezas promovidas pela administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , a Cisco mantém uma visão otimista em relação ao futuro do mercado de tecnologia. O assunto é sensível, uma vez que a partir da última segunda-feira, 11, começaram a valer as novas regras para a Internet promovidas por Ajit Pai, chairman da agência reguladora norte-americana, a Federal Communications Commission (FCC), nomeado pelo próprio Trump ao cargo. Perguntado por este noticiário sobre sua opinião sobre o assunto, o CEO da Cisco, Chuck Robbins, procurou não ser contundente, mas essencialmente foi contra a regulação implantada por Pai.
"Não acho que qualquer um deveria poder estrangular o tráfego para aplicações", disse Robbins, citando exemplos de priorização de dados como para serviços especializados de saúde. No fundo, ele reconhece que é uma questão política. "É uma dinâmica interessante: quando transitamos entre administrações [do governo dos EUA], a gente sai de um lado no extremo para ir ao outro extremo. E a realidade é que a resposta está no meio", pondera.
Não quer dizer que ele entenda que toda a movimentação do governo Trump seja acertada ou irreversível. Mesmo considerando o cenário geopolítico mundial onde os Estados Unidos se posicionam atualmente, o executivo tem visão positiva em relação ao futuro das relações comerciais. "Acredito que há muitas incertezas sobre o comércio no mundo. Sou otimista, acho que há muitas grandes entidades no México e coisas acontecendo na China e no Canadá, todas essas economias são importante demais para a posição global para não darmos atenção. Acho que vão ceder de cada lado", analisa.
O executivo deixou ainda um recado em relação aos problemas enfrentados atualmente no mercado macroeconômico mexicano, mas que também poderia ser aplicado ao Brasil atual: se por um lado há incertezas e instabilidade, não significa que a Cisco abandonará o país. "Temos países que passam por dificuldades por décadas, e depois cria crescimento. Há dois ou três anos, o México foi o país que mais cresceu, e não esquecemos isso."
Parcerias para universalização
Na parte da universalização, a companhia promove iniciativas também para adequar a capacitação profissional para o futuro mais conectado. Além do programa interno DevNet, que nesta semana alcançou a marca de 500 mil desenvolvedores, a empresa tem iniciativa conjunta com o Fórum Econômico Mundial para ajudar a recapacitar um milhão de trabalhadores não técnicos em TI, com previsão de mais dois milhões em dois anos. Além disso, a empresa trabalha com refugiados em alguns países e com o IoT Talent Consortium, para levar a transformação digital com Internet das Coisas para um milhão de trabalhadores. "Estamos no caminho para impactar um bilhão de pessoas", prevê Robbins. (* O jornalista viajou a Orlando a convite da Cisco.)
* Este conteúdo foi originalmente publicado no siteTeletime