Parting Stone: empresa transforma restos mortais em pedras (Parting Stones/Divulgação)
Mariana Martucci
Publicado em 10 de outubro de 2020 às 12h21.
Última atualização em 10 de outubro de 2020 às 12h24.
Nada de enterros ou crematórios: o objetivo desta companhia americana é transformar os entes queridos que faleceram em pedras que podem ser carregadas por aí em bolsos ou mochilas. A Parting Stone solidifica as cinzas de pessoas ou animais e as transforma em pedras de diversos tamanhos. Em um vídeo publicado pela companhia no YouTube, Garth Clark, que transformou os pais falecidos em pedras, afirmou que "adquiri-las foi um tanto quanto transformador".
No site oficial da empresa, o processo é explicado por meio de quatro passos. O primeiro, de acordo a companhia, é o envio de um kit para coletar as cinzas; no segundo, o cliente envia as cinzas em "uma urna, caixa ou bolsa"; o terceiro passo envolve a solidificação das cinzas em pedras e, por fim, no quarto passo a solidificação é retornada ao consumidor.
Em entrevista Em entrevista ao site americano Business Insider, o fundador da Parting Stone, Justin Crowe, contou sobre como funciona a tecnologia que sua empresa desenvolveu. "O processo de solidificação de restos mortais requer apenas algumas etapas básicas após a cremação. Depois de chegar ao laboratório da empresa, a quantidade total de restos granulares cremados é suavemente refinada em pó. Uma pequena quantidade de resina é adicionada para criar um material semelhante a argila, a partir do qual os sólidos são formados. Os sólidos são cuidadosamente colocados em um forno para solidificação e então são polidos e devolvidos à família", explicou Crowe.
A tecnologia para isso foi desenvolvida em parceria com o Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, e também com mais de 200 funerárias no país para conseguir ter acesso às cinzas, fragmentos de ossos, e outros materiais para transformá-los em pedras. Os serviços da companhia custam 595 dólares para humanos, 295 dólares para cachorros e 245 dólares para gatos.
Segundo Crowe, "os restos solidificados parecem muito com pedras convencionais e o material é liso como uma cerâmica". "Os sólidos não se dissolvem na água nem arranham com a unha. Eles vão durar mais que nós na Terra", disse. Crowe também conta que as cinzas de um adulto podem render de 40 a 60 pedras e que "muitas pessoas irão compartilhar os restos mortais solidificados com amigos e familiares, viajar com eles, deixá-los em lugares significativos ou carregar as pedras em seus bolsos todos os dias".
"Um cliente deu uma "festa de revelação" com sua família, onde se reuniram, serviram champanhe e abriram a caixa com as pedras. Todos puderam ver a forma e a cor natural dos restos mortais de seus entes queridos pela primeira vez. Passaram pela mesa da cozinha, contaram histórias e no final da noite todos puderam levar para casa as pedras que mais gostaram", contou.
Em relação ao fato de a tecnologia parecer um pouco estranha e assustadora, Crowe defende o propósito de sua empresa. "Como uma pessoa que viveu com as cinzas, sinto que os restos mortais cremados são assustadores e desconfortáveis. Você pode ver fragmentos de ossos, sempre preocupado para não derrubar, e às vezes é constrangedor retirá-los quando as pessoas estão visitando sua casa", refletiu. Para ele, "os restos mortais em pedras são agradáveis de se conviver". "Eles me permitiram sentir uma conexão significativa com os restos mortais de meu avô — algo que nunca senti em relação às cinzas convencionais", finalizou.
A tecnologia ainda não está disponível no Brasil — e pode dar arrepios em alguns.