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Impasse com Telecom Itália não atrapalha planos, diz Brasil Telecom

Nova gestão reafirma modelo unificado de negócios e descarta revés nas negociações com acionista italianos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h39.

O presidente da Brasil Telecom (BrT), Ricardo Knoepfelmacher, reafirmou nesta segunda-feira (19/12), que a unificação dos serviços de telefonia móvel e fixa é irreversível. "A nova equipe não foi colocada na diretoria para vender a empresa, mas para criar valor. E não temos como fazer isso sem montar uma estrutura sólida", afirma. A BrT uniu as operações de telefonia fixa e celular, apesar de ainda haver o risco de ser obrigada a deixar o negócio de telefonia móvel em razão da disputa societária com a Telecom Italia. Segundo o executivo, a nova administração da BrT não trabalha com o cenário de fracasso das negociações com os italianos, em torno da sobreposição de licenças para operações de telefonia móvel e de longa distância. "Não existe um plano B. Descontinuar a operação de telefonia celular não está sob consideração", diz.

A fusão dos serviços é estratégica para a empresa, segundo Knoepfelmacher, para conter a corrosão do faturamento que poderá ocorrer, caso a BrT permaneça muito dependente das receitas de telefonia fixa. "Em todo o mundo, as receitas com voz estão caindo, devido à migração dos clientes para celulares e voz sobre IP", diz. Atualmente, cerca de 80% do faturamento do grupo provém dos serviços fixos. No ano passado, a empresa faturou 12,7 bilhões de reais. No acumulado até setembro, a receita bruta bateu em 10,877 bilhões, contra 9,261 bilhões do mesmo período de 2004.

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Para sustentar o faturamento no próximo ano, a BrT tomará uma série de medidas que visam a reduzir o ritmo de queda das receitas com serviços fixos e ampliar outras fontes de faturamento, como a oferta de pacotes de serviços para clientes corporativos e usuários residenciais de maior renda. Na outra ponta, a empresa está revisando todos os contratos com seus fornecedores, a fim de reduzir ao máximo o aumento de custos operacionais e administrativos em 2006. Segundo o diretor financeiro, Charles Putz, nos meses que antecederam à posse da nova diretoria, houve um movimento anormal de renovação de contratos sem licitação. O resultado foi uma alta de 14% nos custos da BrT. Se não houvesse mais nenhum reajuste de custos neste ano, 2006 já começaria com um aumento inercial de gastos de 8% a 10%, decorrentes dos contratos renegociados pela antiga gestão. Agora, a revisão conseguiu reduzir essa inércia para, no máximo, 2%.

Investimentos

A BrT investirá entre 2,3 e 2,5 bilhões de reais no próximo ano, contra os 2 bilhões desembolsados neste ano. A maior parcela, 1,2 bilhão, irá para a telefonia fixa o mesmo valor deste ano. Já os serviços celulares receberão 500 milhões, contra 400 milhões em 2005. Os investimentos decorrentes das exigências regulatórias apresentarão o maior crescimento. Devem ser aplicados de 600 a 800 milhões para estes fins, contra 400 milhões neste ano. De acordo com Luiz Perrone, vice-presidente de Planejamento Estratégico e Regulatório, a cifra cresceu devido à necessidade de se adaptar às exigência da Anatel para operar o Aice (Acesso Individual Classe Especial espécie de telefone fixo pré-pago para baixa renda).

"Os investimentos irão ampliar a capacidade de tráfego da rede, não a sua abrangência, porque iremos buscar clientes de maior valor agregado, como os corporativos", diz Francisco Santiago, vice-presidente de Operações.

Knoepfelmacher não esconde a importância da telefonia celular para a empresa em 2006. Somente a migração de usuários para serviços móveis pós-pagos devem responder por 30% da queda do movimento da telefonia fixa da BrT em 2006. Por isso, a BrT também quer se fortalecer nesse mercado. A empresa deve terminar o ano com 2 milhões de assinantes, contra 1,7 milhão até setembro o que lhe garantiu 7% de participação de mercado, contra 5,9% no segundo trimestre. A BrT encerrará o ano com 28% de clientes pós-pagos. De acordo com Knoepfelmacher, para tornar essa operação lucrativa, a companhia buscará maior escala. "Em 2007, esperamos atingir 3,5 milhões de usuários", diz.

Disputa

Mas existe uma principal ameaça à fusão dos serviços fixos e móveis da BrT. Os acionistas da BrT precisam chegar a um acordo com a Telecom Itália para eliminar as sobreposições de licenças de operação móvel e de longa distância até outubro de 2006 prazo determinado pelo Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade).

Em meio às disputas que culminaram no afastamento do Banco Opportunity da administração da BrT, a operadora de telefonia anunciou, em abril, um acordo com a TIM visando encerrar as disputas societárias. Nele, estabeleceu-se o retorno dos italianos ao bloco de controle da BrT e a compra da parte do Opportunity pela Telecom Itália. Em julho, a Anatel prorrogou o prazo para a eliminação das superposições de licenças, concedido pelo Cade no final do ano passado, para outubro de 2006, por entender que os 18 meses só deveriam ser contados a partir do efetivo retorno dos italianos ao controle da BrT. "O prazo para a conclusão do acordo não nos assusta. O que não podemos é ficar à deriva, aguardando uma solução", diz Knoepfelmacher.

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