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Intensidade de investimento não garante inovação tecnológica

Em artigo publicado pelo jornal britânico Financial Times, pesquisador do MIT critica a concepção corrente de que a inovação depende apenas do volume de recursos aplicados na pesquisa

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h39.

Uma empresa é mais inovadora somente porque aplica mais recursos que sua concorrente? Ou um país é mais inovador porque a porcentagem de investimentos, sobre o PIB, é superior à de seu vizinho? As idéias tradicionais dos administradores de empresas e dos governantes tendem a afirmar que sim quanto maior a taxa de investimentos, mais avanço tecnológico será gerado. Mas, para Michael Schrage, pesquisador do prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), a resposta é não.

"O fato é que os gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) são um input, não uma medida de eficiência, efetividade ou produtividade. Criatividade, invenção e inovação raramente são funções do orçamento disponível", afirma Schrage em artigo publicado pelo jornal britânico Financial Times. Segundo o professor do MIT, se a porcentagem do faturamento aplicada em P&D fosse o único fator importante, a General Motors, uma das empresas que mais investem em tecnologia no mundo, não estaria atravessando um mau período de queda de vendas.

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Além disso, o mundo corporativo possui exemplos de como o volume de investimentos em P&D pesa menos que outros fatores para o sucesso da inovação. O grupo anglo-holandês Reckitt Benckiser, um dos líderes mundiais em produtos de limpeza, possui um faturamento anual de aproximadamente 8 bilhões de dólares, mas investe apenas 1% do dinheiro em inovação. Nem por isso a companhia deixa de ser vista como uma das mais inovadoras em seu setor. Mesmo a Apple desafiaria a noção de que o que importa é quanto dinheiro se tem para investir. O orçamento de 2004 da empresa para P&D correspondeu a 5,9% de seu faturamento. A taxa ficou abaixo da média da indústria de computação 7,6%. Apesar disso, a empresa emplacou sucessos como o tocador de música digital iPod.

"A qualidade da gestão dos recursos financeiros importa mais que o volume de dinheiro. Imaginar outra coisa é correr o risco de se desiludir", afirma Schrage. Um dos motivos é que o próprio avanço tecnológico barateia alguns custos de pesquisa. O professor do MIT lembra que, atualmente, 1 milhão de euros pode comprar muito mais capacidade de processamento de dados que há cinco anos, devido à melhoria dos computadores.

"Inovação não é o que a empresa inova, mas o que os clientes realmente adotam", afirma. Por esta lógica, Schrage defende que a efetividade da inovação não pode ser medida apenas pelo número de patentes registradas, mas pela quantidade de novos clientes que um novo produto agrega ao portfólio da empresa. "O crescimento da competição no mercado, e não o aumento das verbas de P&D, é o que dirige a inovação", afirma. "Uma política bem-sucedida de inovação é uma política de competição onde as empresas vejam a inovação como um investimento para se diferenciar lucrativamente", diz.

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