UE muda de lado e se opõe a controle dos EUA sobre internet
Para governo americano e empresas européias, diz The Wall Street Journal, controle de órgão vinculado à ONU vai politizar e burocratizar a web
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h21.
Um inesperado apoio da União Européia (UE) a países como Brasil, China, Índia e Cuba impulsionou o questionamento do controle exercido pelos Estados Unidos sobre a internet. A rede é administrada por uma organização sem fins lucrativos baseada na Califórnia -- a Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet (Icann, na sigla em inglês).
A Icann foi estabelecida pelo Departamento de Comércio americano em 1998 e possui um conselho consultivo internacional. Mas o governo dos Estados Unidos mantém até hoje poder de veto sobre todas as decisões, tais como a criação de novos domínios.
O argumento dos países emergentes contra tal situação é simples. Uma vez que a rede é global, nenhum país, isoladamente, deveria ter o poder de controlá-la. O melhor, portanto, seria que a internet fosse gerida por um órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo. O apoio europeu a essa tese representa uma mudança de posição. A UE vinha apoiando a continuidade da supervisão americana sobre a Icann.
Segundo reportagem desta quinta-feira (27/10) do diário americano The Wall Street Journal, a nova posição da UE foi recebido com uma tempestade de críticas de autoridades dos Estados Unidos e de dirigentes de empresas européias, "preocupados com que tal mudança leve a uma politização da internet, a burocratize e trave sua natureza inovadora".