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Muito sol e pouca água? Existe um painel solar para você

Em regiões áridas da Califórnia e da Austrália, assim como no Japão, uma quantidade cada vez maior de painéis que geram energia e conservam água é vista

Painéis fotovoltaicos, de silício, de meio milímetro de espessura colocados sobre reservatórios (Reprodução/Infratech Industries Inc)
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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2015 às 19h51.

De longe, eles se parecem um pouco com uma grande capa em mosaico para piscinas. São os painéis fotovoltaicos, wafers de silício de meio milímetro de espessura colocados sobre reservatórios. Sua função: gerar energia e conservar água .

Durante anos, essa tecnologia era apenas um produto de nicho. Agora, como a preocupação com a seca está aumentando em muitos lugares do planeta, parece que ela está deslanchando.

Em regiões áridas da Califórnia e da Austrália, assim como no Japão, onde a falta de espaço faz com que os terrenos valham mais, uma quantidade cada vez maior de painéis pode ser vista pontilhando a água.

Segundo a Infratech Industries Inc., uma desenvolvedora da tecnologia com sede em Sydney, esses painéis podem produzir quase 60 por cento de eletricidade a mais do que os parques solares em terra e reduzem a evaporação em 90 por cento.

Embora ainda representem menos de 1 por cento da energia gerada pelas instalações solares hoje, frente a cerca de zero há alguns anos, a Infratech projeta um crescimento muito maior na demanda pelos painéis flutuantes – em reservatórios e até sobre represas hidrelétricas – devido ao aumento das temperaturas mundiais.

“A água é uma commodity cujo valor só vai aumentar”, disse Felicia Whiting, diretora da Infratech, em entrevista por telefone.

Custo mais alto

No entanto, para que essa tecnologia continue ganhando participação no mercado, os produtores terão que superar o que talvez seja seu maior obstáculo: o custo mais alto de instalação e manutenção dos painéis em relação às unidades convencionais, o que poderia limitar sua difusão em regiões afetadas por secas ou muito povoadas.

A Kyocera Corp. e a Century Tokyo Leasing Corp. construíram três usinas em Hyogo, no Japão, com uma capacidade total de 5,2 megawatts, segundo um comunicado publicado em maio.

Um megawatt é suficiente para gerar energia a 357 casas japonesas, disse a Kyocera.

As usinas japonesas estão sendo desenvolvidas sobre a água em regiões que não têm terrenos suficientes para gerar energia com centrais elétricas, disse Hina Morioka, porta-voz da Kyocera em Kyoto, em resposta enviada por e-mail no dia 28 de maio.

Foram elaborados projetos para cerca de 30 reservatórios no Japão, que produziram cerca de 60 megawatts. Há pelo menos cinco usinas em funcionamento no Japão, com uma capacidade combinada de 7,4 megawatts, menos de 1 por cento da capacidade de energia solar instalada no país, que totaliza 23,3 gigawatts.

A Solar Power Inc., financiada pela LDK Solar Co., da China, está elaborando projetos nos EUA e no México.

A companhia se uniu à Aqua Clean Energy, com sede em San Diego, e identificou mais de 50 megawatts de potenciais usinas para lugares como a Califórnia, de acordo com um comunicado publicado em março.

Os painéis flutuantes ajudam a conservar água, cuja insuficiência está ameaçando a produção de café, amêndoas e outras commodities. Uma seca sem precedentes na Califórnia fez com que milhões de hectares de terras cultiváveis ficassem inativos.

Fonte de eletricidade

O sol poderia se transformar na maior fonte de eletricidade por volta de 2050, desde que os custos da energia solar possam ser reduzidos, disse a Agência Internacional de Energia, em setembro.

Os preços dos painéis baixaram cerca de dois terços desde 2010 devido ao excedente mundial da oferta impulsionado pela produção na China.

É possível que as instalações de painéis fotovoltaicos neste ano batam o recorde de 61 gigawatts, segundo a Bloomberg New Energy Finance (BNEF).

O Japão poderia adicionar mais de 12 gigawatts, e a China, 17 gigawatts. No mundo inteiro, as instalações poderiam chegar a 70 gigawatts no ano que vem, diz a BNEF.

A capacidade solar dos EUA cresceu 30 por cento, para mais de 20 gigawatts em 2014, e vai mais do que dobrar até o fim de 2016, diz a Associação de Setores da Energia Solar em Washington.

“Em países ou regiões onde, mais do que o custo, o terreno é o fator limitador para um sistema solar, talvez os painéis flutuantes encontrem um mercado mais amigável”, escreveu Jacqueline Lilinshtein, analista da BNEF em Nova York, em uma mensagem enviada por e-mail no dia 3 de junho.

São Paulo - O Dia Mundial da Água, celebrado anualmente em 22 de março, é um marco para chamar a atenção da sociedade para a conservação deste recurso tão precioso e cada vez mais escasso. Veja a seguir 20 dados que mostram porque ainda faltam motivos para comemorar.
  • 2. 748 milhões

    2 /18(REUTERS/Sigit Pamungkas)

  • Veja também

    Ainda hoje, cerca de 748 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a uma fonte segura de água potável.
  • 3. 40%

    3 /18(Thinkstock)

  • O planeta pode enfrentar um déficit de 40% no abastecimento de água até 2030, se não melhorarmos drasticamente a gestão deste recurso precioso.
  • 4. 2.5 bilhões (ou quase 3 em cada 7 habitantes)

    4 /18(Valter Campanato/ABr)

    Número de pessoas que não têm acesso ao saneamento básico adequado. Isso é quase 2/5 da população mundial. Mudar esse cenário é fundamental para promover a saúde e o desenvolvimento humano.
  • 5. 1,6 bilhão

    5 /18(Getty Images)

    Quantidade de pessoas que vivem em regiões que sofrem com escassez absoluta de água pelo menos uma vez por ano. Até 2025, dois terços da população mundial pode ser afetada pelas condições críticas de água. Nessas regiões, mulheres e crianças são as mais afetadas.
  • 6. 6 quilômetros

    6 /18(Getty Images)

    Essa é a distância que mulheres e meninas percorrem em média nas localidades rurais para buscar água nas regiões mais sedentas do mundo. E voltam carregando mais de 20 litros.
  • 7. 20 segundos

    7 /18(Zein Al-Rifai/AFP)

    A cada 20 segundos, uma criança morre de doenças diarreicas, em grande parte evitáveis por meio de saneamento adequado, melhor higiene e acesso a água segura. Por ano, 1,5 milhão de crianças morrem do mesmo problema.
  • 8. 80%

    8 /18(Getty Images)

    Porcentagem de doenças em países em desenvolvimento causadas por água não potável e saneamento precário, incluindo instalações de saneamento inadequadas
  • 9. 3,5 milhões

    9 /18(Getty Images)

    Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene, segundo a ONU. Mais pessoas morrem por conta de água contaminada e poluída do que de todas as formas de violência, inclusive guerras.
  • 10. 400%

    10 /18(Getty Images)

    A demanda por água para a fabricação de bens de consumo deverá crescer 400 por cento até 2050 (em relação os índices de 2000).
  • 11. 20%

    11 /18(Luigi Mamprin)

    As reservas subterrâneas têm diminuído. Estima-se que 20% delas são sobreexploradas, o que acarreta em deslizamentos de terras e intrusão de água salgada em áreas costeiras.
  • 12. 110 litros

    12 /18(REUTERS)

    De acordo com a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros de água por dia para atender suas necessidades de consumo e higiene. Em média, um americano consome 540 litros de água por dia. Na maioria dos países da Europa, o uso médio varia de 200 a 300 litros por pessoa, contra uma média de 15 litros em países como Moçambique.
  • 13. 1 bilhão

    13 /18(REUTERS/Rupak De Chowdhuri)

    Um em cada sete habitantes do globo ainda defeca e urina ao ar livre. O hábito é comum entre metade da população da Índia, que carece de serviços adequados de saneamento. Em pleno século 21, tem mais gente com um celular no mundo do que com um banheiro em casa.
  • 14. 443 milhões de dias

    14 /18(Reuters)

    É o tempo perdido de educação anual por conta de ausências na escola de crianças e jovens provocadas por doenças de veiculação hídrica.
  • 15. 2050

    15 /18(ChinaFotoPress/Getty Images)

    Em 2050, estima-se que 2,3 bilhões de pessoas viverão em áreas sujeitas a estresse hídrico severo.
  • 16. 20%

    16 /18(Arquivo/Agência Brasil)

    No total, a produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do Planeta. Mas esse número está aumentando e, em 2035, o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo prometem empurrar o consumo de água para geração de energia até 20%, segundo a ONU.
  • 17. 70%

    17 /18(Getty Images)

    A agricultura é a atividade que mais consome água, representando cerca de 70% da demanda mundial. Mas além de tornar a atividade mais eficiente no uso de água, é preciso reduzir o desperdício de alimentos - hoje, desperdiçamos nada menos do que um terço de tudo que se produz. É recurso precioso indo pro lixo.
  • 18. 8.835 desastres

    18 /18(Divulgação)

    A água é o principal meio através do qual a mudança climática influencia os ecossistemas da Terra e, portanto, o modo de vida e o bem-estar das sociedades. De 1970 a 2012, 8.835 desastres naturais causaram cerca de 1,94 milhão de mortes e danos econômicos de 2,3 trilhões de dólares globalmente, quase um Brasil em PIB, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
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