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Livros digitais ganham fôlego para avançar no Brasil

Maior oferta de títulos, aumento de vendas a taxas consideráveis e parcerias que devem mudar o cenário dos chamados "ebooks" no país

iBooks, da Apple (iBooks, da Apple)
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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2012 às 18h20.

São Paulo - À espera do desembarque da Amazon em território nacional, o mercado de livros digitais no Brasil vem tomando fôlego para avançar em um segmento ainda incipiente, apostando em maior oferta de títulos, aumento de vendas a taxas consideráveis e parcerias que devem mudar o cenário dos chamados "ebooks" no país.

Com grandes representantes globais do segmento se preparando para abocanhar uma fatia do promissor mercado brasileiro, hoje são as empresas nacionais que dominam o setor de livros digitais, que caminha a passos lentos e sofre pela ausência de dados sobre vendas, participação de mercado e relevância dentro do mercado de livros como um todo.

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Líder no setor de livrarias e maior vendedora de livros via Internet do país, a Saraiva ingressou em 2010 nos livros digitais, que a empresa acredita ser seu maior negócio.

"Vendemos 500 mil reais em livros digitais nos últimos 30 dias", disse o presidente-executivo da Saraiva, Marcílio Pousada. "E vamos aumentar esse patamar mensal." Com 12 mil títulos nacionais e 240 mil em inglês, a empresa espera encerrar este ano com mais de 15 mil nacionais e criou um aplicativo de leitura que, segundo o executivo, já supera 800 mil downloads.


"Temos um caminho a percorrer... O primeiro passo é ter acervo, acompanhando o lançamento de livros físicos, além de ter instrumentos poderosos de leitura e software adequado", disse.

Mais ousada, a Livraria Cultura apostou nos livros digitais em 2002, "no tempo certo e errado", segundo seu presidente-executivo, Sergio Herz. Com o mercado ainda pouco maduro, a companhia interrompeu a tentativa, que foi retomada em 2010.

Embora ainda represente uma parcela inexpressiva no faturamento da empresa, a Cultura estima que a receita com livros digitais aumente em 250 por cento este ano, consolidando a rede como a segunda maior de livros digitais do país em vendas, segundo Herz.

Apesar do otimismo, o presidente da Livraria Cultura cita questões tributárias como o maior entrave ao avanço dos ebooks no país.

"Os tablets no Brasil ainda são muito caros por impostos. O Brasil não é tão amigável para o segmento quanto lá fora... Aqui pago quase o mesmo valor do produto em impostos", afirmou Herz.

A Cultura firmou em meados de setembro uma parceria com a canadense Kobo e o número de títulos digitais oferecidos pela livraria no Brasil vai saltar dos atuais 330 mil para 3 milhões no início de novembro. A empresa também vai vender aqui os leitores digitais da Kobo. "Com a parceria, o cenário fica igual ou melhor que nos Estados Unidos", disse Herz.

Amazon no foco - Com exceção da rede francesa Fnac, que está presente no Brasil mas com participação muito pequena em livros digitais, o mercado tem voltado as atenções para a Amazon, que se prepara para instalar operações de venda de ebooks no país.

A estimativa inicial era de que o grupo norte-americano chegasse ao Brasil no atual trimestre, mas representantes do setor de comércio eletrônico já consideram que a estreia ocorra apenas no começo de 2013.

A entrada da Amazon no país deve se dar inicialmente apenas com seu tablet, o Kindle, e um catálogo de ebooks em português, disseram representantes de editoras locais e uma fonte da indústria a par dos planos à Reuters, em junho.

Com uma abordagem totalmente digital, em um primeiro momento, a Amazon minimizaria os riscos que uma estreia de maiores proporções implicariam num país com problemas notórios de infraestrutura.

Mas a expectativa em torno de tal estreia ganhou tons de especulação, com rumores de que a Amazon estaria buscando se associar a um grupo local para entrar no Brasil com mais força.

A líder em comércio eletrônico B2W e a própria Saraiva foram os dois principais alvos de especulações.

"É natural que qualquer empresa internacional procure o líder do mercado onde vai entrar, e sempre estamos abertos a ouvir", disse Pousada, da Saraiva, negando a existência de negociações no momento. "É mais um que vem tentar vender livros digitais e participar desse mercado." No mesmo sentido, Herz, da Cultura, vê a chegada da Amazon como favorável ao setor. "Prefiro a Amazon no Brasil, jogando nas mesmas condições. Hoje os brasileiros já compram lá, mas ela não lida com os problemas que lidamos aqui." A parceria com a Kobo, segundo ele, foi impulsionada pela necessidade de ganhar forças para competir com a nova rival. "Sozinhos, não concorreríamos com a Amazon", assinalou.

DESAFIO DO VAREJO FÍSICO Se fossem reunidos em uma única loja física, os livros digitais vendidos pela Saraiva ocupariam hoje a 11a posição entre as 102 lojas da rede em termos de volume. Em janeiro, estavam na 79a colocação e, no mês passado, na 49a.

Esse avanço crescente favorece os ebooks e, ao mesmo tempo, cria incertezas quanto à força do varejo físico.

"A loja física está em xeque, perdeu importância no varejo global... Existe muito ponto de venda no mundo para pouco consumidor", afirmou Herz, da Cultura, que vê espaço para crescer em lojas físicas, porém com mais critério.

"A livraria se tornou uma experiência de entretenimento, muito mais que pelo produto", disse. "O futuro das livrarias é oferecer atrativos", finalizou.

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