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Humane enfrenta devoluções e mudanças na liderança após fracasso de dispositivo com IA

Os dados mostram que, entre maio e agosto, mais de 8 mil unidades do AI Pin foram devolvidas e apenas 7 mil permanecem com os clientes

 (Humane/Divulgação)

(Humane/Divulgação)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 16h10.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 16h27.

Quando foi lançado, a revista Time nomeou o AI Pin como uma das melhores invenções de 2023. A empresa, que arrecadou US$ 240 milhões de investidores como Sam Altman, da OpenAI, e Marc Benioff, da Salesforce, tinha uma previsão de vender 100 mil unidades. Mas nada saiu como planejado desde então.

Como explica o “pin” do seu nome, o dispositivo foi usado como um broche na roupa. A ideia é ter pregado no corpo um chatbot que te ajuda — na teoria — em tarefas diárias.

Por que o AI Pin se tornou o maior fracasso de 2024

O problema é que o produto não parece funcionar como prometido. Entre maio e agosto, de acordo com dados internos de vendas obtidos pelo site especializado The Verge, a empresa vendeu US$ 9 milhões em produtos, mas já amarga US$ 1 milhão em devoluções.

Com o fracasso de sua proposta em inteligência artificial, a Humane está tentando estabilizar suas operações e manter a confiança entre funcionários e potenciais compradores. Em junho, o The New York Times relatou que a HP está considerando comprar a empresa, e na semana passada o The Information informou que a Humane está negociando com seus atuais investidores para levantar dívida, que poderia ser convertida em ações no futuro.

Problema de design

Uma vez que um AI Pin é devolvido, a empresa não tem como reformá-lo. O Pin se tornaria lixo eletrônico, e a Humane não tem a oportunidade de recuperar a receita vendendo-o novamente.

O problema central é uma limitação da telecom T-Mobile, que faz o serviço de conexão do dispositivo, e que torna impossível (por enquanto) para a Humane reatribuir um Pin a um novo usuário uma vez que ele foi atribuído a alguém.

Mas, aparentemente, a empresa já sabia disso antes de lançar. A liderança parece ter ignorado alguns sinais de alerta sobre seu produto ainda no desenvolvimento.

Após um pequeno grupo de testadores — que incluía os pais e amigos dos cofundadores, vários investidores e funcionários — receberem os Pins antes do lançamento público do dispositivo, muitos expressaram preocupações sobre o produto. Um testador contatou o suporte ao cliente para descrever o produto como "desorientador" e "frustrante" e descreveu as muitas maneiras pelas quais o produto falhou em replicar as habilidades mostradas nos vídeos de demonstração.

O problema se estende agora no fato de que parte dos executivos de alto escalão está deixando a empresa. Nos últimos meses, houve uma rotatividade notável. A diretora de experiência do cliente, Tori Geiken, o vice-presidente de engenharia Jeremy Werner, o ex-CTO Patrick Gates e o chefe de engenharia de produto Ken Kocienda, todos deixaram a Humane sem muita explicação para sua equipe. Sinal de que a situação ainda pode piorar.

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