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Estudo aponta riscos de meningite transmitida por moluscos

Transmitida por moluscos, uma nova forma de meningite já foi diagnosticada em seis estados do Brasil

Caramujo gigante africano: molusco está espalhando uma nova forma de meningite (Jean Marconi/Flickr/Creative Commons)

Caramujo gigante africano: molusco está espalhando uma nova forma de meningite (Jean Marconi/Flickr/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 18h41.

São Paulo - Uma nova forma de meningite está se espalhando pelo Brasil nos últimos anos e exige atenção das autoridades do setor de saúde.

Transmitida principalmente por moluscos, incluindo o caramujo gigante africano, a infecção é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis.

Chamada de meningite eosinofílica ou angiostrongilíase cerebral, ela já foi diagnosticada em seis Estados, nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. 

O levantamento dos casos da doença faz parte de um estudo de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e da Universidade de Khon Kaen, da Tailândia - e foi publicado na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

Considerando que o verme foi detectado no Brasil há menos de dez anos, os autores ressaltam que os profissionais de saúde precisam estar atentos para identificar novos casos e a população deve adotar medidas de prevenção simples - principalmente no contato com caramujos.

Originário da Ásia, o A. cantonensis foi associado a um caso de meningite pela primeira vez no território brasileiro em 2006, informa o portal da Fundação Oswaldo Cruz.

Desde então, foram confirmados 34 casos da infecção em pacientes de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, com um óbito.

Um dos autores da pesquisa, o médico Carlos Graeff-Teixeira, da PUC-RS, afirma que a chegada da doença era esperada por causa das características do verme.

"Esse parasito é próprio de roedores, especialmente da ratazana, um animal que tem capacidade de sobreviver em praticamente qualquer ambiente e também costuma viajar nos navios. O aumento do transporte marítimo entre os países propicia a introdução do verme em novas áreas", explica.

No Brasil, a disseminação do parasito é favorecida pelo grande número de moluscos, em especial da espécie Achatina fulica - o chamado caramujo gigante africano, que se tornou uma praga no País.

Assim como os ratos, os moluscos fazem parte do ciclo de vida do verme.

Introduzido no Brasil na década de 1980, o caramujo gigante africano é encontrado hoje em 25 Estados e no Distrito Federal. A única área do país onde o molusco ainda não foi identificado é o Estado do Rio Grande do Sul.

Dados compilados pelos pesquisadores do IOC e da PUC-RS mostram que em 11 Estados já foram coletados caramujos desta espécie infectados pelo verme.

Ou seja: ainda que nem todos os Estados tenham registrado casos até o momento, há potencial para a transmissão da doença. 

Medidas de prevenção

No sudeste da Ásia, o hábito de comer moluscos crus é um dos principais fatores para a disseminação da meningite eosinofílica. Já no Brasil, a infecção costuma ocorrer por meio da ingestão acidental destes animais ou do muco liberado por eles.

O consumo de verduras, legumes e frutas crus sem a higienização adequada também pode levar à infecção, uma vez que os moluscos liberam muco sobre os alimentos e também podem acabar sendo cortados e ingeridos despercebidamente junto com saladas ou temperos.

Apanhar os caramujos é a principal medida recomendada para eliminá-los. Os próprios moradores podem fazer a limpeza de quintais e hortas infestados, adotando medidas de precaução.

É obrigatório, porém, evitar o contato dos moluscos com as mãos. "Na ausência de luvas, pode-se usar um saco plástico para proteger a pele", ensina a bióloga Silvana Thiengo, uma das autoras do artigo.

Silvana acrescenta que é importante recolher também os ovos, que costumam ficar semienterrados.

Os animais e ovos recolhidos devem ser colocados em um recipiente, como balde ou bacia, e submersos em solução preparada com uma parte de hipoclorito de sódio (água sanitária) para três de água.

Após 24 horas de imersão, a solução pode ser dispensada e as conchas devem ser colocadas em um saco plástico e descartadas no lixo comum.

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