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Elevação do nível do mar será maior do que o previsto

Alta das águas pode superar os 80 cm no fim do século, segundo versão provisória do resumo do IPCC, painel da ONU sobre clima, que ainda pode ser modificada


	Ondas são vistas no rio Hudson, em NY, com chegada do furacão Sandy em 29 de outubro de 2012
 (Timothy A. Clary/AFP)

Ondas são vistas no rio Hudson, em NY, com chegada do furacão Sandy em 29 de outubro de 2012 (Timothy A. Clary/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h51.

Estocolmo - Especialistas revisarão para cima a elevação do nível do mar esperada para o próximo século na sexta-feira, durante a conferência sobre o clima em Estocolmo, alertando para uma ameaça importante provocada pelas mudanças climáticas que não deve preocupar apenas os atóis do Pacífico.

Em 2007, em seu relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) avaliou que a alta média dos oceanos poderia alcançar entre 18 e 59 centímetros em 2100.

Em sua nova análise sobre o estado do planeta, que terá sua primeira parte publicada na sexta-feira, a organização científica revisará estes números para cima, referindo-se a uma alta das águas que pode superar os 80 cm no fim do século, segundo versão provisória do resumo que ainda pode ser modificada.

O tema, evidentemente, é vital para muitos Estados insulares do Pacífico, como Tuvalu, Maldivas e Kiribati.

Mas também diz respeito, potencialmente, a dezenas de milhões de pessoas que vivem nas metrópoles costeiras e nos grandes deltas.

Um estudo recente, publicado na revista Nature Climate Change, calcula o potencial impacto econômico das inundações nas 136 cidades costeiras com mais de um milhão de habitantes: o custo poderia superar em 2050 o bilhão de dólares, se nada for feito para protegê-las.

Diante de semelhante consequência, o IPCC tenta adotar respostas cada vez mais precisas.

"Reduzimos atualmente a margem de incerteza de forma considerável", informou à AFP Anny Cazenave, especialista em observação dos oceanos no Laboratório Francês de Estudos em Geofísica e Oceanografia Espacial (Legos).


Globalmente, a elevação do nível do mar se acelerou há 20 anos, constatam os climatologistas: 3,2 mm anuais em média nos últimos 20 anos contra 1,7 mm em média entre 1901 e 2010.

Agora, leva-se mais em consideração um fenômeno insuficientemente conhecido em 2007: o deslizamento nos mares das geleiras costeiras da Groenlândia e da Antártica, indicou Cazenave, co-autora, como em 2007, do capítulo sobre o mar do novo relatório do IPCC.

De acordo com estudos mais recentes, as calotas da Groenlândia e da Antártica teriam contribuído em pouco menos de um terço da elevação do nível do mar há 20 anos. O resto se distribui entre a dilatação térmica e o derretimento das geleiras de montanhas.

Ainda é possível fazer avanços na forma de regsitrar a grande variabilidade regional da elevação das águas.

Essa variabilidade se deve às diferenças na expansão térmica, mas também aos movimentos da crosta terrestre. Em algumas regiões, o solo tem a tendência de afundar, por exemplo, por causa do bombeamento da água ou da exploração do petróleo, tornando estas regiões ainda mais vulneráveis.

Segundo os cientistas, esse é o caso da costa leste dos Estados Unidos, onde o mar sobe mais rápido do que do outro lado do Atlântico.

Em algumas regiões, o aumento do nível do mar seria "dez vezes mais rápido do que a média", declarou recentemente o geofísico Jerry Mitrovica à revista Nature.

Essas respostas científicas são mais esperadas do que nunca pelas autoridades políticas e econômicas.

"As pessoas encarregadas de tomar decisões se sentem com frequência desorientadas quando há 25 estudos que oferecem resultados diferentes", afirmou Stephane Hallegate, economista do Banco Mundial e especialista em clima.

"O relatório do IPCC vai esclarecer o estado do conhecimento, destacando os estudos mais sólidos", acrescentou.

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