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Compartilhar arte também é uma missão do Google, diz diretor

Nesta semana, o Google Cultural Institute disponibilizou mais 700 itens de quatro museus nacionais para a visita virtual

Google Cultial Institute: o gigante das buscas promove o acesso à informação gratuita linkando sites com sua ferramenta de buscas online (Lucas Agrela/Info Online)

Lucas Agrela

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 08h52.

São Paulo - O Google Cultural Institute é uma divisão da gigante das buscas dedicada a compartilhar obras de arte e itens históricos de museus em todo o mundo. O diretor global do projeto é o brasileiro Victor Ribeiro, que comanda as operações do instituto de Paris, na França.

Nesta semana, o Google Cultural Institute disponibilizou mais 700 itens de quatro museus nacionais para a visita virtual. São galerias do Instituto Inhotim, Fundação Iberê Camargo, Instituto Moreira Salles e Museu da Imagem e Som de São Paulo. As organizações se unem à coleção digital que já contava com o acervo do MAM, da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu da Língua Portuguesa.

Para Ribeiro, compartilhar a arte também é uma missão do Google, que promove o acesso à informação gratuita linkando sites com sua ferramenta de buscas online.

Como surgiu essa ideia e quanto tempo ela levou para se tornar realidade?

Ela surgiu em 2011. Havia um grupo de “googlers” [funcionários do Google] apaixonado por arte e eles queriam fazer alguma coisa complementar relacionada à arte, algo que ainda não existisse. E eles falaram com os chefes deles, que gostaram da ideia e o projeto começou com 20% da capacidade que ele pode ter, que é o que ainda temos hoje. Eles investiram nessa ideia durante um tempo até que começou o Art Project, que tinha inicialmente 17 instituições. Com o passar do tempo, o Google notou que isso também está conectado na missão global da empresa, que é promover e democratizar o acesso à informação, universalizar de forma útil.

O que fazemos é trabalhar com a informação cultural. Esse é um setor secular e o Google notou de cara que é necessária uma abordagem diferente. Por isso, a empresa trabalha muito em parceria com as instituições cujos acervos vamos disponibilizar na internet para que esse material tivesse acesso gratuito, por conta da natureza do Google e da crença de vários artistas. Isso é um ganho para o mundo inteiro.


Quantos museus estão disponíveis para a visita virtual no Street View?

São cerca de 100. Brasileiros são cinco. O Cultural Institute tem itens de oito instituições nacionais digitalizados online, mas nem todas as visitas estão disponíveis no Street View, como é o caso do Museu de Imagem e Som, do da Língua Portuguesa e do Museu do Futebol.

Você é brasileiro, a mudança para Paris foi para ficar mais próximo das grandes instituições culturais?

Foi definido que a sede do Cultural Institute seria em Paris. Essa cidade é um berço cultural da humanidade, que respira cultura, como muitos sabem. Isso foi determinante para a escolha do local da sede. Mas também temos funcionários que trabalham em Londres, na Inglaterra, e em diversos outros pontos do mundo. Quando eu recebi o convite único de liderar o projeto globalmente aceitei com muito prazer e tive que me mudar para Paris.

O Cultural Institute está presente em quantos países?

Ele está presente em 50 países, mas não temos necessariamente funcionários específicos em cada um deles. Por exemplo, no Brasil, não temos uma equipe dedicada somente a isso. Mas temos colaboradores locais que sabem o que é relevante para a cultura do local. É muito difícil tentar definir isso estando em Paris. É uma tarefa descentralizada, mas todos os países têm alguém que dedica parte do seu tempo de trabalho para o Cultural Institute. Mas não há uma regra, às vezes uma instituição entra em contato conosco por conta própria e nós reagimos ao pedido da forma mais adequada e viável.


Então os institutos não têm nenhum custo para disponibilizar um acervo artístico no Cultural Institute, somente o Google investe para oferecer a visita virtual a esses itens históricos?

Sim, tudo é grátis, somente o Google investe para viabilizar isso. Nossa equipe de fotografia própria registra os locais e outra equipe trata e disponibiliza as imagens. Mas também existe um trabalho de curadoria dos institutos, é de fato uma parceria: eles entram com o capital humano e nós com a tecnologia, algo em que investimos continuamente.

Você poderia estimar o quanto já foi gasto para disponibilizar essas galerias artísticas na internet?

Infelizmente, nós não comentamos valores, mas é mais do que se pode imaginar.

Quantas pessoas são necessárias para registrar as imagens de um museu e quanto tempo leva essa tarefa?

Depende do local, do tamanho. Com o Instituto Inhotim nós aprendemos muitas coisas, foi um trabalho sensacional. Lã, registramos imagens internas e externas em um mesmo espaço. E os ambientes externos tinham paralelepípedos, então houve uma série de coisas que tivemos que considerar. Não há uma regra, mas esse trabalho de fotografia pode levar um dia ou duas semanas e às vezes é preciso refazer algumas imagens. Toda essa tecnologia ainda é muito nova, tem pouco mais de dois anos, então ainda estamos aprendendo a ajustar a luminosidade e outras questões para captar fotos com a melhor qualidade possível.


São funcionários do próprio Google que fotogram os museus ou o serviço é terceirizado?

Eles são do Google mesmo. Temos parcerias com unidades da empresa em todo o mundo, então há um número exato da equipe do Cultural Institute que realiza esse trabalho.

A tecnologia de captura das imagens de museus é a mesma do Street View?

Sim, mas temos a diferença de fotografar em ambientes internos. Na rua, usamos várias técnicas para amenizar as diferenças de luminosidade. Quando vamos para um local interno e fotografamos arte, a coisa muda de figura. Tivemos que aperfeiçoar muitas coisas. Mas, basicamente, a tecnologia conta com um tracker que tem 16 câmeras. As imagens captadas são renderizadas, tratadas e acopladas por um software. Outro ponto é que não temos o recurso de localização por GPS, como acontece no Street View. Então, é preciso tomar cuidado com o registro de localização das imagens.

Quais são as expectativas para 2014? Há uma previsão de quantos museus serão incluídos no projeto?

Nós prezamos muito pela qualidade. Queremos crescer, mas com cuidado, sempre em parceria com centros culturais. Não posso revelar muito sobre os planos do Google, mas estou extremamente animado, tem muita coisa acontecendo, uma deles em breve em Paris. Uma curiosidade é que muitas pessoas que moram em Paris não vão aos museus, então esse trabalho também funciona localmente para que as pessoas redescubram o que está ao redor das pessoas. Isso se reflete no aumento da visita a museus, que cresce a uma taxa de mais de 10% ao ano, mesmo nesse período de crise na economia. O Brasil mesmo teve um exposição recordista de visitantes diários, que aconteceu no Centro Cultural do Banco do Brasil em 2012, todo mundo comenta disso na Europa. Então, basicamente, acredito que 2014 será um ano muito bom para o Cultural Institute.

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São Paulo - O Google Cultural Institute é uma divisão da gigante das buscas dedicada a compartilhar obras de arte e itens históricos de museus em todo o mundo. O diretor global do projeto é o brasileiro Victor Ribeiro, que comanda as operações do instituto de Paris, na França.

Nesta semana, o Google Cultural Institute disponibilizou mais 700 itens de quatro museus nacionais para a visita virtual. São galerias do Instituto Inhotim, Fundação Iberê Camargo, Instituto Moreira Salles e Museu da Imagem e Som de São Paulo. As organizações se unem à coleção digital que já contava com o acervo do MAM, da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu da Língua Portuguesa.

Para Ribeiro, compartilhar a arte também é uma missão do Google, que promove o acesso à informação gratuita linkando sites com sua ferramenta de buscas online.

Como surgiu essa ideia e quanto tempo ela levou para se tornar realidade?

Ela surgiu em 2011. Havia um grupo de “googlers” [funcionários do Google] apaixonado por arte e eles queriam fazer alguma coisa complementar relacionada à arte, algo que ainda não existisse. E eles falaram com os chefes deles, que gostaram da ideia e o projeto começou com 20% da capacidade que ele pode ter, que é o que ainda temos hoje. Eles investiram nessa ideia durante um tempo até que começou o Art Project, que tinha inicialmente 17 instituições. Com o passar do tempo, o Google notou que isso também está conectado na missão global da empresa, que é promover e democratizar o acesso à informação, universalizar de forma útil.

O que fazemos é trabalhar com a informação cultural. Esse é um setor secular e o Google notou de cara que é necessária uma abordagem diferente. Por isso, a empresa trabalha muito em parceria com as instituições cujos acervos vamos disponibilizar na internet para que esse material tivesse acesso gratuito, por conta da natureza do Google e da crença de vários artistas. Isso é um ganho para o mundo inteiro.


Quantos museus estão disponíveis para a visita virtual no Street View?

São cerca de 100. Brasileiros são cinco. O Cultural Institute tem itens de oito instituições nacionais digitalizados online, mas nem todas as visitas estão disponíveis no Street View, como é o caso do Museu de Imagem e Som, do da Língua Portuguesa e do Museu do Futebol.

Você é brasileiro, a mudança para Paris foi para ficar mais próximo das grandes instituições culturais?

Foi definido que a sede do Cultural Institute seria em Paris. Essa cidade é um berço cultural da humanidade, que respira cultura, como muitos sabem. Isso foi determinante para a escolha do local da sede. Mas também temos funcionários que trabalham em Londres, na Inglaterra, e em diversos outros pontos do mundo. Quando eu recebi o convite único de liderar o projeto globalmente aceitei com muito prazer e tive que me mudar para Paris.

O Cultural Institute está presente em quantos países?

Ele está presente em 50 países, mas não temos necessariamente funcionários específicos em cada um deles. Por exemplo, no Brasil, não temos uma equipe dedicada somente a isso. Mas temos colaboradores locais que sabem o que é relevante para a cultura do local. É muito difícil tentar definir isso estando em Paris. É uma tarefa descentralizada, mas todos os países têm alguém que dedica parte do seu tempo de trabalho para o Cultural Institute. Mas não há uma regra, às vezes uma instituição entra em contato conosco por conta própria e nós reagimos ao pedido da forma mais adequada e viável.


Então os institutos não têm nenhum custo para disponibilizar um acervo artístico no Cultural Institute, somente o Google investe para oferecer a visita virtual a esses itens históricos?

Sim, tudo é grátis, somente o Google investe para viabilizar isso. Nossa equipe de fotografia própria registra os locais e outra equipe trata e disponibiliza as imagens. Mas também existe um trabalho de curadoria dos institutos, é de fato uma parceria: eles entram com o capital humano e nós com a tecnologia, algo em que investimos continuamente.

Você poderia estimar o quanto já foi gasto para disponibilizar essas galerias artísticas na internet?

Infelizmente, nós não comentamos valores, mas é mais do que se pode imaginar.

Quantas pessoas são necessárias para registrar as imagens de um museu e quanto tempo leva essa tarefa?

Depende do local, do tamanho. Com o Instituto Inhotim nós aprendemos muitas coisas, foi um trabalho sensacional. Lã, registramos imagens internas e externas em um mesmo espaço. E os ambientes externos tinham paralelepípedos, então houve uma série de coisas que tivemos que considerar. Não há uma regra, mas esse trabalho de fotografia pode levar um dia ou duas semanas e às vezes é preciso refazer algumas imagens. Toda essa tecnologia ainda é muito nova, tem pouco mais de dois anos, então ainda estamos aprendendo a ajustar a luminosidade e outras questões para captar fotos com a melhor qualidade possível.


São funcionários do próprio Google que fotogram os museus ou o serviço é terceirizado?

Eles são do Google mesmo. Temos parcerias com unidades da empresa em todo o mundo, então há um número exato da equipe do Cultural Institute que realiza esse trabalho.

A tecnologia de captura das imagens de museus é a mesma do Street View?

Sim, mas temos a diferença de fotografar em ambientes internos. Na rua, usamos várias técnicas para amenizar as diferenças de luminosidade. Quando vamos para um local interno e fotografamos arte, a coisa muda de figura. Tivemos que aperfeiçoar muitas coisas. Mas, basicamente, a tecnologia conta com um tracker que tem 16 câmeras. As imagens captadas são renderizadas, tratadas e acopladas por um software. Outro ponto é que não temos o recurso de localização por GPS, como acontece no Street View. Então, é preciso tomar cuidado com o registro de localização das imagens.

Quais são as expectativas para 2014? Há uma previsão de quantos museus serão incluídos no projeto?

Nós prezamos muito pela qualidade. Queremos crescer, mas com cuidado, sempre em parceria com centros culturais. Não posso revelar muito sobre os planos do Google, mas estou extremamente animado, tem muita coisa acontecendo, uma deles em breve em Paris. Uma curiosidade é que muitas pessoas que moram em Paris não vão aos museus, então esse trabalho também funciona localmente para que as pessoas redescubram o que está ao redor das pessoas. Isso se reflete no aumento da visita a museus, que cresce a uma taxa de mais de 10% ao ano, mesmo nesse período de crise na economia. O Brasil mesmo teve um exposição recordista de visitantes diários, que aconteceu no Centro Cultural do Banco do Brasil em 2012, todo mundo comenta disso na Europa. Então, basicamente, acredito que 2014 será um ano muito bom para o Cultural Institute.

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