Comércio eletrônico dá sinais de amadurecimento no Brasil
Pesquisa da FGV mostra que as empresas estão utilizando a tecnologia para conectar cada vez mais suas cadeias produtivas
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h21.
O aumento do comércio eletrônico no Brasil ultrapassou a barreira dos 100% em 2002, de acordo com a quinta edição da Pesquisa FGV de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro. Ao todo, mais de 7 bilhões de dólares foram comercializados eletronicamente no país, em comparação aos 3,4 bilhões movimentados em 2001. No entanto, o que mais chama atenção é o amadurecimento que o mercado começa a mostrar em relação à internet.
Prova disso, foi o crescimento da integração eletrônica das cadeias de suprimentos. Cerca de 55% das empresas pesquisadas afirmaram ter iniciado a integração eletrônica de seus processos com empresas fornecedoras e clientes. Em 2001, esse índice não chegava aos 45%.
Houve também uma sensível melhora de qualidade no formato de troca de informações eletrônicas entre as empresas. Em 2001, apenas 20% dos entrevistados disseram trabalhar com formulários eletrônicos para fazer pedidos de compras. No ano passado, 32% das empresas afirmaram trabalhar com esse tipo de recurso, que começa a substituir os pedidos feitos via e-mail.
Outro elemento que revela o amadurecimento do mercado é a percepção das contribuições que o comércio eletrônico pode trazer às empresas. A idéia de que a internet conseguiria promover a tão sonhada personalização de produtos para grandes massas de clientes, foi abandonada. De acordo com os executivos que responderam à pesquisa, o principal potencial da internet está no incremento do relacionamento com o cliente, no apoio a estratégias competitivas e na exploração de novas oportunidades de negócio.
Segundo Alberto Luiz Albertin, coordenador da pesquisa, as 420 empresas ouvidas não aumentaram expressivamente seus níveis de gastos e investimentos em comércio eletrônico. "A percepção de que o comércio eletrônico é uma grande evolução e não uma revolução está, de fato, sedimentada entre as empresas", afirma Albertin. Do total comercializado entre as empresas, 2,39% foram transacionados pela internet. No varejo, o índice foi de 0,79%.
Também divulgada nesta quarta-feira (19/03), a 14ª Pesquisa do Mercado Brasileiro de Informática e Seu Uso nas Empresas, também realizada pela FGV, revelou um cenário mais positivo em relação a 2002 do que o demonstrado até agora pelos demais institutos de pesquisa.
A venda de microcomputadores, por exemplo, foi de 4,4 milhões de unidades, um aumento de 10% em relação às vendas de 2001. Com isso, o número de PCs instalados nas empresas e utilizados por usuários domésticos é de cerca de 17 milhões. Vale lembrar que na primeira versão da pesquisa, em 1988, o Brasil contava com apenas um milhão de microcomputadores. Segundo Fernando Meirelles, coordenador da pesquisa, a estimativa é de que as vendas em 2003 fiquem no mesmo nível de 2002.