Aposta no novo luxo
São Paulo, 17/01 (EXAME) -O paulistano Felipe (Lipe) Medeiros, de 33 anos, e a brasiliense Ana Abdul, de 32, abriram a Language com o dinheiro da venda de um terreno na Praia Preta, no litoral norte de São Paulo. A idéia era criar uma loja baseada no conceito de "novo luxo", que misturasse roupas, acessórios, […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h21.
São Paulo, 17/01 (EXAME) -O paulistano Felipe (Lipe) Medeiros, de 33 anos, e a brasiliense Ana Abdul, de 32, abriram a Language com o dinheiro da venda de um terreno na Praia Preta, no litoral norte de São Paulo. A idéia era criar uma loja baseada no conceito de "novo luxo", que misturasse roupas, acessórios, objetos de arte e móveis. Nada com os preços exorbitantes de uma Louis Vuitton, Gucci ou Prada. A idéia era buscar a assinatura de designers pouco conhecidos ou anônimos.
A garimpagem era feita pessoalmente por Ana, que, embora nunca tivesse trabalhado com moda, é artista plástica. Ela saiu mundo afora pesquisando objetos para vender em sua loja, desde França e Inglaterra até Indonésia e Tailândia. O projeto foi estudado por um ano e acabou consumindo, em vez da metade estimada, todo o dinheiro do casal.
No começo, os brasileiros tinham dificuldade em explicar quem eram, onde ficava a loja e tinham até mesmo de soletrar seus nomes. Mas a idéia era boa e, depois de caírem nas graças dos editores de moda americanos, italianos e japoneses, passaram a ser procurados por grifes como Versace, que tentou por duas vezes colocar seus produtos à venda na Language. Pasme: Medeiros e Ana recusaram os modelitos. "Não por que não gostemos do que eles fazem, mas não tem a ver com o conceito da loja", diz Medeiros.
Pelo menos por enquanto, os brasileiros estão ganhando suas apostas. O bairro que escolheram para sediar a loja foi uma delas. NoLita (Norte de Little Italy) passou de região decadente de Manhattan a um dos pontos mais cult da cidade, no final da década de 90. A Language foi a primeira loja da agora badaladíssima Mulderry Street. Fica em frente ao antigo quartel general do mafioso John Gotti, um dos últimos criminosos pegos pelo então promotor Rudolph Giuliani, que se tornaria prefeito da cidade.
Na entressafra entre a prisão dos mafiosos e o renascimento comercial, o bairro estava tomado pelo lixo. "Decidimos por NoLita porque era mais barato, porém era muito bem localizado", diz Medeiros. "O Soho, que fica muito próximo, era inviável na época, e também não combina com nosso estilo por ser muito comercial."