Ilustração mostra o planeta Gliese 581g e outros exoplanetas ao redor da estrela (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h48.
São Paulo - Astrônomos anunciaram a descoberta do primeiro planeta no qual existe a possibilidade para o desenvolvimento de vida.
Após 11 anos de análises do Observatório W. M. Keck, no Havaí, um dos maiores telescópios ópticos do mundo, uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia e do Instituto Carnegie de Washington anunciou a descoberta de dois novos corpos ao redor da estrelas, sendo um deles na chamada "zona habitável".
O Gliese 581g é um exoplaneta, assim chamado porque orbita uma estrela que não o nosso Sol.
Sua órbita tem pouco menos de 37 dias e sua massa é de três ou quatro Terras, o que indica se tratar de um planeta rochoso, com gravidade o suficiente para que as coisas fiquem na atmosfera. Seu diâmetro é de 1,2 a 1,4 vezes o do nosso planeta.
A distância do exoplaneta para seu sol permite a existência da água em estado líquido na superfície. Se confirmada, essa descoberta faria do Gliese 581g o local mais parecido com a Terra já encontrado e o caso mais forte de local potencialmente habitável.
Vale dizer que, para os astrônomos, "potencialmente habitável" é um local que pode ter vida, e não necessariamente um no qual humanos sobreviveriam. A "habitabilidade" depende de muitos fatores, mas ter água liquida e uma atmosfera estão entre os principais.
Dias e noites eternos
Os dois novos exoplanetas descobertos orbitam uma estrela anã-vermelha a apenas 20 anos-luz da Terra, na constelação de Libra, chamada, justamente, Gliese 581. No total, agora são seis os planetas conhecidos ao redor do astro todos com órbitas quase circulares.
Dois de seus planetas estão na chamada "borda" da zona habitável. O planeta "c", pendendo para o lado quente (próximo demais à estrela), e o planeta "d", do lado frio (longe demais do astro). Alguns astrônomos acham que este último poderia ser habitável, pois tem uma atmosfera espessa com efeito estufa suficiente para aquecê-lo. O recém descoberto planeta g, no entanto, está bem no meio dessa zona habitável.
No entanto, ele tem uma característica curiosa: sua orbita presa á da estrela. Assim, um lado do Gliese 581g está sempre voltado para seu sol, enquanto o outro está sempre no escuro. A zona mais habitável do exoplaneta seria exatamente a linha do meio, entre o dia e a noite.
A pesquisa foi patrocinada pela NASA e pela National Science Foundation.
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