Musk: companhia CBMM está em conversas com cerca de 20 montadoras, incluindo a americana Tesla (Paul Hennessy / SOPA Images/Getty Images)
Juliana Estigarribia
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 05h11.
A maior produtora de nióbio do mundo, a brasileira CBMM, está se preparando para disputar o valioso mercado de baterias para veículos elétricos, um dos negócios mais promissores da próxima década. A companhia está em conversas com cerca de 20 montadoras, incluindo a americana Tesla, do empreendedor Elon Musk, para o fornecimento de 1.000 células de baterias de óxido de nióbio para testes em campo.
As células deverão ser produzidas até o final deste ano em parceria com a Toshiba. A expectativa é que os testes comecem em 2021 e a comercialização do produto ocorra a partir de 2023. A estratégia da CBMM no segmento inclui investimentos de aproximadamente 50 milhões de reais por ano somente em pesquisa e desenvolvimento de baterias.
Paralelamente, a companhia de Araxá, Minas Gerais, quer cortar caminho nessa corrida global: está negociando a compra de três startups do ramo de baterias automotivas, uma americana e duas britânicas. Também adquiriu, recentemente, 26% da startup 2DM, de Singapura, referência em grafeno, uma das formas cristalinas do carbono, que tem grande sinergia com o nióbio. Atualmente, são 40 projetos na área.
“Com essas aquisições, vamos acelerar o conhecimento. Nosso principal desafio é a corrida contra o tempo para viabilizar a bateria em larga escala, e nesse quesito temos obtido resultados excelentes”, afirma Ricardo Lima, vice-presidente da CBMM.
Hoje, 90% da receita da companhia é proveniente da siderurgia, mas a expectativa é que, até 2030, de 35% a 40% do faturamento venha de novas aplicações, especialmente no setor automotivo. Além de parcerias com universidades e institutos de pesquisa, a CBMM tem uma equipe de 11 pessoas dedicadas exclusivamente ao negócio de baterias, sendo cinco doutores em eletroquímica.
Lima afirma que o lítio, o níquel, o manganês e o titânio continuarão sendo protagonistas na produção dessa bateria em larga escala, mas o óxido de nióbio tem vantagem, por exemplo, sobre o cobalto, cujo uso tem suscitado cada vez mais resistência da sociedade devido aos métodos de exploração. Além disso, o óxido de nióbio promete outro diferencial: carregamento em apenas 6 minutos para uma autonomia de 350 quilômetros, enquanto as baterias convencionais levam cerca de 7 a 8 horas para ser carregadas por completo.