Revista Exame

Como Kátia Barros, cofundadora da Farm, levou a marca carioca para as pistas de esqui

Para entender melhor o mercado de inverno, Kátia Barros, cofundadora e diretora de criação da Farm, passou a praticar esqui

Kátia Barros com uma peça de sua coleção: marca solar, mas não necessariamente do verão  (Divulgação/Divulgação)

Kátia Barros com uma peça de sua coleção: marca solar, mas não necessariamente do verão (Divulgação/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 24 de agosto de 2023 às 06h00.

Última atualização em 24 de agosto de 2023 às 14h50.

Se você nunca viu tucanos, araras ou onças na neve, poderá conferir os animais descendo montanhas de gelo nas estampas inconfundíveis da Farm. Para além dos vestidos, biquínis e cangas, a marca carioca também assina coleções de inverno rigoroso, algo distante para o sempre caloroso Rio de Janeiro. Entre as peças estão macacões para praticar esqui, esporte que Kátia Barros, cofundadora e diretora de criação da Farm, passou a praticar com a família.

“O esqui apareceu na minha vida por um acaso”, conta Barros, que durante a internacionalização da marca passou a considerar as coleções de inverno e como os conceitos da marca seriam aplicados em peças mais pesadas. “Radicalizamos e fizemos uma coleção de esqui para justamente desconstruir essa ideia caricata de que a Farm é apenas uma marca tropical da praia. Com esses valores, podemos fazer o que quisermos, até estampar um avião, criar uma banda ou fazer roupas de esqui. Somos uma marca solar, da alegria, da natureza, mas não necessariamente do verão. Podemos ser coloridos e felizes o ano inteiro e ainda mais no inverno, porque é quando precisamos dessa energia. Mas para fazer isso eu tinha de relembrar, entender e vivenciar o esporte e o lifestyle”, conta.

Assim, Barros partiu com os filhos e o marido para as montanhas nevadas. “Meu marido, que nunca tinha esquiado, se apaixonou pelo esporte”, diz a estilista. “De lá para cá, em dois anos, já viajamos cinco vezes e virou um superprograma de família. Fui testando a coleção, experimentei a primeira peça, e hoje é um -hobby nosso. Viajamos mais ou menos duas vezes por ano.”

Em uma das viagens, Barros estava vestindo o protótipo da Farm e foi parada por outra esquiadora para saber mais sobre a peça chamativa. “A roupa da Farm na neve é um acontecimento. A maioria das pessoas usa peças lisas com cores mais sóbrias. Eu estava no teleférico e outra esquiadora pediu para tirar uma foto da roupa. Quando ela perguntou de onde era, falei sobre a minha marca. No final, ela trabalhava como compradora para uma loja de departamentos. Já fiz negócios em vários lugares, mas esse provavelmente foi o ambiente mais diferente.”

Antes da incursão com um pé no trabalho, Barros havia esquiado uma vez, na adolescência, quando fez intercâmbio em Utah, nos Estados Unidos. “Eu nunca curti atividade física, não sou uma pessoa do esporte. Sempre fui da dança, do sapateado, da música, do violão, fiz teatro... Fui muito mais ligada a esse tipo de atividade do que a esporte em si.”

Com a necessidade de sujar os sapatos para pesquisar sobre a moda inverno, as viagens de esqui se tornaram recorrentes para a família. “Gosto de esquiar com amigos também, fazer um ‘esqui trip’, com uma galera. É um momento entre amigos e família, apesar de ser um esporte muito solitário, porque você esquia no seu tempo, no seu ritmo, no seu nível, mas há os momentos de encontro, de celebração, aquelas reuniões nos restaurantes no meio das montanhas a que você vai para almoçar. É muito gostoso estar em grupo.”

Entre os destinos das viagens estão Chile, Estados Unidos, França, Áustria e Suíça. “St Moritz é um destino muito charmoso, assim como Courchevel, que é mais badalado e mais sofisticado, com muitos restaurantes e lojas. Não é muito o meu perfil, mas foi a minha última viagem com a família toda, então foi bem divertido.” Já a estação preferida da executiva está em Lech, na Áustria, onde há muitas pistas. “É mais tranquilo e low profile. Quero conhecer Ushuaia também.”

Já a lista de países em que a Farm está presente é mais extensa. São 130 mercados desde o início do processo de internacionalização da marca, em 2018, com mais de 800 pontos de venda. Nos Estados Unidos, a marca que faz parte do grupo Soma possui tanto lojas próprias em cidades como Nova York, Los Angeles e Miami quanto espaços em lojas de departamento como Sak’s, Nordstrom, Newman e Anthropologie. “Sem dúvida, trata-se do maior e mais competitivo mercado- do mundo. Mas nosso crescimento tem sido vigoroso no geral e as grandes buyers adoram nossa proposta”, comenta. No ano passado, a Farm inaugurou uma pop up store no Le Bon Marche, em Paris. “A influência e a visibilidade de Paris na moda é inquestionável. Sem dúvida, um mercado ultraexigente, berço de todos os grupos do luxo, tem sido uma jornada muito bacana e de muito aprendizado para o negócio.”

Hoje o negócio no Hemisfério Norte representa mais de 30% do faturamento total da marca. Do ponto de vista da receita da Farm internacional, no ano passado a Europa representou 8%, enquanto os Estados Unidos entregaram os outros 22%. “O mercado de esqui vem crescendo de forma consistente, com projeção de atingir 1,6 bilhão de dólares até 2026, o que representa uma excelente oportunidade.” Seja na areia, seja na neve, a Farm tem a missão de levar alegria para a moda.


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