Revista Exame

O dever das empresas para promover a diversidade no mercado de trabalho

Cabe a nós, líderes, gerar visibilidade à falta de equidade no mercado de trabalho, promover ações afirmativas e quebrar estereótipos no recrutamento de novos talentos

Futebol feminino: apoio da Halls para promover a participação das mulheres no esporte (Jose Breton / Pics Action/Getty Images)

Futebol feminino: apoio da Halls para promover a participação das mulheres no esporte (Jose Breton / Pics Action/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2021 às 06h00.

Diversidade, inclusão e equidade são elementos de uma forma mais justa de entender e agir contra as injustiças sociais. Diversidade é um fato, pois, antes das diferenças impostas por regras sociais ou pela situação econômica, somos todos iguais em nossa humanidade. Inclusão é garantir que todos tenham oportunidades, o que é um enorme avanço.

Porém, aceitar a diversidade e garantir a inclusão não é suficiente, e temos de nos unir para promover a equidade, entendendo que, perante as desigualdades impostas a alguns, temos de oferecer oportunidades e suporte adequado para que todos possam atingir sempre o maior potencial social, profissional e humano. 

Há vários momentos em que nos deparamos com a falta de equidade, principalmente no mercado de trabalho. Como líderes e como empresa, cabe a nós gerar visibilidade ao tema, promover ações afirmativas, quebrar estereótipos e barreiras no recrutamento, seleção e desenvolvimento, e trazer a representatividade da sociedade para dentro das companhias. Nossas empresas e, portanto, o Brasil não vão atingir seu máximo potencial sem abraçar a diversidade, garantir a inclusão e promover a equidade de talentos que hoje são excluídos.

Pessoalmente, o início de minha trajetória profissional veio de uma oportunidade de diversidade e inclusão. Não me formei em uma universidade renomada do eixo Rio-São Paulo, pois sou de Mato Grosso do Sul. Também não falava inglês, mas entrei como trainee em uma multinacional que queria representar os “vários Brasis” em sua liderança. Sou grato por ter tido essa chance; a partir dali pude trilhar minha carreira em vários países e chegar a presidente no Brasil da Mondelēz International, empresa líder de snacks no mundo.

Garantir a equidade em todas as frentes é um propósito de vida. Meu trabalho começa em casa, na educação de meus três filhos adolescentes, conscientizando-os de que, por sermos homens, cisgêneros e brancos, temos uma série de privilégios. A lição é que nossa responsabilidade é proporcional a nossos privilégios; é nosso papel sermos agentes de transformação na sociedade, contribuindo para acabar com o preconceito e a discriminação.

Na Mondelēz essa é uma agenda de toda a empresa e procuramos nos envolver em iniciativas empresariais sobre diversidade e inclusão para escutar, trocar experiências e aplicar as melhores práticas. Já temos uma agenda bastante avançada em equidade de gênero: 40% dos 8.000 colaboradores são mulheres, e 45% dos cargos de liderança a partir de gerente são ocupados por elas. Fomos reconhecidos com o Prêmio WEPs BRASIL 2021 — Empresas Empoderando Mulheres, da ONU Mulheres. Também promovemos o uso de libras na Mondelēz, e agora assumimos a responsabilidade de acelerar nosso compromisso de equidade de PCDs, étnico-racial e LGBTQIA+. Queremos ser o espelho da sociedade brasileira e representar nosso consumidor. 

Nossas marcas icônicas também são protagonistas nessa luta. Trident, por exemplo, adotou o nome Prident durante o Mês do Orgulho LGBTQIA+ em apoio à Casa Florescer, que acolhe mulheres trans e trabalha para dispor a primeira unidade de acolhimento a homens trans da ONG, que receberá o nome de Casa João Nery. Outras duas campanhas impactantes foram a da Halls, apoiando o futebol feminino, e Faz de Contos de Oreo, onde Rapunzel era uma menina negra, Joãozinho do Pé de Feijão era um menino cadeirante, e o Patinho Feio tinha sido adotado por um casal homoafetivo. 

Somos também uma das 46 empresas que fazem parte do Movimento pela Equidade Racial (Mover), cujo objetivo é gerar uma transformação de todo o ambiente de negócios em prol da equidade racial e do combate ao racismo estrutural. Com investimento anual de 15 milhões de reais, vamos criar 10.000 cargos de liderança e capacitar 3 milhões de pessoas negras, influenciando a cadeia de suprimentos para acelerar essa mudança.

A desigualdade econômica e a educacional são problemas estruturais para atingirmos a equidade. Mas acredito que marcas e empresas possam se unir para encampar essa agenda de transformação, que começa dentro de casa, na liderança das empresas e em cada um de nós. Diversidade, equidade e inclusão são elementos de uma agenda de todos e todas, para juntos combatermos as desigualdades e mudarmos o cenário, em prol de uma sociedade e um Brasil com mais oportunidades e crescimento.

(Arte/Exame)

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