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Serviços financeiros: empresas estão se destacando no mercado

Conheça as empresas que estão fazendo a diferença no setor

Empresas que implementaram ESG estão lucrando (divulgação/Exame)

Empresas que implementaram ESG estão lucrando (divulgação/Exame)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 24 de junho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 24 de junho de 2022 às 10h20.

Itaú Unibanco

O banco Itaú Unibanco entrou, em outubro de 2021, para a Net-Zero Banking Alliance, um compromisso global, capitaneado pela ONU, que reúne 110 instituições financeiras de 40 países, responsáveis por 70 trilhões de dólares em ativos. Todas se comprometeram a zerar as emissões de carbono de suas carteiras até 2050. Com os compromissos firmados, os grandes bancos colocam a própria reputação em risco, caso não cumpram com o combinado.

Há, no entanto, um desafio adicional para atingir esse objetivo. Desinvestir de setores intensivos em carbono, como mineração e siderurgia, pode até resolver o problema dos bancos. Porém, o objetivo é zerar as emissões de carbono no mundo e, para isso, os maiores emissores precisam se engajar. “Queremos ser o banco da transição”, afirma Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú Unibanco. “E ajudar nossos clientes a atingir as metas deles.”

A instituição financeira lançou, em 2019, um conjunto de oito compromissos de impacto. No varejo, há um olhar para a saúde financeira dos correntistas e para o empreendedorismo. O banco vem lançando uma série de ferramentas digitais para se inserir na jornada do cliente, para a renegociação de dívidas, e em produtos além do crédito para micro e pequenas empresas, como contadores e advogados. Também foi lançada uma linha de crédito de 11 bilhões de reais para mulheres empreendedoras.


Santander

Um relatório produzido pelo banco Santander apresentou uma informação fundamental para chegar a uma economia de baixo carbono: quanto custa para as empresas do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, neutralizar suas emissões de carbono. Considerando um preço para o carbono entre 5 e 20 dólares, para neutralizar as emissões de escopos 1 e 2, as diretas e indiretas, essas empresas gastariam entre 3,6 bilhões e 14,6 bilhões de reais. A conta aperta quando se considera o escopo 3, que inclui fornecedores. Nesse caso, o valor sobe para um intervalo entre 35 bilhões e 141 bilhões de reais.

O Santander também analisou quanto os resultados operacionais das empresas teriam de subir se elas tivessem de pagar para neutralizar todas as emissões até 2030.

O resultado foi um percentual entre 8,4% e 25% por ano. Agora, se essas mesmas empresas reduzissem as emissões em 40%, a necessidade de aumentar o resultado operacional cairia para 3% e 18,8%, no cenário 2030, e para 1% e 5,9% ao ano, no cenário 2050. Ou seja, é mais barato reduzir do que compensar.

Compreendendo que ESG é uma estratégia de negócios, o Santander fechou o ano de 2021 com 51,6 bilhões de reais em negócios sustentáveis, sendo que em julho já havia cumprido o montante do ano anterior. Para isso, a companhia utilizou uma taxonomia própria que considera empréstimos para instalações de energia solar, geração de energia distribuída, agricultura sustentável e mais práticas. “A área de negócios sustentáveis é um motor dentro do banco, que teve uma aceleração no ano passado também pelo otimismo do mercado na execução desse tipo de negócio”, diz Carolina Learth, líder de sustentabilidade do Santander Brasil. Nesse movimento, o Santander reforçou a governança ao estabelecer um fórum semanal de aprovação de negócios verdes e sociais.

Na frente de mudanças climáticas, o Santander assumiu o compromisso de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e, até lá, desenvolve metas intermediá­rias. Em março foi concluída a compra de 80% da WayCarbon, empresa que tem assessorado organizações públicas e privadas a realizar suas transições energéticas em diferentes países. Na frente social, o Santander, que no ano passado destinou 20 milhões de reais para 100 projetos, passa por um período de reposicionamento das destinações de recursos com o objetivo de focar mais ações de empreendedorismo e empregabilidade. “Vamos investir mais em capacitação profissional e empreendedorismo de acordo com o que é necessário para melhorar a vida das pessoas e a sociedade”, diz Learth. Internamente, a companhia trabalha com metas de diversidade e inclusão. Atualmente são 33,3% de mulheres no conselho, 25,9% de mulheres em liderança, 27,3% de negros no quadro geral e 8% de negros em liderança. A intenção é chegar, até 2025, a 40% de mulheres na liderança e 40% de negros na organização. “Estamos com objetivos claros para trabalhar mudanças climáticas, desenvolvimento social e sempre com boas práticas de governança. Não há mais espaço para empresas que não considerem os temas ESG”, afirma Learth. É a nova prioridade do mercado financeiro.


B3

Na B3, empresa que opera a bolsa de valores brasileira, o tema ESG ganha cada vez mais força. A empresa, por exemplo, foi a primeira bolsa a emitir um Sustainability-Linked Bond de 700 milhões de dólares com metas de diversidade.

“A captação nos permitiu acessar mais investidores, diversificar nossas fontes de financiamentos de longo prazo e reforçar o compromisso com a agenda ESG”, diz Ana Buchaim, diretora executiva de pessoas, marketing, comunicação, sustentabilidade e investimento social da B3.

A B3 tem a missão de criar, até 2024, um índice que meça o desempenho de empresas com bons indicadores de diversidade, e atingir o percentual de 35% de mulheres em cargos de liderança até 2026. Em 2021 também foi concluída a reformulação da metodologia do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3). Em relação ao meio ambiente, a B3 estabeleceu a meta de reduzir 15% das emissões no escopo 2, as indiretas, até 2026. No âmbito social, a B3 tem promovido educação financeira para mulheres e jovens. Em 2021, foi lançado o Bootcamp de diversidade e inclusão, programa que apoia as empresas na construção de estratégias de diversidade.

Em 2021, mais de 60 companhias participaram do programa. “No ano passado iniciamos capacitações sobre a temática ESG para a liderança e demais times da B3. No total, foram cerca de 900 funcionários impactados. O tema também faz parte do treinamento de entrada de novos funcionários desde 2020”, diz Buchaim.

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