Revista Exame

Inimigo errado

Em 2019, as potências militares em armas gastaram 700 vezes o custo estimado da vacina contra o novo coronavírus

Soldados das Forças Armadas dos Estados Unidos: o país lidera os gastos com defesa militar | Divulgação do Exército Americano /

Soldados das Forças Armadas dos Estados Unidos: o país lidera os gastos com defesa militar | Divulgação do Exército Americano /

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2020 às 10h44.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 14h40.

Os Estados Unidos são o país que mais gasta com defesa militar no mundo — 685 bilhões de dólares em 2019, quase quatro vezes o valor gasto pela China. Em janeiro, o presidente Donald Trump revelou que o governo está investindo em mísseis hipersônicos, capazes de voar cinco vezes mais rápido que o som. A ironia é que nada disso é útil contra a maior ameaça à segurança da população americana neste século: o novo coronavírus.

Até 18 de abril, a pandemia da covid-19 já havia matado cerca de 40.000 pessoas nos Estados Unidos — quase seis vezes o número de americanos mortos na Guerra do Iraque e na do Afeganistão, entre 2003 e 2014. Pelas projeções da Casa Branca, pelo menos 100.000 pessoas morrerão no país durante a pandemia, quase o dobro do número de soldados americanos mortos na Guerra do Vietnã, entre 1955 e 1975.

Os Estados Unidos apostaram no inimigo errado, mas não foram os únicos. Ao todo, os 15 países com maior orçamento de defesa do mundo (o Brasil ficou em 11o lugar) gastaram 1,4 trilhão de dólares no ano passado. Segundo estimativa do Cepi, organização que desenvolve vacinas contra doenças infecciosas emergentes , o mundo precisa investir uma parcela ínfima desse valor para criar uma vacina contra o coronavírus — 0,15%, ou 2 bilhões de dólares.

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