Carla Moraes, vice-presidente da Oracle: carreira marcada pelo pioneirismo no mercado de tecnologia (Leandro Fonseca/Exame)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.
Carla Moraes precisava costurar as próprias roupas para cumprir o dress code exigido por uma grande montadora depois de ser aprovada num rigoroso processo de seleção. Nascida na Baixada Santista, subia todos os dias a serra para dar os primeiros passos numa carreira de pioneirismo, por ser mulher e negra no mercado de tecnologia. Isabella Wanderley foi demitida logo que saiu do período de estabilidade após o nascimento de sua filha, quando trabalhava em uma grande cervejeira. Tarciana Medeiros trabalhou como feirante e professora antes de começar sua carreira no mercado financeiro, onde enfrentou todo tipo de desafio por ser mulher negra, lésbica e nordestina. As três executivas são algumas das protagonistas desta edição da EXAME, em trabalho conduzido por um time de jornalistas comandado por Rodrigo Caetano, Lia Rizzo e Marina Filippe e por uma equipe de arte liderada por Carolina Gehlen e Leandro Fonseca. Hoje, Carla Moraes é vice-presidente do gigante de tecnologia Oracle; Isabella Wanderley, CEO da farmacêutica Novo Nordisk; Tarciana Medeiros, por sua vez, é a primeira mulher presidente do Banco do Brasil nos 215 anos de história da companhia.
Contar essas histórias, e mergulhar nos desafios e nas lições trazidas por executivas que chegaram ao topo do mercado corporativo brasileiro, é o objetivo maior desta edição da EXAME. É, também, um reforço em nosso compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento de um mercado empreendedor produtivo e diverso. São pilares da fundação da EXAME, há 57 anos, que vêm ganhando mais peso em nossa cobertura. Como mais relevante e mais tradicional publicação de economia e negócios do país, a EXAME se notabilizou pelo pioneirismo em pautas como profissionalização de negócios familiares, meritocracia nos setores público e privado, sustentabilidade ambiental e social — e diversidade.
Histórias como as das executivas retratadas nesta edição mostram quanto ainda há a evoluir, inclusive em nossa cobertura. Das 400 empresas listadas na B3, apenas três são lideradas por mulheres. Mulheres pretas e pardas ocupam apenas 0,4% das posições de liderança no Brasil. Mundo afora, as mulheres ocupam 33% dos cargos de liderança, mas ainda são minoria absoluta no comando das maiores empresas. Mas há uma boa notícia: elas ganham mais espaço principalmente nas indústrias do futuro, como tecnologia e saúde. E já são maioria entre os profissionais com ensino superior no Brasil. A igualdade na força de trabalho pode acrescentar até 172 trilhões de dólares na economia global nos próximos anos, segundo o Banco Mundial. É um volume de recursos que, claro, vai ser conquistado pouco a pouco, numa evolução que precisa acelerar.