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Anglo American está atrás dos bilhões perdidos

Para recuperar tempo e dinheiro, a mineradora britânica decidiu condicionar seus funcionários a identificar oportunidades de melhoria para a companhia.

Mineroduto da Anglo American: funcionários treinados para identificar desperdícios (Divulgação/Exame)

Mineroduto da Anglo American: funcionários treinados para identificar desperdícios (Divulgação/Exame)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2016 às 18h01.

São Paulo — Com três anos de atraso e um estouro de pouco mais de 6 bilhões de dólares no orçamento inicial de 2 bilhões, a mineradora britânica Anglo American conseguiu colocar em funcionamento no Brasil, em outubro de 2014, o maior mineroduto do mundo — projeto adquirido em 2008 do ex-bilionário Eike Batista.

São 529 quilômetros de tubulação que começam no município de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, e vão até o porto do Açu, no Rio de Janeiro. Para recuperar o tempo e o dinheiro perdidos, os executivos da companhia decidiram que, assim que o mineroduto começasse a operar, todos os 2 000 funcionários deveriam estar condicionados a identificar oportunidades de melhoria.

Para isso, uma equipe foi criada para disseminar essa cultura com treinamentos direcionados, sobretudo, para engenheiros e técnicos. “São eles que põem a mão na massa e deparam com os problemas rotineiros”, diz Luis Dutra, gerente de melhoria contínua da Anglo American. Um exemplo: não raro, as caçambas dos caminhões que transportam o minério de ferro retinham sobras desse material.

Os engenheiros perceberam que elas somavam até 90 toneladas, o equivalente a quase metade da capacidade de carga de um caminhão. A aplicação de um produto antiaderente evitou o acúmulo do minério nas caçambas, aumentou a produtividade do transporte e gerou uma economia de 27 milhões de reais em 2015. Conheça o programa. 

1. Liderança

Uma gerência com oito pessoas foi criada para treinar cerca de 100 profissionais de todas as áreas — sobretudo engenheiros e técnicos — para planejar e executar projetos de redução de desperdícios e de ganho de produtividade.

2. Projetos

Todos os 2 000 funcionários foram encorajados a sugerir ideias de melhorias, que, por sua vez, deveriam passar pelo crivo da gerência. Só então elas foram transformadas em projetos concretos — com equipes, metas e prazos a ser cumpridos.

3. Validação

A diretoria financeira e a gerência de melhoria utilizaram um software para registrar os projetos e monitorar o status de cada um deles — da aprovação preliminar da ideia à análise da viabilidade econômica e ao potencial de retorno financeiro.

4. Reconhecimento

Para dar visibilidade aos melhores projetos, no fim de 2015, 15 funcionários envolvidos em três iniciativas que geraram quase 82 milhões de reais em economias foram premiados com troféus e inscrições em um congresso sobre o tema.

Resultado

A Anglo American recebeu cerca de 200 ideias de melhorias em pouco mais de um ano. Desse total, 79 foram implementadas e geraram uma economia de cerca de 200 milhões de reais em 2015. Outros 21 projetos propostos no ano passado ainda estão sendo desenvolvidos. 

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