Revista Exame

A luta e o recomeço

As enchentes, de um jeito trágico, podem marcar um recomeço para o Rio Grande do Sul. As empresas precisam ser protagonistas nesta retomada

Negócios gaúchos debaixo d’água: o estado tem  a oportunidade de virar referência mundial  em descarbonização (Gustavo Ghisleni/AFP/Getty Images)

Negócios gaúchos debaixo d’água: o estado tem a oportunidade de virar referência mundial em descarbonização (Gustavo Ghisleni/AFP/Getty Images)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 23 de maio de 2024 às 06h00.

“É fundamental que as empresas, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, tenham apoio e condições de seguir operando para que possam manter o emprego e a renda das pessoas.” O apelo é de Eduardo Scomazzon, presidente do conselho de administração da tradicional fabricante de itens para casa Tramontina. Criada na Serra Gaúcha há 113 anos, a companhia foi uma das 700.000 empresas gaúchas afetadas pelas enchentes históricas no Rio Grande do Sul. Precisou fechar duas de suas sete fábricas no estado e dar férias coletivas para 4.000 funcionários. No dia 16 de maio a Tramontina voltou a operar e deu início a uma nova fase, a de calcular perdas, rever caminhos e projetar o futuro.

Para empresas com menos estrutura, o desafio é muito maior. Desde os primeiros dias da tragédia que tomou conta dos municípios gaúchos, a EXAME pôs no ar uma cobertura focada em dar voz aos empreendedores que viram a água inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, segundo dados da Fiergs, a federação das indústrias. Em nossos canais digitais, já publicamos mais de 200 reportagens mostrando os desafios e a resiliência de empreendedores, na série de reportagens Negócios em Luta, coordenada pelo editor Leo Branco.

A cobertura continuará pelos próximos meses, junto com um longo trabalho de reconstrução do estado. Como mostra reportagem nesta edição, assinada por André Martins e Daniel Giussani, as medidas urgentes precisam conviver com definições mais estruturantes de reinventar o estado. “Este é o momento para as lideranças empresariais gaúchas começarem a discutir o futuro”, diz Erasmo Battistella, fundador da produtora de biodiesel Be8, sediada em Passo Fundo.

Essa reinvenção de um estado que sofreu como nenhum outro com eventos climáticos extremos passa por investimento pesado em infraestrutura, por uma produção agrícola inovadora e conectada, por projetos de tecnologia que mantenham e atraiam talentos. Tudo com a ciência e a descarbonização como norte, começando no ensino básico. A melhor resposta gaúcha contra a emergência do clima é fazer do estado uma referência mundial em inovação verde e em tecnologia de ponta.

Em entrevista para esta edição, o governador Eduardo­ Leite afirmou que o Rio Grande do Sul manterá suas vocações econômicas e “sairá mais forte”. Para isso, é preciso não só um compromisso mais consistente com a prevenção, mas também como um olhar estratégico mais ambicioso para o futuro. As enchentes, de um jeito trágico, podem marcar um recomeço para um estado que sempre foi protagonista na história brasileira.


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