Obra de um prédio de apartamentos em Nova York: desde 2007 não se construíam tantas residências nos Estados Unidos quanto agora (Eduardo Munoz/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 26 de setembro de 2019 às 05h04.
Última atualização em 26 de setembro de 2019 às 10h17.
Agosto foi especialmente positivo para o setor de construção civil dos Estados Unidos. O número de novas residências construídas no país chegou a quase 1,4 milhão de unidades — um aumento surpreendente de 12% em relação ao mesmo mês do ano passado, superando as estimativas de economistas. A última vez em que foram construídas tantas casas assim em um único mês foi às vésperas da crise financeira, 12 anos atrás. As licenças para as obras de futuras residências — que refletem a oferta para os próximos anos — também cresceram e chegaram a 1,4 milhão de unidades em agosto, um aumento de 7,7%.
Os dados apontam um bom momento, uma vez que o setor de construção é um dos motores da economia e do mercado de trabalho. A baixa taxa de desemprego (3,7%) e os juros reduzidos favorecem a compra de casas pelos consumidores americanos. Mas há quem veja os resultados de agosto com ceticismo. Somando os números dos oito primeiros meses do ano, a quantidade de casas construídas ainda é inferior à registrada em 2018. E o recente crescimento expressivo foi puxado pela construção de apartamentos e condomínios, que representam uma fatia menor do mercado e costumam ter uma oferta mais volátil. Já a construção de casas (70% do total) subiu 4,4%. De todo modo, o que se vê é que o mercado de construção civil ainda está sólido, ajudando a manter a economia dos Estados Unidos em crescimento.
JAPÃO E COREIA DO SUL
Desde a época em que os japoneses tomaram a península coreana, de 1910 a 1945, a relação entre o Japão e a Coreia do Sul não ficou bem resolvida. Mas a escalada do conflito entre os dois países nos últimos meses preocupa. Em setembro, foi a vez de a Coreia do Sul retirar o Japão da lista de países “confiáveis”, que têm facilidades nas importações (o Japão já havia feito o mesmo em julho). Os dois países são importantes parceiros comerciais e as trocas entre eles somam 81 bilhões de dólares ao ano. O conflito já causa prejuízos. Em agosto, as exportações do Japão para a Coreia caíram 10%.
COMÉRCIO MUNDIAL
Em seu recente relatório sobre o desempenho da economia mundial, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) — grupo que reúne principalmente países ricos — chama a atenção para um ponto preocupante. O comércio global de bens e serviços — isto é, toda a troca comercial entre os países — parou de crescer no fim de 2018 e agora engatou a marcha a ré. Em dois de cada três países, as novas encomendas de produtos para exportação estão retraindo. É um desempenho que a OCDE considera “excepcionalmente fraco” e torna o cenário para a economia do planeta ainda mais crítico.
A OCDE não cita diretamente a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, mas afirma que as distorções no comércio, nos investimentos e nas cadeias de produção reduzem a demanda e geram incerteza. Outro problema grave causado pelo aumento de tarifas entre os Estados Unidos e a China é a transferência das atividades de empresas para outros países, algo que tende a torná-las menos produtivas. Nos últimos 70 anos, o comércio mundial impulsionou o enriquecimento dos países e a expansão das empresas. O enfraquecimento desse fluxo é um retrocesso para os negócios e para a economia.