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Startup que usa robôs para investir seu dinheiro ganha aporte de R$ 17 mi

A Magnetis captou mais recursos e, com isso, pretende melhorar a experiência do usuário e diversificar seu portfólio de investimentos

Luciano Tavares, fundador da Magnetis (esquerda), no escritório da startup: plataforma já fez planos de investimento para 70 mil usuários (Magnetis/Divulgação)

Luciano Tavares, fundador da Magnetis (esquerda), no escritório da startup: plataforma já fez planos de investimento para 70 mil usuários (Magnetis/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 18 de abril de 2018 às 06h00.

Última atualização em 18 de abril de 2018 às 06h00.

São Paulo - A Magnetis, startup que vai na onda das aplicações financeiras sugeridas por robôs, conquistou mais um incentivo para refinar sua plataforma - e tentar se destacar na disputa pelas melhores cestas de investimentos do Brasil.

O negócio anunciou um aporte série A no valor de 17 milhões de reais. O investimento foi liderado pelos fundos Monashees e Vostok Emerging Finance e completado pelo fundo Redpoint e.ventures e por investidores-anjo.

Os recursos serão usados para a melhoria dos produtos e da experiência dos clientes. A ideia é que o investidor consiga montar uma carteira sofisticada de forma simples, independente de seu conhecimento financeiro ou patrimônio, afirma o fundador Luciano Tavares.

Os questionários de investimento serão mais informais e as dicas de planejamento financeiro devem se estender ao longo das fases da vida do cliente, por exemplo. “A gente recentemente lançou aplicativos mobile para Android e para iOS. Já é uma melhoria, mas sempre estamos em evolução.”

Não é a primeira vez que a brasileira Monashees realiza um investimento na Magnetis. Ela já havia participado da rodada de capital semente da startup, em 2015, no valor de 3 milhões de reais. O aporte contou também com o fundo Redpoint e.ventures, com a aceleradora 500 Startups e com investidores-anjo.

Este é o primeiro aporte do Vostok Emerging Finance na Magnetis, mas o fundo conhece bem as fintechs dos mercados emergentes. O Vostok já apostou em negócios brasileiros, como Creditas e Guia Bolso, no ano passado.

“Ter investidores conceituados, primeiro, é uma forma de validar nosso modelo de negócio. Investimento tem a ver com confiança e credibilidade”, afirma Tavares. “Além disso, os dois fundos trazem um conhecimento muito grande do mercado. A Monashees possui em seu portfólio empresas como a 99, enquanto a Vostok tem relacionamento com fintechs do mundo todo.”

Como funciona a Magnetis?

O primeiro passo para usar a Magnetis é responder algumas perguntas que ajudam a traçar o perfil de risco e o objetivo financeiro do cliente - pagar um carro, acumular patrimônio ou guardar dinheiro para a aposentadoria, por exemplo.

Essa é uma exigência comum a todas as plataformas de investimento. Munidos de tais informações, os robôs da startup começam a operar e o algoritmo sugere os investimentos mais adequados.

O diferencial da Magnetis surge depois. Na visão de Tavares, o grande destaque em relação a outras plataformas brasileiras que possuem seus próprios robôs é a diversificação do portfólio.

“Entendemos que o modelo de robo advisor só funciona com uma carteira bem diversificada. Quando você emprega um algoritmo para investir apenas em renda fixa, por exemplo, o valor agregado percebido é mínimo. A diversificação foi um diferencial nosso tanto em relação às startups concorrentes quanto aos bancos e corretoras tradicionais.”

Luciano Tavares, fundador da Magnetis

Luciano Tavares, fundador da Magnetis (Magnetis/Divulgação)

O robô da Magnetis monta uma carteira com fundos DI, fundos multimercado, títulos privados de renda fixa e ETFs a partir dos 15 mil produtos de investimento disponíveis no mercados. Uma carteira da Magnetis costuma ter de quatro a seis ativos diferentes, dependendo do nível de risco definido pelo investidor. O fundador diz que, em breve, a startup colocará mais produtos de investimento em seu portfólio.

As aplicações mais comuns vão de 10 mil reais a 300 mil reais, com grande distribuição entre essa ampla faixa de investimento. A aplicação mínima inicial é de 10 mil reais e os depósitos adicionais são de 100 reais, mas o negócio em breve diminuirá o valor inicial de investimento. A taxa de administração média é de 0,4% ao ano para quem investe até 500 mil reais.

Com três anos de operação, a Magnetis já entregou planos de investimento gratuitos para mais de 70 mil usuários. A startup não abre dados como número de clientes e montante total administrado, mas quer chegar a 1 bilhão de reais em ativos sob gestão em 2019.

Além de metas palpáveis, a Magnetis também investe em longo prazo. O negócio lançou recentemente um programa para levar educação financeira aos funcionários de empresas. Cerca de dez companhias e 700 empregados participaram de uma versão teste, no ano passado, compreendida por diagnósticos financeiros e montagem de planos de investimento condizentes.

A ideia é chegar a 10 mil funcionários impactados nos próximos anos. “Queremos aumentar o alcance do planejamento financeiro e enfatizar sua importância, ainda que os benefícios da capacitação sejam percebidos por nós apenas em médio prazo.”

Time da startup Magnetis

Time da startup Magnetis (Magnetis/Divulgação)

A invasão dos robôs

Lá fora, startups como a Magnetis ganharam o apelido de robo advisors e fazem parte de uma tendência de automação crescente no setor de serviços.

A pioneira é a americana Betterment, criada por dois sócios com experiência no mercado financeiro. A empresa começou a operar em 2010 e gerencia 10 bilhões de dólares, segundo dados de julho de 2017.

Alguns concorrentes brasileiros que a Magnetis enfrenta hoje são Monetus, Vérios e Warren, para citar apenas os mais conhecidos. Nesse concorrido mercado dos algoritmos, ganha quem souber colocar seus ovos nas cestas corretas.

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