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Quem lucra com a “Família Feliz”

Empreendedor que teria “inventado” a ideia vende até 8 mil personagens por mês e teve um aumento de 40% na sua receita

Adesivos "Família Feliz" viram febre e oportunidade de lucro para pequenos empreendedores (Divulgação)

Adesivos "Família Feliz" viram febre e oportunidade de lucro para pequenos empreendedores (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2011 às 06h12.

São Paulo - De mãos dadas, sorridentes, eles estão por todos os lados. Os adesivos “Família Feliz” viraram uma verdadeira febre, estampando a traseira de carros por todas as capitais do país.

São personagens que representam os membros da família dona do veículo, muitas vezes com direito a traços personalizados – como uma careca para o pai, um skate para o filho ou uma saia de bailarina para a filha. Os animais de estimação também entram na conta – cachorro, gato, coelho, passarinho, a bicharada toda.

É difícil precisar quando e onde a moda começou de fato, mas a versão mais popular que explica a origem dos personagens aponta para o empreendedor e designer Germano Spadini, dono da fabricante de adesivos Job Design Criativo.

Três anos atrás, sua esposa ficou grávida do primeiro filho do casal e eles decidiram criar um brasão para decorar o quarto do recém-nascido Viccenzo. No “escudo”, estava lá a primeira “Família Feliz”, que também ganhou uma versão em adesivo para o carro da família
 
Aos poucos, familiares e amigos gostaram da ideia e começaram a encomendar suas próprias famílias. Foi há mais ou menos um ano que a onda começou a crescer.

“Patenteei a marca ´Família Feliz’ e as duas linhas principais de personagens que havia criado, mas já era tarde demais, os adesivos estavam por todos os lados”, conta Spadini.

O designer vende em média de 7 mil a 8 mil unidades de adesivos da linha por mês.  Cobrando R$ 3 por membro da família e R$ 2 por

Brasão que deu origem à "Família Feliz" (Divulgação)

animal de estimação, ele viu sua receita crescer cerca de 40% ao longo do último ano.

Mas o faturamento total em torno da ideia é muito superior e difícil de mapear. Só no MercadoLivre há mais de 220 vendedores diferentes oferecendo famílias genéricas. Nas bancas de jornais, papelarias e até faróis, os adesivos também se multiplicam. Algumas são cópias do modelo original, outras são variações inspiradas na idéia. “É um desenho muito fácil de reproduzir”, reconhece Spadini.



O empreendedor até tentou ir atrás das “fontes alternativas”, mas a missão mostrou-se quase impossível. “Você chega na banca para perguntar quem forneceu e, misteriosamente, ninguém sabe”, brinca. Depois de várias tentativas frustradas, resolveu deixar a busca de lado. “Acaba dando mais despesas e dor de cabeça que resultados”, diz.

Embora saiba que a moda “Família Feliz” tem prazo para acabar, Spadini está concentrando as energias em aproveitar ao máximo a onda antes que ela enfraqueça. “Acho que temos pelo menos mais uns seis meses de demanda pela frente. Estamos trabalhando em novas linhas para lançar em breve”, conta.

Há 15 anos no ramo de adesivos, Mauricio Moretti, da Fama Comunicação, é um dos empreendedores que decidiram lucrar também com a onda. Trabalhando com o produto há cerca de dois meses, já vendeu maios de 400 unidades só pelo MercadoLivre. “Todos os dias recebemos pelo menos cinco pedidos”, conta.

Moretti reconhece que se “inspirou” nos modelos que já circulavam pelas ruas para criar seu portfólio. “São todos muito parecidos. Fizemos os nossos com base no que tinha mais procura”, diz. Ele cobra R$ 2,30 por unidade, mas conta que no centro da cidade é possível comprar cartelas cheias pagando R$ 0,80 por personagem. “Está todo mundo aproveitando a moda”, diz.

Tanta popularidade começou a chamar a atenção até de gente mal-intencionada. Essa pelo menos é a teoria de alguns especialistas em segurança, que argumentam que a “Família Feliz” pode fornecer informações para assaltantes e falsos seqüestradores.

Spadini diz que a preocupação é completamente infundada e criou até uma linha de personagens para brincar – e, por que não, faturar - com a polêmica: os seguranças. “É só colar do lado da família que está tudo tranqüilo”, garante.

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