Pronampe, linha de crédito a PMEs, deve ganhar R$ 16 bi, diz Afif Domingos
Assessor do Ministério da Economia diz que governo deve aportar mais recursos do Tesouro e do BNDES na linha de crédito, que está perto do limite
Leo Branco
Publicado em 15 de julho de 2020 às 08h52.
Última atualização em 15 de julho de 2020 às 10h27.
O governo federal pretende injetar mais 16 bilhões de reais no Pronampe , programa de crédito a pequenas e médias empresas criado em maio em meio à aversão dos bancos para financiamentos ao setor produtivo por causa da pandemia. Inicialmente com 15,9 bilhões em caixa, o programa chegou perto do limite de financiamentos em pouco mais de dois meses. Nos últimos dias, empreendedores Brasil afora têm enfrentado filas nos bancos para acessar os recursos.
A ideia do Ministério da Economia é colocar mais 6 bilhões de reais em recursos do Tesouro Nacional no programa, explica Guilherme Afif Domingos, assessor especial do ministro Paulo Guedes para a agenda de empreendedorismo. Além disso, o governo estuda remanejar 10 bilhões de reais de uma linha de crédito operada pelo BNDES para concessão de crédito via maquininhas, criada com a medida provisória 975, de junho.
O diagnóstico de Afif Domingos é de que a injeção de recursos para pequenas e médias empresas pode ser mais rápida e desburocratizada do que na linha de crédito via maquininhas gerida pelo BNDES. "O dinheiro à disposição no mercado não pode ficar empoçado nos bancos. Tem que ir rápido para as empresas, que estão sofrendo com a crise", diz Afif Domingos.
A expectativa é que o novo aporte de recursos no Pronampe ocorra via uma medida provisória a ser editada até a semana que vem. O novo crédito deve ter taxas de juros entre 5% a 8% ao ano. É uma taxa acima do cobrado até agora – ao redor de 4% ao ano – mas ainda assim bastante competitiva em relação às linhas para pessoas jurídicas nos bancos privados, que não raro passam de 10% ao ano.
As mudanças também devem mudar a estrutura de risco dos empréstimos do Pronampe. O objetivo é aumentar a participação dos bancos em eventuais perdas com esses empréstimos. Hoje, o governo cobre 85% das perdas e os bancos, 15%. O plano é que governo e bancos cubram, cada um, até 50% dos calotes tomados no programa.
Em dois meses de Pronampe, o programa já emprestou recursos a 117 mil empresas, de acordo com Afif Domingos. "Ainda é pouco se consideramos um universo de 3,5 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil", diz. "Teremos que fazer uma multiplicação dos pães e garantir mais recursos para o programa nos próximos meses para atenuar os efeitos da crise entre os empreendedores."
A busca por crédito
Os três grandes bancos que começaram a operar a linha do Pronampe já atingiram o limite de crédito estabelecido pelo Ministério da Economia. A Caixa, que na última segunda-feira, 13, havia conseguido um um acréscimo de 1,66 bilhão de reais, atingiu o novo teto de5,9 bilhões de reais em menos de 24 horas, segundo informou o banco.
Situação similar aconteceu com oBanco do Brasil, que também havia conseguido expandir sua participaçãono programa na semana passada. Após ter atingido a cota de 3,74 bilhões de reais na quarta-feira, 8, o banco conseguiu do Tesouro Nacional um novo limite de 1,24 bilhão na última quinta-feira, 9. Em um dia, liberou todo o crédito a cerca de 20.000 micro e pequenas empresas.
O Itaú, que começou a operacionalizar o programa na quinta-feira, 9, também já emprestou toda a sua cota de 3,7 bilhões de reais pelo aplicativo Itaú Empresas. Na sexta-feira, por conta de instabilidade nos sistemas devido à alta demanda, o banco suspendeu o serviço até a segunda-feira. Até então, tinha concedido 70% dos 3 bilhões disponíveis.
No começo desta semana, milhares de empreendedores desesperados por uma chance de conseguir a cota final do banco,formaram uma fila virtual no app desde as 4h da manhã. Em meia hora, a partir das 8h, o banco já havia disponibilizado os 30% restantes e mais 700 milhões adicionais obtidos durante o final de semana junto ao BB, que opera o Fundo Garantidor de Operações (FGO) da linha.
Os dois outros grandes bancos privados, Bradesco e Santander, devem começar a trabalhar com a linha somente no final de julho e no começo de agosto.