Exame Logo

Para evitar decepções com franquias e franqueados

A rede tem medo de escolher o franqueado errado. O candidato desconfia das promessas da franquia. Qual a saída para evitar conflitos? Fazer um test drive

Regina Jordão: testes para saber se o candidato não se empenha ou trata mal os funcionários (Marcelo Correa)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2011 às 08h00.

Concessionárias de automóveis costumam oferecer ao cliente em potencial a possibilidade de dar algumas voltas no carro antes de assinar contrato.

A vantagem, para elas, é melhorar a credibilidade e diminuir o índice de reclamações. Para o consumidor, é a chance de descobrir — antes que seja tarde — se o veículo atende às suas necessidades.

Seguindo uma lógica parecida, diversas redes de franquias vêm oferecendo aos potenciais franqueados a alternativa de conhecer de perto o dia a dia da operação antes de fechar negócio. No test drive das redes, os interessados em adquirir uma franquia são convidados a realizar todas as atividades em uma unidade já em funcionamento.

Normalmente, eles permanecem de um a três dias, desde a abertura da loja até a saída do último funcionário. "Ver a pessoa em ação diminui a possibilidade de escolher alguém com perfil inadequado", afirma Filomena Garcia, sócia-diretora da consultoria Franchise Store.


Os candidatos, por sua vez, podem verificar se querem mesmo investir naquele tipo de negócio. Além disso, têm a oportunidade de comparar as promessas do franqueador com a realidade. "Muita gente desiste nessa etapa do processo", diz Marcus Rizzo, consultor especializado em franquias.

"Em algumas redes, isso acontece com metade dos interessados." Veja a seguir como franqueadores e potenciais franqueados podem tirar melhor proveito da experiência.

Quando funciona?

Para o Franqueador: O test drive pode ser útil para quem procura um perfil específico de franqueado, tanto comportamental como técnico.  Sem um processo que ajude a conhecer os candidatos, é bem mais difícil acertar.

"Demorei quase quatro anos para perceber que algumas lojas não tinham bom desempenho porque os franqueados estavam interessados só em recuperar o investimento e não queriam acompanhar o dia a dia do negócio", diz Gilson Reis, de 44 anos, dono da rede goiana de bancas de jornal Almanaque Revistaria.

Hoje, antes de firmar compromisso, Reis exige que o interessado passe ao menos um dia inteiro em alguma das 20 lojas da Almanaque Revistaria — a rede faturou 15 milhões de reais em 2010.

Para o Franqueado: Se mesmo depois de conversar com a equipe do franqueador restarem dúvidas e inseguranças, o test drive é crucial.  A goiana Tatianna Ribeiro só entrou em contato com a Almanaque Revistaria porque havia a possibilidade de vivência em uma unidade da rede.

"Eu morria de medo de não me adaptar", diz ela. "Durante o processo, conheci como a empresa lidava com tudo, desde a administração de estoque até o software de gestão, o que aumentou minha confiança." Hoje, Tatianna é dona de duas unidades da rede em Goiânia.


Como pôr em prática?

Para o Franqueador: Um funcionário da rede ou consultor deve acompanhar a experiência. A esteticista Regina Jordão, de 50 anos, sócia da rede de institutos de depilação Pello Menos, avalia como o candidato lida com clientes e funcionários, sua habilidade em desempenhar as tarefas do dia a dia e a postura diante de situações complicadas, como o comportamento ao atender um cliente que reclama dos serviços.

Com 41 lojas e faturamento de 30 milhões de reais em 2010, a Pello Menos realiza o teste na loja mais conveniente para o potencial franqueado. “Notamos que adotar uma unidade modelo não tinha o mesmo efeito do que colocar o candidato em uma operação comum”, diz Regina.

Para o Franqueado: O candidato de­ve ficar atento aos produtos e serviços mais vendidos e ao perfil dos consumidores, pois esses aspectos ajudam a projetar a rentabilidade do negócio.

"Achei interessante fazer o teste para ter certeza de que haveria um bom movimento de clientes", diz Maurício Beida, de 45 anos, dono de uma franquia da Pello Menos no Rio de Janeiro. Durante o teste, é importante prestar atenção nos processos e na cultura empresarial da rede.

Para Beida, a experiência mostrou um empecilho que, de tão trivial, provavelmente teria passado despercebido num processo sem test drive: ele foi proibido de entrar na sala de depilação enquanto havia mulheres sendo atendidas. "Resolvi esse problema colocando minha mulher para trabalhar comigo."


Como avaliar?

Para o Franqueador: Terminado o test drive, o franqueador deve se basear nos dados preenchidos no relatório para analisar pontos fortes e deficiências. Os itens decisivos variam de acordo com o perfil de cada rede, mas pelo menos três costumam ter destaque: interesse pelo dia a dia do negócio, capacidade de liderança e desenvoltura para lidar com situações inesperadas.

"Considero péssimo sinal quando o candidato trata alguém mal ou não se mostra empenhado", afirma Regina, da rede Pello Menos. Antes de tomar uma decisão, recomenda-se chamar o potencial franqueado para uma conversa. "O teste não deve ser motivo de eliminação por si só", diz Marcus Rizzo.

Nessa etapa, também é interessante dar espaço para que o possível parceiro mostre o que achou da empresa. A conversa pode ajudar a identificar falhas na forma como a franquia é oferecida ou até mesmo na execução de alguns processos.

Para o Franqueado: Depois da experiência, o candidato deve analisar as promessas da rede e verificar se possui perfil para o negócio. Caso se sinta preparado para seguir em frente, ainda assim é interessante anotar quais pontos o deixaram mais desconfortável durante o test drive e discutir com o franqueador o que fazer para contorná-los.

Ao participar da entrevista com o franqueador, ele deve perguntar em quais aspectos deixou a desejar durante o teste. Quanto mais atento estiver às suas fraquezas, maiores as chances de superar as dificuldades e ter uma operação de sucesso.

Veja também

Concessionárias de automóveis costumam oferecer ao cliente em potencial a possibilidade de dar algumas voltas no carro antes de assinar contrato.

A vantagem, para elas, é melhorar a credibilidade e diminuir o índice de reclamações. Para o consumidor, é a chance de descobrir — antes que seja tarde — se o veículo atende às suas necessidades.

Seguindo uma lógica parecida, diversas redes de franquias vêm oferecendo aos potenciais franqueados a alternativa de conhecer de perto o dia a dia da operação antes de fechar negócio. No test drive das redes, os interessados em adquirir uma franquia são convidados a realizar todas as atividades em uma unidade já em funcionamento.

Normalmente, eles permanecem de um a três dias, desde a abertura da loja até a saída do último funcionário. "Ver a pessoa em ação diminui a possibilidade de escolher alguém com perfil inadequado", afirma Filomena Garcia, sócia-diretora da consultoria Franchise Store.


Os candidatos, por sua vez, podem verificar se querem mesmo investir naquele tipo de negócio. Além disso, têm a oportunidade de comparar as promessas do franqueador com a realidade. "Muita gente desiste nessa etapa do processo", diz Marcus Rizzo, consultor especializado em franquias.

"Em algumas redes, isso acontece com metade dos interessados." Veja a seguir como franqueadores e potenciais franqueados podem tirar melhor proveito da experiência.

Quando funciona?

Para o Franqueador: O test drive pode ser útil para quem procura um perfil específico de franqueado, tanto comportamental como técnico.  Sem um processo que ajude a conhecer os candidatos, é bem mais difícil acertar.

"Demorei quase quatro anos para perceber que algumas lojas não tinham bom desempenho porque os franqueados estavam interessados só em recuperar o investimento e não queriam acompanhar o dia a dia do negócio", diz Gilson Reis, de 44 anos, dono da rede goiana de bancas de jornal Almanaque Revistaria.

Hoje, antes de firmar compromisso, Reis exige que o interessado passe ao menos um dia inteiro em alguma das 20 lojas da Almanaque Revistaria — a rede faturou 15 milhões de reais em 2010.

Para o Franqueado: Se mesmo depois de conversar com a equipe do franqueador restarem dúvidas e inseguranças, o test drive é crucial.  A goiana Tatianna Ribeiro só entrou em contato com a Almanaque Revistaria porque havia a possibilidade de vivência em uma unidade da rede.

"Eu morria de medo de não me adaptar", diz ela. "Durante o processo, conheci como a empresa lidava com tudo, desde a administração de estoque até o software de gestão, o que aumentou minha confiança." Hoje, Tatianna é dona de duas unidades da rede em Goiânia.


Como pôr em prática?

Para o Franqueador: Um funcionário da rede ou consultor deve acompanhar a experiência. A esteticista Regina Jordão, de 50 anos, sócia da rede de institutos de depilação Pello Menos, avalia como o candidato lida com clientes e funcionários, sua habilidade em desempenhar as tarefas do dia a dia e a postura diante de situações complicadas, como o comportamento ao atender um cliente que reclama dos serviços.

Com 41 lojas e faturamento de 30 milhões de reais em 2010, a Pello Menos realiza o teste na loja mais conveniente para o potencial franqueado. “Notamos que adotar uma unidade modelo não tinha o mesmo efeito do que colocar o candidato em uma operação comum”, diz Regina.

Para o Franqueado: O candidato de­ve ficar atento aos produtos e serviços mais vendidos e ao perfil dos consumidores, pois esses aspectos ajudam a projetar a rentabilidade do negócio.

"Achei interessante fazer o teste para ter certeza de que haveria um bom movimento de clientes", diz Maurício Beida, de 45 anos, dono de uma franquia da Pello Menos no Rio de Janeiro. Durante o teste, é importante prestar atenção nos processos e na cultura empresarial da rede.

Para Beida, a experiência mostrou um empecilho que, de tão trivial, provavelmente teria passado despercebido num processo sem test drive: ele foi proibido de entrar na sala de depilação enquanto havia mulheres sendo atendidas. "Resolvi esse problema colocando minha mulher para trabalhar comigo."


Como avaliar?

Para o Franqueador: Terminado o test drive, o franqueador deve se basear nos dados preenchidos no relatório para analisar pontos fortes e deficiências. Os itens decisivos variam de acordo com o perfil de cada rede, mas pelo menos três costumam ter destaque: interesse pelo dia a dia do negócio, capacidade de liderança e desenvoltura para lidar com situações inesperadas.

"Considero péssimo sinal quando o candidato trata alguém mal ou não se mostra empenhado", afirma Regina, da rede Pello Menos. Antes de tomar uma decisão, recomenda-se chamar o potencial franqueado para uma conversa. "O teste não deve ser motivo de eliminação por si só", diz Marcus Rizzo.

Nessa etapa, também é interessante dar espaço para que o possível parceiro mostre o que achou da empresa. A conversa pode ajudar a identificar falhas na forma como a franquia é oferecida ou até mesmo na execução de alguns processos.

Para o Franqueado: Depois da experiência, o candidato deve analisar as promessas da rede e verificar se possui perfil para o negócio. Caso se sinta preparado para seguir em frente, ainda assim é interessante anotar quais pontos o deixaram mais desconfortável durante o test drive e discutir com o franqueador o que fazer para contorná-los.

Ao participar da entrevista com o franqueador, ele deve perguntar em quais aspectos deixou a desejar durante o teste. Quanto mais atento estiver às suas fraquezas, maiores as chances de superar as dificuldades e ter uma operação de sucesso.

Acompanhe tudo sobre:EmpreendedoresEmpreendedorismoFranquiasPequenas empresas

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de PME

Mais na Exame