O que faz o sucesso de uma empresa
Em The Illusions of Entrepreneurship, o americano Scott Shane derruba crenças comuns sobre empreendedorismo e aponta o que importa para o sucesso de uma nova empresa
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2011 às 08h00.
Michael Dell tinha só 19 anos quando revolucionou o mercado de computadores com vendas diretas e fabricação sob encomenda. Aos 20, Mark Zuckerberg deu início ao Facebook, uma das empresas mais valiosas da internet.
Steve Jobs tinha 21 anos quando criou a Apple. Com suas histórias de sucesso, Dell, Zuckerberg e Jobs parecem ser retratos bem-acabados do típico empreendedor americano, o jovem que constrói um império a partir do nada, fomenta a inovação com sua empresa de alta tecnologia, gera milhares de empregos e conquista fortunas — mas isso pode não passar de pura ilusão.
É o que defende Scott Shane em seu livro The Illusions of Entrepreneurship (“As ilusões sobre empreendedorismo”, numa tradução livre, ainda não publicado no Brasil).
Professor da Universidade Case Western, em Ohio, e pesquisador de novos negócios, Shane reuniu uma série de informações sobre empreendedorismo — incluindo o desempenho financeiro de centenas de empresas americanas em estágio inicial e o impacto que elas geram no meio em que atuam — para traçar um cenário bem menos glamouroso sobre o dia a dia de quem ganha a vida à frente de seu próprio negócio.
Histórias de pessoas que fazem fortuna apenas com uma boa ideia e poucos dólares no bolso são exceção. Na maioria das vezes, defende Shane, casos assim acabam apenas contribuindo para fortalecer alguns dos mitos que persistem em rondar o universo do empreendedorismo.
O típico empreendedor americano, afirma Shane, é casado, tem 40 anos e inicia um negócio em atividades que não demandam grandes inovações ou alta tecnologia, como a construção civil ou o varejo. Lá, como aqui, as possibilidades de sobrevivência de uma empresa em estágio inicial são pequenas.
Mais da metade dos novos negócios fecha as portas antes de completar cinco anos de vida. Quando conseguem sobreviver, geram em média receitas anuais de 100 000 dólares. "Quem abre sua empresa trabalha muito mais e nem sempre ganha melhor do que se estivesse empregado em uma grande companhia", diz Shane.
Ao deixar de lado histórias individuais de alguns poucos empreendedores de sucesso e sair à caça de números e informações da vida real, Shane frustra muita gente — sobretudo aqueles que anseiam tornar-se milionários rapidamente trabalhando por conta própria. Mas, por outro lado, ajuda a destruir ideias falsas que só fazem mal à saúde financeira de uma empresa em formação.
Uma de suas principais contribuições é demonstrar que, diferentemente do que muitos apregoam, as características pessoais do empreendedor — como autoconfiança e facilidade para liderar equipes — nem sempre importam tanto para garantir o sucesso de um negócio.
Shane sustenta que o que diferencia uma empresa fadada ao fracasso de outra que cresce de forma acelerada são fatores bem mais concretos que a personalidade do dono, e estão relacionados a decisões práticas, como a escolha do mercado de atuação ou das fontes corretas de financiamento.
Shane também defende que é um erro ter pressa para começar um negócio. Embora alguns dos empreendedores mais aclamados da atualidade tenham abandonado a escola para criar uma empresa precocemente — caso de Dell, Zuckerberg e Jobs —, os dados sugerem que as chances de sucesso são maiores para quem estuda mais, ganha experiência trabalhando em uma grande companhia, traça um bom plano de negócios e, somente depois, abre a própria empresa.
De acordo com as pesquisas, quem tem experiência como empregado tende a ser mais bem-sucedido à frente de um negócio, assim como as pessoas mais velhas. Na média, afirma Shane, negócios fundados por empreendedores com idade entre 45 e 54 anos têm desempenho melhor do que os criados por quem tem menos de 35.
Para ele, quanto maior o grau de instrução do fundador, maiores as chances de a empresa ter um bom desempenho. Pessoas mais instruídas têm acesso mais fácil a fontes de financiamento, e suas empresas, melhores índices de vendas e lucratividade.
Além do conhecimento, a rede de contatos tecida durante os anos que a pessoa passa nas universidades ou em escolas de negócios pode explicar o melhor desempenho desses empreendedores.
O empreendedorismo, diz Shane, é fundamental ao capitalismo. Mas a criação aleatória de novos negócios sem muita perspectiva de futuro, não. "O surgimento de novos negócios por si só é pouco relevante para o desenvolvimento de uma sociedade", afirma.
"Sobretudo em razão das escolhas erradas de muitos empreendedores, grande parte dessas novas empresas tem poucas chances de sobreviver." Para ele, somente os negócios com grande potencial de expansão deveriam receber apoio e incentivos porque somente esses contribuirão para impulsionar a economia, gerar empregos e tornar rico seu fundador.
Michael Dell tinha só 19 anos quando revolucionou o mercado de computadores com vendas diretas e fabricação sob encomenda. Aos 20, Mark Zuckerberg deu início ao Facebook, uma das empresas mais valiosas da internet.
Steve Jobs tinha 21 anos quando criou a Apple. Com suas histórias de sucesso, Dell, Zuckerberg e Jobs parecem ser retratos bem-acabados do típico empreendedor americano, o jovem que constrói um império a partir do nada, fomenta a inovação com sua empresa de alta tecnologia, gera milhares de empregos e conquista fortunas — mas isso pode não passar de pura ilusão.
É o que defende Scott Shane em seu livro The Illusions of Entrepreneurship (“As ilusões sobre empreendedorismo”, numa tradução livre, ainda não publicado no Brasil).
Professor da Universidade Case Western, em Ohio, e pesquisador de novos negócios, Shane reuniu uma série de informações sobre empreendedorismo — incluindo o desempenho financeiro de centenas de empresas americanas em estágio inicial e o impacto que elas geram no meio em que atuam — para traçar um cenário bem menos glamouroso sobre o dia a dia de quem ganha a vida à frente de seu próprio negócio.
Histórias de pessoas que fazem fortuna apenas com uma boa ideia e poucos dólares no bolso são exceção. Na maioria das vezes, defende Shane, casos assim acabam apenas contribuindo para fortalecer alguns dos mitos que persistem em rondar o universo do empreendedorismo.
O típico empreendedor americano, afirma Shane, é casado, tem 40 anos e inicia um negócio em atividades que não demandam grandes inovações ou alta tecnologia, como a construção civil ou o varejo. Lá, como aqui, as possibilidades de sobrevivência de uma empresa em estágio inicial são pequenas.
Mais da metade dos novos negócios fecha as portas antes de completar cinco anos de vida. Quando conseguem sobreviver, geram em média receitas anuais de 100 000 dólares. "Quem abre sua empresa trabalha muito mais e nem sempre ganha melhor do que se estivesse empregado em uma grande companhia", diz Shane.
Ao deixar de lado histórias individuais de alguns poucos empreendedores de sucesso e sair à caça de números e informações da vida real, Shane frustra muita gente — sobretudo aqueles que anseiam tornar-se milionários rapidamente trabalhando por conta própria. Mas, por outro lado, ajuda a destruir ideias falsas que só fazem mal à saúde financeira de uma empresa em formação.
Uma de suas principais contribuições é demonstrar que, diferentemente do que muitos apregoam, as características pessoais do empreendedor — como autoconfiança e facilidade para liderar equipes — nem sempre importam tanto para garantir o sucesso de um negócio.
Shane sustenta que o que diferencia uma empresa fadada ao fracasso de outra que cresce de forma acelerada são fatores bem mais concretos que a personalidade do dono, e estão relacionados a decisões práticas, como a escolha do mercado de atuação ou das fontes corretas de financiamento.
Shane também defende que é um erro ter pressa para começar um negócio. Embora alguns dos empreendedores mais aclamados da atualidade tenham abandonado a escola para criar uma empresa precocemente — caso de Dell, Zuckerberg e Jobs —, os dados sugerem que as chances de sucesso são maiores para quem estuda mais, ganha experiência trabalhando em uma grande companhia, traça um bom plano de negócios e, somente depois, abre a própria empresa.
De acordo com as pesquisas, quem tem experiência como empregado tende a ser mais bem-sucedido à frente de um negócio, assim como as pessoas mais velhas. Na média, afirma Shane, negócios fundados por empreendedores com idade entre 45 e 54 anos têm desempenho melhor do que os criados por quem tem menos de 35.
Para ele, quanto maior o grau de instrução do fundador, maiores as chances de a empresa ter um bom desempenho. Pessoas mais instruídas têm acesso mais fácil a fontes de financiamento, e suas empresas, melhores índices de vendas e lucratividade.
Além do conhecimento, a rede de contatos tecida durante os anos que a pessoa passa nas universidades ou em escolas de negócios pode explicar o melhor desempenho desses empreendedores.
O empreendedorismo, diz Shane, é fundamental ao capitalismo. Mas a criação aleatória de novos negócios sem muita perspectiva de futuro, não. "O surgimento de novos negócios por si só é pouco relevante para o desenvolvimento de uma sociedade", afirma.
"Sobretudo em razão das escolhas erradas de muitos empreendedores, grande parte dessas novas empresas tem poucas chances de sobreviver." Para ele, somente os negócios com grande potencial de expansão deveriam receber apoio e incentivos porque somente esses contribuirão para impulsionar a economia, gerar empregos e tornar rico seu fundador.