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Microfinanças devem crescer Brasil, dizem especialistas

Entidades estão dispostas a investir no País, mas apontam desafios, como necessidade de definir estratégias de longo prazo e educar tomadores de crédito

Falta de investidores locais e de estratégia com foco comercial são problemas do país (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 14h26.

Brasília - O Brasil tem grande potencial para crescer no setor das microfinanças, mas precisa vencer desafios importantes e remover alguns entraves para realizar esse potencial.

Essa constatação é unânime entre representantes de organismos internacionais de fomento presentes no painel ‘A Visão de Organismos Internacionais de Fomento: o Contexto Brasileiro em Debate’, nesta quinta-feira (18), durante o II Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, que prossegue até amanhã (19) em Brasília.

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Maud Chalamet, diretora executiva da Planet Finance Brasil, organismo internacional que apoia o desenvolvimento de microfinanças, com sede na França, afirmou que "o Brasil é destaque no exterior, tanto pelo cenário político quanto pelo econômico", e ressaltou que "o País é a primeira economia da América Latina e possui um dos maiores segmentos de microempresas. Porém, a taxa de penetração do setor de microfinanças é baixa, em torno de 5% e 8%".

Ao avaliar as características do mercado brasileiro das microfinanças, Maud Chalamet disse que há uma elevada concentração de operações, distribuídas entre um pequeno número de instituições. Comparado com os outros países da região, custos operacionais das instituições de microfinanças brasileiras de menor porte estão muito elevados. Ainda sobre o olhar externo, a diretora citou que há uma elevada concentração de devedores para uma única entidade estatal, no caso, o BNDES.

Desafios
Entre os desafios para o setor das microfinanças, Maud listou: a necessidade de estratégias de longo prazo focalizadas em crescimento e sustentabilidade e acesso a funding para garantir escala; investir na transparência e na implementação de padrões internacionais para atrair os financiamentos externos; criação de novos produtos adaptados à demanda, como microsseguros e crédito para educação, e com valor agregado para os clientes; criação de canais de distribuição inovadores e de baixo custo, como mobile banking, agentes de crédito; ampliação do uso da tecnologia; segurança; mobilidade; e decisões automáticas de concessão (scoring).

Terence Gallagher, do International Finance Corporation (IFC), um dos braços do grupo do Banco Mundial que trabalha com o setor privado, também vê no Brasil um forte potencial em microfinanças. Segundo ele, "o País tem condições de mobilizar R$ 1 bilhão do compulsório", a parcela dos depósitos que os bancos devem manter no Banco Central.

Entraves
Como entraves ao fomento efetivo dos organismos internacionais às microfinanças no Brasil, segundo Terence Gallagher, estão a falta de mercado secundário, falta de investidores locais, falta de estratégia com foco comercial, além da necessidade de melhorar o marco regulatório para avançar nas transformações institucionais.

Mathias Knoch, coordenador das áreas Brasil Nordeste e Moçambique da DGRV, instituição representativa das cooperativas da Alemanha, chamou atenção para a importância de o Brasil criar alternativas para melhorar a qualidade dos conhecimentos financeiros dos tomadores de crédito.

Faltam clientes com conhecimento de gestão básico. Não podemos emprestar para quem não sabe o que fazer com o dinheiro. Sobre isso, sabemos que o Sebrae tem feito um excelente trabalho na formalização dos empreendedores individuais e nas capacitações”, disse. Ele também se mostrou preocupado com o alto grau de endividamento dos brasileiros. “Se cerca de 80% da renda da pessoa já está comprometida, não tem como ele adquirir crédito”, finalizou.

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