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Irmãs faturam milhões e vão a Londres com doces ‘desconstruídos’

Criado por duas irmãs - uma psicóloga e uma fotógrafa - negócio surgiu numa cidadezinha de Santa Catarina e faturou R$ 8 milhões em 2016.

Taça desconstruída do Café du Centre (Café du Centre/Divulgação)

Mariana Desidério

Publicado em 2 de julho de 2017 às 08h00.

Última atualização em 3 de julho de 2017 às 09h24.

São Paulo – Uma rede de cafeterias criada em Itapema, uma cidade de apenas 59 mil habitantes no litoral de Santa Catarina, está chamando a atenção dos amantes de um bom café com sobremesa e já aguarda a inauguração de sua primeira unidade internacional em Londres. Trata-se da Café du Centre, franquia criada pelas irmãs Bruna e Paula Vieira em 2014.

Com um ambiente charmoso inspirado em Paris, a cafeteria é conhecida principalmente por suas “taças desconstruídas” – doces servidos em taças lambuzadas de chocolates, chantilly, cremes e outras delícias.

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O negócio surgiu do gosto das irmãs Vieira por café. “A gente sempre se encontrava depois do trabalho para tomar um café. Só que não tinha cafeteria em Itapema, então íamos a alguma cidade vizinha. Até que pensamos: ‘Por que não abrir um café aqui?’”, conta Bruna.

Taça desconstruída do Café du Centre (Café du Centre/Divulgação)

Mão na massa

Na época, a ideia das irmãs era que o negócio fosse uma segunda fonte de renda. Psicóloga de formação, Bruna atendia em consultório enquanto a irmã atuava como fotógrafa. Nenhuma das duas tinha experiência com gastronomia, tampouco possuía dinheiro para investir no negócio.

“Foi tudo feito com muita economia. Nós tínhamos um imóvel vazio na cidade e eu vendi meu carro para termos dinheiro para iniciar”, lembra a empreendedora. A venda do veículo rendeu cerca de 80 mil reais, que foram usados na reforma e decoração do espaço além de custear o início da operação.

“Não tínhamos verba para contratar arquiteto, então o projeto foi todo feito por nós, com a mão na massa. Reaproveitamos o MDF de um armário antigo na decoração e eu mesma pintei as paredes com a ajuda do meu pai”, conta. O pai das sócias sempre atuou no comércio e hoje também trabalha no café.

Da mesma forma despretensiosa surgiu a ideia das taças desconstruídas. “Um cliente pediu uma taça de sorvete que estava no cardápio, e na hora de servir eu pensei: ‘Essa taça poderia estar melhor’. E inventei uma decoração diferente. O cliente adorou e nós investimos na novidade criando mais”, conta.

Taça desconstruída do Café du Centre (Café du Centre/Thinkstock)

A marca agora disputa com outras cafeterias a criação das tais taças. “Nosso setor jurídico trabalha incansavelmente por conta disso, porque existem lugares que simplesmente copiaram a nossa ideia, e isso é muito chato”, lamenta a empreendedora.

Apesar da fama alcançada pelas taças, a especialidade do Café du Centre na verdade são os croissants franceses, iguaria que, aliás, as irmãs só puderam experimentar em seu país de origem há pouco tempo: apesar da inspiração parisiense do café, elas só conheceram a França depois que se tornaram empreendedoras.

Fila de três horas

O sucesso do negócio veio de forma rápida e inesperada. No primeiro verão, a casa já tinha espera na porta. “Fomos surpreendidas pela aceitação, era uma cafeteria audaciosa para uma cidade pequena, de praia, mas foi bem aceita. Começamos a ter filas de duas a três horas e as pessoas perguntavam de onde era aquela rede, queriam saber se era franquia”, lembra.

Foi então que as irmãs e sócias decidiram buscar uma consultoria especializada em franquias. O modelo de rede foi formatado e em 2015 a Café du Centre entrou para o franchising.

Atualmente, a rede possui 15 unidades, espalhadas principalmente por cidades do Sul do país. Agora se prepara para inaugurar sua primeira unidade internacional em Londres. “Recebemos várias propostas para abrir fora, mas optamos por Londres por ser uma cidade aberta a novidades”, conta a empreendedora. O franqueado londrino é um empreendedor que estava no Brasil a passeio, gostou da cafeteria e decidiu investir.

Com tanto sucesso, Bruna precisou deixar de lado a carreira como psicóloga. “Nunca me imaginei trabalhando com gastronomia, muito menos criando novos produtos, sempre me achei pouco criativa. Para você ter uma ideia, meu plano era estudar medicina. Hoje não me vejo sem a cafeteria, estou muito feliz. Foi tudo tão rápido que ainda não caiu a ficha”, afirma. Já Paula Vieira continua se dividindo entre a cafeteria e sua empresa de fotografia.

Em 2016, a rede Café du Centre faturou R$ 8 milhões. Para 2017, a expectativa é crescer 30%. Para quem ficou interessado em abrir uma unidade, o investimento inicial é de R$ 300 mil a R$ 350 mil.

As irmãs Paula e Bruna Vieira, donas da rede Café du Centre (Café du Centre/Divulgação)

 

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