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Gupy capta R$ 500 mi, maior investimento em HRTech na América Latina

O aporte na plataforma de recrutamento também é o maior do Brasil para uma empresa fundada por mulheres

Fundadores da Gupy: Bruna Guimarães, COO; Guilherme Dias, CMPO; Robson Ventura, CTO; e Mariana Dias, CEO (Gupy/Divulgação)

Fundadores da Gupy: Bruna Guimarães, COO; Guilherme Dias, CMPO; Robson Ventura, CTO; e Mariana Dias, CEO (Gupy/Divulgação)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 06h00.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 10h20.

Pioneira no uso de inteligência artificial no recrutamento e seleção, a Gupy acaba de atingir um marco importante para sua história: com uma captação de 500 milhões de reais, a startup recebeu o maior investimento já feito para uma plataforma de RH na América Latina.

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A rodada foi liderada pelos fundos SoftBank Latin America e Riverwood, teve participação da Endeavor Catalyst e foi acompanhada pelos atuais investidores Oria Capital e Maya Capital.

O investimento é um grande salto do aporte anterior, de 40 milhões de reais, em 2020. Mas é o segundo mérito da rodada que aumenta o sorriso no rosto da CEO e cofundadora Mariana Dias: o valor também é o maior para uma empresa fundada por mulheres no Brasil.

“Sempre fui movida por inspirações, mas quando comecei como empreendedora não tinha nenhuma mulher para me inspirar. Os homens me ajudaram muito, mas a gente sabe como o senso de pertencimento e a diversidade são relevantes”, diz.

A CEO espera que sua figura e de sua cofundadora e COO, Bruna Guimarães, sejam inspiração para mais investimentos e oportunidades para negócios com mulheres na liderança.

Segundo pesquisa da Crunchbase, apenas 2,3% do capital em 2020 foi para startups que tinham ao menos uma mulher no quadro de fundadores. E o Banco Mundial aponta que apenas 8% dos fundos de Venture Capital ou private equity na América Latina têm mulheres na liderança.

Trajetória da Gupy

Fundada em 2015, a ideia de criar uma solução de tecnologia para a área de recrutamento veio da experiência de Mariana como trainee na Ambev. Ao participar de um projeto na área de pessoas que usava estatística, ela começou a descobrir o poder da inteligência artificial para selecionar candidatos.

Junto com seu irmão Guilherme Dias, e os outros sócios Bruna Guimarães e Robson Ventura, o negócio começou com uma ideia de criar um algoritmo para prever o potencial do candidato de crescer dentro da empresa.

De lá para cá, a Gupy já comprovou a ideia original e foi além. Na plataforma, mais de 22 milhões de usuários acessam mais de 60.000 novas posições publicadas mensalmente por clientes como a própria Ambev, Vivo, GPA e Santander.

“O diferencial forte da Gupy é prezar por ser uma empresa sustentável. Um dos nossos indicadores de referência é o churn rate, a saída de empresas, que é um dos menores de todo o mercado Saas (sigla para software as a service), de menos de 1%”, diz Mariana. 

Mantendo um crescimento anual superior a 100% todos os anos, o cenário da pandemia fez com que o negócio oferecesse a solução certa na hora certa para as equipes de RH correndo para digitalizar todo o processo de contratação.

Para entregar uma solução mais completa, a ferramenta para admissão online foi adicionada ao portfólio de produtos da Gupy.

Após o investimento de 40 milhões de reais, a startup também fez sua primeira aquisição: o Niduu, um aplicativo para educação corporativa. Para o co-fundador Guilherme Dias, a compra da Niduu foi o passo para dar conta o desafio maior que a empresa quer enfrentar: o da empregabilidade no Brasil.

“A gente entende que esse desafio é muito mais do que a contratação. Muito além de fechar uma posição, hoje é necessário fazer o upskilling e reskilling para ter dentro da empresa soluções para preencher o gap de habilidades. A busca de soluções no núcleo de treinamento não é só no Brasil, mas lá fora também”, afirma.

Segundo dados o Fórum Econômico Mundial, 50% da mão de obra global vai precisar de alguma atualização de suas habilidades profissionais para manter seu emprego até 2025. O reskilling, ou requalificação, foi colocado como a tendência da próxima década.

O relatório do fórum divulgação em 2021 estima um ganho de 6,5 trilhões de dólares no PIB global com o acréscimo de produtividade vindo da requalificação.

O momento das HRtechs

Todas as novidades contam a história de forte tendência: a busca por soluções mais integradas para a área de pessoas.

“É uma dor do RH ter várias soluções pequenas que não se falam. Um indicador não aprende com o outro. Soluções inovadoras e integradas vão ajudar com isso, tornando a jornada mais fluida”, diz o Guilherme Dias.

Afinal, empresas como a Gupy não podem pensar no RH como seu único cliente final. A startup serve como ponte para os futuros funcionários da empresa. Sendo o primeiro ponto de contato com o futuro empregador, ela também é parte da jornada de experiência do colaborador, expressão que não sai da lista de prioridades da gestão de pessoas.

É um movimento que os diversos negócios de tecnologia para o setor já começaram a vislumbrar ou vão precisar enfrentar. A Flash, por exemplo, começou como provedora de benefícios flexíveis e quer se posicionar como um hub de soluções de recursos humanos.

O montante do novo aporte da Gupy mostra que os investidores também estão atentos para o mundo das HRTechs. Para Mariana Dias, o investimento mostra que os fundos estão olhando para a atração e desenvolvimento de talentos como um potencial para o sucesso das companhias.

“É uma validação da nossa visão. E esses dois fundos [líderes da rodada] de referência querem ajudar com essa consolidação para trazer mais eficiência para as empresas e os RHs”, diz a CEO.

Próximos passos da Gupy

Com o novo aporte, os irmãos prometem mais um ano agitado para a Gupy e dizem que diversas inovações logo estarão saindo do forno.

Uma novidade saiu quase junto da rodada: eles lançaram um portal de vagas que reúne todas as oportunidades publicadas por seus clientes. Antes, as vagas ficavam disponíveis em páginas personalizadas de cada empresa.

Assim, o primeiro pilar que a empresa vai se atentar em 2022 é na empregabilidade, com novos projetos de desenvolvimento de habilidades na esteira dos próximos meses.

Em segundo lugar, a Gupy planejar acelerar sua penetração no Brasil. Com o currículo de papel esquecido sem ser lido como seu principal inimigo, a ideia da empresa é olhar para as oportunidades de negócio entre as vagas de emprego de empresas que ainda não foram para o digital.

“Temos clientes em mais de 10 países, mas estamos focados no Brasil. Podemos ajudar com muitas coisas no nosso país, queremos que mais candidatos possam conseguir um emprego”, afirma Mariana.

E o terceiro pilar nos planos da startup é a experiência do candidato. Segundo Guilherme Dias, inovar nessa área faz parte do sucesso do cliente.

Então, a empresa está olhando para formas de acabar com dores comuns, com o lançamento recente de um selo para as empresas que mais dão feedback, transparência na relação de número de candidatos por vagas e até um curso para utilizar melhor a plataforma.

Os três pontos vão guiar o trabalho da empresa no próximo ano. Para acompanhar o ritmo acelerado de novidades, também há a expectativa de um crescimento da equipe. Em 2020, a empresa dobrou de tamanho e, em 2021, foram mais de 100 contratações. Em 2022, a previsão é que mais de 200 vagas sejam abertas para todo o Brasil e em todas as áreas.

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