Estas empresas mudaram seu modelo de negócio para combater o coronavírus
Fintech cria plataforma para ajudar pequenos negócios, empresa de serviços domésticos oferece higienização de ambientes, e aplicativo entrega comida caseira
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de abril de 2020 às 08h00.
Última atualização em 4 de abril de 2020 às 20h33.
Em tempos de pandemia, o mundo dos negócios está no meio de um turbilhão de mudanças. Entre adoção de home office, comércio eletrônico, delivery e outras formas de manter as vendas e serviços, muitas pequenas empresas precisam correr para se adaptar ao novo cenário.
Com a vantagem de serem menores e mais ágeis, algumas startups e pequenas empresas mudaram completamente seu modelo de negócios em poucos dias.
Veja abaixo exemplos de empresas e startups que, nas últimas semanas, criaram novos serviços, plataformas e negócios para combater a crise do coronavírus.
Compre dos pequenos
Em poucos dias, a fintech Cora criou um novo negócio, o "Compre dos Pequenos". É uma plataforma em que consumidores podem comprar vouchers de produtos e serviços de pequenos negócios, para serem usados depois do fim da pandemia. Com a antecipação de receitas, os empreendedores podem manter pagamentos fixos, como salários de funcionários, aluguel e contas.
A Cora também passará a produzir e a distribuir conteúdo para essas empresas, como por exemplo dicas de como sacar os benefícios oferecidos pelo governo, como começar a vender em um grande marketplace, soluções para delivery, entre outros.
Os fundadores Leonardo Mendes e Igor Senra já haviam fundado outra fintech, a Moip, que em 2016 foi vendida para a alemã Wirecard, por cerca de 165 milhões de reais. "Começamos a Moip voltada para os pequenos e médios empreendedores e acabamos nos apaixonando por esse segmento, pela força e energia dos empreendedores", diz Senra, hoje presidente da Cora.
Após deixar a operação da Moip, os sócios decidiram criar um banco digital para pequenas e médias empresas. Passaram um ano desenvolvendo o projeto e o apresentaram a investidores conhecidos. A Cora recebeu um dos maiores valores em investimento semente entre as startups brasileiras. "A empresa ainda estava no powerpoint e recebemos 10 milhões de dólares em investimentos", diz Senra.
No entanto, a empresa precisou se reinventar completamente. "O nosso propósito era ajudar os pequenos negócios a atingir seus sonhos. No momento, esses negócios não conseguem sonhar, porque estão preocupados em sobreviver", afirma.
A nova plataforma, com 2.000 empresas cadastradas, já tem uma adesão maior do que o negócio original, o banco digital, que tem 120 clientes.
Novo serviço
Menos de um ano depois de ter sido criada, uma empresa digital de serviços automotivos e residenciais precisou se reinventar. Ela oferece a ponte entre clientes e prestadores de serviços como chaveiro, elétrica, hidráulica e instalações, mas percebeu um aumento nas buscas por higienização. A contratação de serviços de limpeza de tapetes, sofás e cortinas, por exemplo, cresceu no início da epidemia por aqui.
"Percebemos que alguns serviços oferecidos hoje não faziam muito sentido nesse momento e nos aproximamos de prestadores para buscar soluções", diz Bianca Amaral, diretora da TempoTem.
Conversando com empresas parceiras de dedetização, Amaral percebeu que poderia oferecer um novo serviço, de limpeza dos ambientes com produtos capazes de matar o coronavírus.
O serviço é pensado para atender comércios essenciais, como mercados e farmácias, e também espaços com grande fluxo de pessoas, como condomínios.
O procedimento demora cerca de 1h30 para locais com até 300m². Adultos, crianças e animais devem permanecer fora do ambiente durante a aplicação e podem retornar apenas três horas após a realização do serviço. O produto é homologado pela Anvisa para esse fim.
A TempoTem foi criada há um ano como uma subsidiária da Tempo Assist, empresa de assistência especializada que oferece serviços para seguradoras, montadoras e instituições financeiras e que já está há 25 anos no mercado brasileiro.
Alimentação caseira
Outra empresa que precisou repensar o seu negócio foi a Eats 4 You, o "iFood da comida caseira". A empresa conecta pequenos cozinheiros a consumidores, mas realizava suas entregas apenas em escritórios e condomínios comerciais - a ideia era atender o horário de almoço em grandes centros comerciais.
Logo no início da crise do coronavírus no Brasil, a Eats 4 You viu uma redução de 30% nos pedidos. Com o isolamento social e a implantação do home office em grande parte das empresas, a plataforma passou a realizar entregas nas casas das pessoas.
A empresa também viu um aumento no número de cozinheiros cadastrados na plataforma de 25%. Segundo Nelson Andreatta, fundador da Eats 4 You, a mudança é reflexo da crise. "As pessoas estão preocupadas se continuarão tendo emprego no final da crise", diz ele. "Além disso, cozinhar pode ser terapêutico."
Entre as medidas de segurança adotadas, está o cuidado com os entregadores. Em vez de passar em diversos lugares para receber e entregar as marmitas, os entregadores passam apenas em uma cozinha e em uma casa, para diminuir o risco de contágio.