Empreendedoras criam negócio que acha sua roupa de fim de ano
Andressa Torquato e Sabrina Yanagisawa criaram um serviço de aluguel e compra de roupas de festa após elas mesmas não conseguirem encontrá-las.
Mariana Fonseca
Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 23 de dezembro de 2016 às 06h00.
São Paulo – Grandes eventos, como as festas de fim de ano, trazem também um problema recorrente: conseguir roupas adequadas. Geralmente, a saída encontrada para quem realmente precisa de uma vestimenta de festa acaba envolvendo ou muito dinheiro ou sair correndo atrás de amigos que tenham uma roupa parada em casa.
Será que não teria como alugar ou comprar um vestido por um preço muito menor do que o visto em lojas tradicionais, e sem insistências entre colegas?
A empreendedora e professora de direito tributário Andressa Torquato conhece bem esse questionamento. Em maio de 2014, Torquato recebeu convites para quatro casamentos de amigas próximas.
“Eu não tinha como comprar ou encontrar com amigos quatro vestidos diferentes em apenas um mês. Também não poderia repetir as roupas, porque eram festas do mesmo círculo de amizades. No fim, acabei tendo de comprar dois vestidos.”
A conta salgada serviu de inspiração para que a empreendedora se juntasse à sócia Sabrina Yanagisawa e ajudasse outras mulheres a conseguirem roupas de qualidade de forma barata e simples. Assim nasceu a Guguta, dois anos depois da experiência de Torquato: uma plataforma para alugar, comprar ou vender vestidos de festa.
Em alguns meses de operação, a empresa já passou de mil usuários e possui centenas de roupas cadastradas. Para o próximo ano, planeja aumentar o faturamento, diversificar os produtos anunciados e lançar um aplicativo mobile.
Primeiros passos
Após ter desembolsado o valor de dois vestidos de festa em um mês só, Torquato começou a pensar em como poderia criar um negócio de compartilhamento de vestidos que ficavam empoeirando em casa, por meio da tendência da economia colaborativa.
Ao procurar uma parceira de negócios, a professora de direito tributário lembrou-se de uma antiga amizade. Quando Andressa Torquato saiu do Rio Grande do Norte para fazer doutorado em São Paulo, teve como vizinha a hoje consultora Sabrina Yanagisawa, que havia saído da casa dos pais para cursar o ensino superior.
“A gente se ajudou muito: uma ia bater na porta da outra quando precisasse de algo. Então, foi a minha primeira opção de sócia. A gente nem morava mais perto, mas eu a procurei para conversar sobre a ideia.”
Torquato e Yanagisawa se juntaram para criar a Guguta ainda em 2014. “Enquanto eu sou professora de direito tributário, ela é consultora financeira. Para mim foi bacana, porque juntamos duas áreas importantes para a empresa: direito e finanças”, explica Torquato.
As duas empreendedoras começaram então a estudar o mercado, a elaborar sua estratégia de comunicação e a procurar desenvolvedores para a plataforma. O site foi oficialmente lançado só em julho de 2016.
Como funciona?
Para alugar ou comprar um vestido, a usuária entra no site, cadastra-se e procura pelo modelo que deseja – incluindo dados como tamanho e distância da dona original.
Ao achá-lo, ela faz uma solicitação por quatro dias de locação ou pela compra. A dona da roupa deve responder em até 24 horas. O pagamento é feito por cartão de crédito.
É possível combinar com a proprietária um encontro para provar, ajustar e retirar o vestido, além de acertar o local de devolução, caso seja um aluguel. Também há a possibilidade de fazer a entrega (e a possível devolução) pelos Correios, com o frete sendo acrescentado no valor final da aquisição ou locação.
A ideia é que a usuária que aluga ou compra um vestido possa consegui-lo por um preço menor do que o usual. “Dizemos que trabalhamos para a ‘Cinderela dos tempos modernos’: a mulher que não está disposta a pagar uma fortuna para se vestir bem. A fada-madrinha dessa história é o compartilhamento”, diz Torquato.
Não há ideal de preço, mas a plataforma dá uma sugestão que vai de 10 a 30% do valor da peça nova para o aluguel, dependendo do estado da peça. Já na compra, o desconto sugerido é de cerca de 50%.
Do outro lado, a usuária que disponibiliza a roupa consegue uma nova fonte de renda extra, usando peças que estavam empoeirando dentro de casa.
“Por exemplo, uma de nossas usuárias queria fazer um curso de 300 reais, mas não tinha dinheiro para isso. Então, ela alugou um vestido que tinha e conseguiu pagar o curso. É uma renda que pode ajudar muito no período de crise, especialmente na época de fim de ano, em que há maior procura”, afirma Torquato.
A Guguta não cobra pelo anúncio do vestido, e sim quando a transação é fechada. O site cobra um valor fixo de 2,70 reais da pessoa que vende ou aluga, mais 18% sobre o valor total da peça. “Nosso custo compreende mais a manutenção de plataforma e marketing, e conseguimos os recursos para isso por meio da nossa taxa administrativa”, completa Yanagisawa.
Nesses cinco meses de negócio, a Guguta acumulou 522 vestidos cadastrados e 1163 usuárias. 65% das transações são de venda, enquanto o ticket médio é de 450 reais.
Há roupas de todos os estados brasileiros, mas a maior concentração está em São Paulo, de onde as empreendedoras operam.
Planos
Com cinco meses de operação, o negócio faturou 10 mil reais – uma grande parte veio das transações em novembro, quando o negócio realmente ganhou força, segundo Yanagisawa. A expectativa é atingir o ponto de equilíbrio no começo de 2017.
A Guguta também incluirá a venda de acessórios no próximo ano, por ser uma demanda das próprias usuárias. Outro plano é desenvolver um aplicativo para smartphones. “Esperamos um faturamento em torno de 100 mil reais para o final de 2017”, projeta a consultora financeira.