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Ele criou um marketplace para lojas do Brás e já vendeu R$ 44 milhões

Filho de imigrante sul-coreano, empreendedor criou startup para ajudar pequenas confecções a venderem mais, com soluções que incluem QR Code e análise de dados

Mateo Kim, fundador do Houpa (Houpa/Divulgação)

Mariana Desidério

Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 06h00.

Filho de um imigrante sul-coreano, o empreendedor Mateo Kim cresceu acompanhando o trabalho da família em confecções, e conhece de perto as dores dos empreendedores que atuam no mercado de moda das regiões do Bom Retiro e do Brás, em São Paulo. Quando se casou, ganhou sua própria confecção como presente de casamento do pai.

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Essa experiência levou Kim a criar o Houpa, uma startup para ajudar pequenas e médias confecções a ganharem eficiência e diminuir os desperdícios. “Eu cresci nesse ambiente. Trabalhei em confecção durante mais de 20 anos e percebi que a cadeia toda é muito ineficiente”, afirma. Fundado em 2018, o Houpa vendeu 44 milhões de reais em peças em 2021, um crescimento de quase 60% em relação a 2020, quando as vendas ficaram em 28 milhões de reais. Em 2019, as vendas somaram 9 milhões de reais. A meta para 2022 é mais que dobrar o volume de vendas.

A startup começou com soluções desenvolvidas por Kim para melhorar o desempenho da confecção da família, que hoje é gerida por sua esposa. O foco inicial foi melhorar os processos na produção. “Comecei a entender que precisava de um sistema de operação mais ágil. Eu não entendia muito de tecnologia então comecei com uma planilha de Excel”, afirma. Com o tempo, o empreendedor contratou uma equipe de tecnologia.

O próximo passo foi atacar os problemas de eficiência na parte de vendas. Kim se incomodava com a demora para tirar os pedidos dos clientes, que tinham que ficar esperando. Por isso, desenvolveu uma solução que usa QR Code. “No atacado, muitas vezes o cliente entra em uma loja cheia, e as vendedoras não conseguem atender com rapidez. No nosso sistema, o cliente entra na loja, reserva seus produtos usando o QR Code e o sistema do Houpa, paga na hora, e depois só vai buscar o produto embalado”, explica.

Foi com o sistema de QR Code que o empreendedor começou a vender suas soluções para outras confecções. “A confecção da minha esposa foi convidada para um evento de moda e nosso sistema de QR Code foi um sucesso. Nosso estande enchia e esvaziava rapidamente, e as outras confecções se interessaram pela ferramenta. Foi quando percebi que precisava focar nas dores da parte de vendas”, diz. O interesse das outras confecções fez com que Kim transformasse o Houpa em uma empresa separada.

O que nasceu como uma solução para os problemas internos de uma confecção tornou-se então um marketplace para confecções que vendem principalmente no atacado. Um dos focos principais é a gestão do estoque. Segundo o empreendedor, ainda é comum um cliente escolher os produtos na loja e depois descobrir que não há estoque para atendê-lo. No Houpa, quando o cliente escolhe as peças desejadas, elas ficam congeladas no estoque do vendedor até a finalização da compra.

Outro ponto é ampliar as possibilidades de venda dessas confecções. “Esse é um setor que tem muita sobra de produto, que acaba vendido em liquidação. Isso compromete a margem dessas confecções”, diz Kim. Com o Houpa, a confecção consegue exibir sua coleção para um número maior de compradores, ampliando a chance de venda. A plataforma também é uma forma de negócios menores encontrarem espaço para oferecerem seus produtos. A ideia é que uma costureira possa oferecer suas peças pela plataforma e vender para todo o país.

Em outra frente, a plataforma também ajuda as confecções a decidir que tipo de peça produzir, com base na análise de dados das vendas já realizadas. “Cruzamos os dados da plataforma com os do produto dele, dando indicações sobre o que tem sido mais buscado pelo cliente”, diz. Recentemente, a plataforma passou a vender também para o cliente final, uma operação que pode trazer mais insights sobre o comportamento do consumidor.

Do Brás para o Brasil

O Houpa tem hoje 2.300 confecções cadastradas, em geral pequenas e médias empresas. Destas, 150 usam a plataforma toda semana e têm uma média de 100 mil reais em vendas por mês. As confecções estão concentradas na região do Brás e do Bom Retiro, em São Paulo.

Para 2022, a meta é expandir o alcance geográfico do marketplace para outros polos de moda no atacado pelo país. São ao menos 20 mapeados pelo empreendedor. Outro foco do ano é aumentar a velocidade na entrega de soluções para as confecções via plataforma, buscando atacar outras ineficiências do setor.

Desde a sua fundação o Houpa já recebeu 14 milhões de reais em aportes, e está em contato com investidores para uma nova rodada de captação.

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