Clube TAG divulga editoras e livrarias na pandemia: "Muitas vão falir"
Clube do livro vê interesse pela leitura aumentar e cria parcerias com pequenas editoras; setor vive crise com queda de 47% nas vendas
Mariana Desidério
Publicado em 26 de maio de 2020 às 04h40.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 15h15.
O mercado de livros vive dias difíceis há tempos e a pandemia do novo coronavírus piorou a situação. Mas não há só más notícias no setor. O cube do livro TAG, que faturou 36 milhões de reais em 2019, ainda espera crescer este ano, com meta de faturamento de 40 milhões de reais (antes da pandemia, a expectativa era chegar a 45 milhões de reais).
A empresa viu mais cancelamentos em sua base de assinantes devido à perda de renda causada pela crise. Mas também teve uma leva de novas assinaturas, impulsionada pela busca de novos hábitos em meio à quarentena. Com isso, o número de assinantes do clube ficou estável até agora, com cerca de 50 mil pessoas. A expectativa é chegar a 55 mil até o final do ano (antes da pandemia, a meta era terminar o ano com 60 mil associados).
Os números contrastam com os do setor, que perdeu 47% do faturamento no mês passado: foi de 125 milhões de reais em abril de 2019 para 67 milhões de reais em abril de 2020.
Para tentar ajudar pequenas empresas em apuros, o clube tem usado as redes sociais e seu contato com uma base de clientes interessada em livros para fazer propaganda das livrarias. Dentre as ações, o clube está divulgando uma lista com mais de 200 livrarias pelo país que estão atuando com entregas e atendimento online. “O mercado do livro está assustado, vejo muita gente com medo do impacto da pandemia para o setor. O que temos pensado é como fazemos para o impacto não ser tão ruim”, afirma Arthur Dambros, um dos fundadores.
A empresa também está ajudando pequenas editoras nas vendas. A TAG vende o livro da editora em seu site e entrega o exemplar sem custos para quem é assinante do clube. O livro vem na caixa mensal que já seria entregue pela TAG de qualquer forma. “Estamos fazendo uma campanha com editoras pequenas para divulgar os livros aos nossos associados, porque muitas editoras pequenas vão falir”, diz Dambros.
Na visão do empreendedor, o isolamento social tem tido efeitos diferentes entre os leitores. Por um lado, as pessoas estão mais ansiosas e com dificuldade para se concentrar na leitura. Por outro, há também as que estão revendo o tempo que ficam no celular e se esforçando para retomar o hábito de ler livros. “Sou otimista, o que espero é que essa ansiedade passe e que esse período deixe percepções sobre o tipo de vida que levamos e os hábitos que queremos. E com isso, acho que os livros vão crescer. Uma nação que lê é mais sensível e inteligente”, afirma.
A TAG percebeu aumento nos downloads de seu aplicativo Cabeceira, que ajuda na gestão da leitura. O app foi de 7.500 usuários para 12.500 usuários entre março e abril deste ano. Também percebeu que, com as pessoas em casa, o tempo de leitura ficou mais homogêneo durante a semana – antes os picos eram mais evidentes nos finais de semana.
A pandemia cancelou os encontros entre leitores, que eram organizados pelos próprios assinantes do TAG. Com isso, o clube tem realizado lives com curadores para falar sobre os livros do clube e também dar dicas para quem está com dificuldade de manter a leitura em dia em tempos de coronavírus. Dentre os nomes que já participaram estão Conceição Evaristo e Contardo Calligaris.
O clube também vai seguir com alguns dos planos para o ano, dentre eles uma modalidade para o mundo corporativo, com livros sobre negócios e carreira, que está prevista para começar em agosto.