BNDESPar destinará R$ 4 bilhões para financiar PMEs por meio de fundos
Objetivo é que os recursos sejam divididos em até 10 fundos de crédito privado; o papel das fintechs nesse ecossistema ainda é incerto
Reuters
Publicado em 6 de maio de 2020 às 18h05.
Última atualização em 6 de maio de 2020 às 18h51.
O BNDES Participações (BNDESPar) vai abrir uma chamada pública para selecionar fundos de crédito estruturados focados no financiamento de pequenas e médias empresas. A ideia é fazer com que os empréstimos - que somam 4 bilhões de reais - cheguem mais rapidamente às companhias que estão entre as mais atingidas pela desaceleração econômica em razão da pandemia do novo coronavírus.
O BNDESPar informou, em um documento divulgado nesta quarta-feira, que vai investir em até 10 fundos de crédito privado a serem selecionados nas próximas semanas. Comumente financiados por investidores institucionais, esses fundos buscam fornecer uma alternativa aos empréstimos bancários para pequenas empresas.
"O BNDES está tomando risco para fazer o dinheiro chegar na ponta [nos pequenos empreendedores]. Certamente é um valor relevante que vai impactar de forma positiva toda a cadeia. Estamos interessados em participar, mas o desafio é a remuneração", comenta Daniel Gomes, presidente e cofundador da fintech de crédito Nexoos.
A explicação para o impasse é simples: a remuneração ficará com os fundos selecionados. Não se sabe ainda se as fintechs vão prestar serviços para as gestoras - e assim ser remuneradas - ou se receberão parte das taxas de administração. Fato é que as fintechs podem ser canais importantes de distribuição desses recursos, pois já têm contato com as PMEs.
Recursos
De 22 de março até 22 de abril, o volume de recursos já aprovados pelo BNDES para micro, pequenas e médias empresas atingiu a marca de 1,1 bilhão de reais.Esses recursos fazem parte da linha BNDES Crédito Pequenas Empresas, que atende principalmente as necessidades de capital de giro diante da pandemia do novo coronavírus. Lançada pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, a linha tem volume previsto de 5 bilhões de reais.
Também em abril, o governo brasileiro lançou um programa de 40 bilhões de reais, destinado a ajudar pequenas e médias empresas a pagarem seus funcionários durante a quarentena. Embora as medidas para ficar em casa tenham derrubado a demanda em estabelecimentos como restaurantes, bares e em muitos varejistas, apenas um quarto dos recursos foi usado até agora.
Os fundos para a linha de crédito consignado são fornecidos pelo Tesouro Nacional, responsável por 80%, e pelos três principais bancos do setor privado do país: Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil.