Banco do Brasil lança plataforma online de venda de imóveis retomados
Lançamento é feito em parceria com a startup Resale, que consegue fazer todo o processo de venda de forma 100% digital
Carolina Ingizza
Publicado em 14 de abril de 2020 às 06h00.
Última atualização em 14 de abril de 2020 às 19h46.
Em parceria com a startup Resale , o Banco do Brasil disponibiliza a partir desta terça-feira 14 uma solução digital para venda de imóveis retomados. No site Seu Imóvel BB, estão disponíveis para venda cerca de 1.600 mil imóveis dos cerca de 4.000 que o banco possui em todo o país. Com a solução, será possível fazer desde a oferta até o processo de pós-venda, com registro em cartório, de forma online.
Até então, quando o BB retomava um imóvel usado como garantia de um financiamento, o processo de venda do bem era feito de forma tradicional, por meio de um leilão. Entendendo que a estratégia, muitas vezes, não atingia de fato o público, o banco buscou formas mais rápidas e ágeis para realizar a venda por meio de startups .
Mauro Ribeiro Neto, vice-presidente corporativo do BB, afirma que a Resale foi escolhida por já ter uma experiência comprovada com esse tipo de operação de imóveis. “A empresa tem um perfil tecnológico, que é bastante interessante para o banco, já que faz um trabalho mais completo, não sendo só uma mera plataforma de divulgação”, diz o executivo.
A startup, fundada em 2015 por Marcelo Prata e Paulo Nascimento, nasceu justamente para ser uma solução que ajudasse os bancos a desovar no mercado seus estoques de imóveis. Desde 2016, a empresa tem um contrato com banco privado Santander para digitalizar processos. Em 2019, a startup foi vendida para o BTG Pactual (parte do grupo controlador de EXAME) por valor não divulgado, dando saída para seus 33 investidores.
Como vai funcionar a venda
Ao receber uma carteira de imóveis disponibilizada pelo banco, a Resale a conecta ao seu marketplace, que se relaciona com dezenas de canais de vendas online. Além disso, a plataforma tem parceria com 33 leiloeiros. Dessa forma, o banco fica com uma vitrine online permanente de seus ativos.
No caso do BB, não faria sentido contratar uma plataforma só para digitalizar a oferta. Por isso, o banco pediu que a startup assumisse também o processo de pós-venda de forma digital. A empresa precisou encontrar formas de levar a digitalização para processos tradicionalmente analógicos. “Nós precisamos encontrar o que existe hoje entre o mundo real e ideal, que é o mundo possível”, diz Marcelo Prata.
A primeira etapa foi estabelecer a assinatura do contrato de forma 100% eletrônica. Para conseguir fazer a lavratura da escritura de forma digital, os clientes só precisam ter um certificado digital. Quatro escritórios parceiros da startup oferecem o processo de lavratura online. “Nos casos em que precisa de registro físico, a gente faz a ponte entre o cliente e o cartório, mas um grande número já aceita contratos eletrônicos”, diz Prata.
O presidente da startup diz que, ao todo, a digitalização consegue reduzir bastante o tempo de cada processo. Quando as duas partes, banco e cliente, estão de acordo com uma venda, em questão de horas é possível emitir e assinar eletronicamente o contrato. Já a escritura, que em geral demora 30 dias, consegue ser feita em cinco dias com os cartórios parceiros da startup. O processo que demora mais é o de registro de imóvel, que varia entre 15 a 30 dias, a depender dos prazos de cada cartório.
A princípio, o BB só irá repassar parte de seus 4.000 imóveis para a startup gerir. “Se entendermos que a vazão é suficiente, nada impede de colocar os outros”, diz Neto.
O banco não tem despesas com o negócio, ele só informa qual o valor mínimo que quer receber por imóvel e repassa a gestão da venda para a startup. A Resale só ganha quando uma propriedade é vendida, já que os compradores precisam pagar uma taxa de comissão, que pode ser de até 5% o valor do imóvel.
“Vender imóveis não é o nosso negócio, mas é o business da Resale. Com a parceria, esperamos ter uma efetividade maior nas vendas e nos aproximar do ecossistema de startups, reforçando a nossa estratégia de transformação digital”, afirma Neto.