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Arena.im levanta US$ 13,6 milhões para criar "mini Google" para empresas

Startup de marketing focada em gerar engajamento traz versão “white label” de infraestrutura de big techs para empresas e já tem clientes como Globo, Vtex e Nubank; agora, startup abre 70 vagas no Brasil

Paulo: Foco da startup é oferecer mais alternativas de coleta de dados on-line (Arena.im/Divulgação)
KS

Karina Souza

Publicado em 30 de março de 2022 às 09h00.

Criar uma empresa capaz de garantir que grandes companhias não dependam de redes sociais ou de ferramentas de busca para alcançarem clientes. Esse é o propósito da Arena.im, martech (jargão para startup de marketing) fundada por um brasileiro no Vale do Silício em 2017. Em cinco anos de existência, a empresa acumula 25 mil clientes em 150 países e acabou de passar por uma rodada Series A, em que levantou US$ 13,6 milhões – cerca de R$ 68 milhões. Diante do crescimento, a pergunta que fica é: como a empresa consegue fazer isso? Para entender, é necessário um pouco de contexto. E, é claro, analogias.

Navegar na internet é sinônimo de deixar “pegadas” para qualquer lado em que você vá: antes das discussões sobre privacidade, que ganharam força principalmente a partir de 2018, sites variados coletavam "pedaços" dessa jornada digital (os "cookies") sem, necessariamente, avisar os usuários. Com o aumento das discussões sobre segurança, empresas como Apple e Firefox desativaram esse recurso, obrigando empresas a mostrarem o famoso pop-up de "aceitar cookies" -- assim, o usuário fica sabendo sobre quais informações serão coletadas sobre ele.

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No ano passado, o Google anunciou que deve ir pelo mesmo caminho, acabando com os cookies de terceiros a partir de 2023. Isso significa que, em vez de empresas terem acesso a informações personalizadas sobre usuários, terão acesso a um conjunto de informações menos aprofundadas. O tema ainda é objeto de discussão sobre a mudança que vai gerar na prática, mas o fato é que empresas devem recorrer a novos mecanismos para conseguir rastrear de volta as “pegadas” dos usuários que passam por ali.

É de olho nessa necessidade que a Arena.im oferece serviços a companhias do mundo todo. O foco é oferecer uma alternativa aos serviços das big techs, de forma rápida, sem que as companhias precisem estruturar times inteiros de tecnologia para desenvolver mecanismos do zero.

O modo como a aplicação funciona é bastante simples, tanto para quem contrata como para os usuários. Para empresas que procuram pela startup, basta criar uma conta no site da  Arena.im, copiar o widget e inseri-lo no código do site. A partir daí, o produto já começa a rodar, sem precisar envolver profissionais de tecnologia no meio do processo.

Os sites começam a contar com uma espécie de “WhatsApp público”, em que usuários podem fazer comentários e até mesmo perguntas dentro daquela página. Pense assim: se antes você tinha que rolar uma página até o final para ler os comentários, a Arena.im disponibiliza um chat em que é possível ter diálogos em tempo real.Esse é o diferencial da companhia para conseguir mais dados dos usuários e, por sua vez, alimentar a base de dados das empresas.Como cada usuário tem de fazer um cadastro para comentar no chat, fica mais fácil entender quem são e quais os hábitos deles.

Mas, não pense que a startup simplesmente repassa essas informações às empresas. Ao contrário, a companhia tem uma abordagem que mostra os dados de forma anonimizada – ou seja, mostra comportamentos e não informações individuais como nome, telefone ou endereço. A vantagem é que toda essa estrutura fica "dentro de casa" para as empresas e, portanto, dá mais controle sobre questões de privacidade, além de customização.

Clientes

“Conseguimos entender o comportamento de usuários na internet e trazer isso para dentro das empresas. Ao mesmo tempo, prezamos muito pela segurança dessas informações. Hoje, 40% da receita da empresa vem da Europa, que já está mais madura em LGPD, mas sempre estamos de olho em novas normas para nos adequarmos”, afirma Paulo.

Com uma atuação tão forte na Europa, a empresa não interrompeu diretamente as operações na Rússia e na Ucrânia, já que usa a plataforma da Amazon, a AWS, para suportar a operação. Como a infraestrutura roda em cima disso, uma vez que a companhia fundada por Jeff Bezos deixou de ofertar serviços lá, os serviços da Arena.im foram automaticamente interrompidos também.

E, falando em Amazon, os Estados Unidos são o segundo maior mercado da startup, correspondendo hoje a 30% da receita. O Brasil ainda representa cerca de 1%, mas a startup já tem entre os clientes nomes conhecidos pelo público local: Globo, Nubank, VTex, C&A, Avon, Bayer e Bradesco são alguns deles.

Oportunidade para brasileiros

A ideia, inclusive, para os próximos anos, é aumentar a presença local. E, para isso, Paulo quer contratar 70 profissionais brasileiros (a maior parte desenvolvedores) que queiram trabalhar para uma companhia no Vale do Silício.

“Eu também sou desenvolvedor e caí ‘de paraquedas’ no Vale, criei o produto e fui navegando para entender como funciona o mercado de Venture Capital. Agora, quero dar oportunidade para que outros brasileiros possam vir para cá e aprender mais em um ambiente tão rico como esse”, afirma Paulo.

O foco para continuar crescendo será o de escalar o produto entre times que não são de tecnologia, para garantir um acesso “de baixo para cima” – assim como fizeram apps como Slack e Yammer. Na pandemia, essa estratégia já começou a surtir efeito. Em 2021, a companhia cresceu 10 vezes em relação ao tamanho que tinha em 2020.

O principal foco, no Brasil, para crescer, será desenvolver aplicações para o e-commerce. Como um exemplo desse esforço por atingir companhias maiores, a Arena.im está lançando uma integração com a Shopify, que vai permitir aos vendedores da plataforma conseguirem conversar com possíveis clientes e fechar vendas pelo chat. Os planos futuros incluem integrações com Vtex e Nuvemshop, seguindo os mesmos moldes.

“Até o fim do ano temos a projeção de ter 100 mil contas abertas, ou seja, crescimento de quatro vezes o número atual, algo que também deve se refletir em receita. Nós nascemos muito focados em pequenas e médias empresas nos EUA e, agora, queremos focar cada vez mais em grandes companhias e vemos o potencial de escalar nossa tecnologia para atingi-las”, diz Paulo.

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