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A ascensão (e taxas) dos bancos digitais, do tamanho do seu bolso

Com custos menores e promessa de agilidade, as fintechs entram na concorrência pela preferência dos pequenos negócios

Carolina Cunha, empreendedora e proprietária do Cães e Etc.: (Divulgação/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 9 de setembro de 2019 às 06h00.

A empreendedora Carolina Cunha, dona de um pet shop e clínica veterinária em São Paulo, gastava cerca de R$ 300 todo mês com as tarifas do banco . Isso antes de aderir a um banco digital. “Hoje, não pago tarifa mensal e ainda tenho direito a fazer cem DOCs e emitir cem boletos por mês”, diz.

A empresária, assim como muitos outros donos de pequenos negócios e Microempreendedores Individuais (MEIs), chegou à conclusão de que ter uma conta como pessoa jurídica em um banco digital é mais vantajoso para satisfazer as necessidades da sua empresa e economizar dinheiro.

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O consultor do Sebrae-SP Felipe Chiconato afirma que os empreendedores estão “perdendo o medo” das fintechs, como são chamadas as instituições financeiras digitais. De acordo com ele, o maior temor era o fato de essas instituições não terem uma agência física. “Muitos tinham relação próxima com o gerente, frequentavam a agência. Eles temiam não ter a quem recorrer se acontecesse um problema”, diz.

Sobretudo por indicação de outros empreendedores, a confiança nos bancos digitais vem crescendo e o seu uso está se disseminando principalmente entre os mais jovens. “Tem uma nova geração de MEIs que já nasce digital, com lojas em marketplace e uso intenso de redes sociais. Esse pessoal prefere meios de pagamentos e bancos digitais”, explica Chiconato.

Entre os cuidados na relação com as fintechs, o consultor aponta para a necessidade de o empreendedor sempre ter duas contas, uma pessoal e outra para o negócio, e sempre olhar para o longo prazo, evitando a tentação de resolver um problema agora, mas se esquecendo de pensar no futuro da empresa.

O benefício financeiro é o chamariz mais atrativo das fintechs para conquistar os empreendedores. Enquanto uma conta de pessoa jurídica nos bancos tradicionais tem uma taxa média de R$ 60 por mês, muitas fintechs não cobram nada.

Além da mensalidade, serviços como DOCs, TEDs e saques em caixas eletrônicos costumam ser tarifados nos grandes bancos, com preços em geral mais altos que os das fintechs. Somando todas as operações, o gasto mensal em um banco tradicional pode pesar nas finanças de um pequeno empreendimento.

Foi o peso desse custo mensal que motivou a empreendedora Carolina a migrar para uma instituição financeira digital, que ela conheceu por meio da proposta de um representante. “Eu gastava R$ 7,50 por DOC e R$ 13,50 por TED, fora os outros serviços, como pagamento de funcionários e emissão de boletos”, conta.

PRATICIDADE

Para Guilherme Rovai, diretor de design de produtos do banco Neon, a necessidade de MEIs e PMEs é bem diferente da de grandes empresas. Enquanto as grandes companhias fazem rotineiramente muitas operações bancárias complexas, os pequenos e médios negócios usam apenas serviços mais simples. Por isso, os bancos digitais podem suprir as necessidades dos donos de pequenos negócios.

“Eles querem praticidade e soluções rápidas, ali no celular mesmo. Se for mais barato, melhor ainda”, analisa. Além dos serviços bancários, há fintechs que oferecem aos empreendedores opções para pagamentos, recebimentos, cartões virtuais, financiamento e até antecipação de créditos a receber.

Marco Camhaji, CEO da Adianta, fintech que faz o adiantamento de valores a receber, afirma que 100% dos seus clientes são empresas de pequeno e médio porte. “Esse é um público desassistido, que muitas vezes não é valorizado pelos grandes bancos”, diz.

Com mais bancos no mercado, há mais concorrência, e tanto o preço dos serviços, como as taxas e juros cobrados tendem a cair, beneficiando os empreendedores. Uma das áreas em que o barateamento é mais notável é a de empréstimos e financiamentos. Com mais alternativas, o empreendedor não fica restrito às linhas de crédito dos grandes bancos e pode, inclusive, conseguir dinheiro com investidores privados, a taxas de juros menores.

Para Dan Cohen, CEO da Finpass, que faz antecipação de recebíveis e intermedeia empréstimos, a chegada das instituições financeiras digitais é uma concorrência real para os “bancões”, e já pressiona os grandes a diminuir encargos e juros.

A Peak Invest, por exemplo, é uma fintech que conecta empreendedores que buscam empréstimos a investidores. O CEO da empresa, Marcio Berger, afirma que a maioria dos seus clientes é composta por pequenas e médias empresas.

De acordo com ele, a maior vantagem de emprestar dinheiro diretamente com investidores é o menor custo. “Os empréstimos diretos reduzem o spread e os juros”, explica. Spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que o banco paga para captar um recurso e o quanto a mesma instituição cobra para emprestar esse dinheiro aos seus clientes.

Para os empreendedores, a concorrência mais acirrada após a chegada das fintechs tem efeito positivo em outro ponto sensível: as maquininhas de cartão. Hoje, praticamente todos os MEIs que trabalham com vendas diretas no varejo têm uma ou mais terminais de pagamento por cartão. Com tanta oferta, o custo para os empreendedores caiu.

Há até meios de pagamento que dispensam cartões, com toda a operação feita pelo celular. Com 10 milhões de usuários, a PicPay oferece um sistema de pagamentos totalmente digital. Quem tem o app paga diretamente os serviços e produtos de estabelecimentos credenciados.

“Os MEIs e as MPEs são carentes de serviços, criamos o app pensando neles. As grandes empresas têm departamento financeiro e muitos profissionais para cuidar do dinheiro. Os pequenos fazem tudo ou quase tudo sozinhos, não têm tempo de ficar movimentando seu dinheiro”, diz Elvis Tinti, diretor comercial da empresa.

Comparativo de bancos digitais (Divulgação)

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