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Volkswagen está à beira da crise, diz NYT

Setembro pode trazer uma "batalha épica" com os sindicatos, diz jornal americano. Além da briga para congelar salários, a montadora encara perda de mercado e redução de lucros

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Afirmar que a Volkswagen ruma para um desastre não é um exagero sobre a gravidade dos problemas da empresa alemã. A afirmação é do jornal The New York Times, em longa análise publicada neste domingo (29/8). Lucros em queda livre, participação de mercado nos Estados Unidos desmoronando, ventos contrários no mercado chinês e a problemática introdução do modelo mais recente do Golf. Tudo isso, diz o jornal americano, faz dos dois primeiros anos de Bernd Pischetsrieder na presidência da montadora alemã um período conturbado (leia reportagem da revista EXAME sobre a troca do comando da VW no Brasil, no final do ano passado).

Pischetsrieder vai enfrentar em setembro uma campanha sindical que, segundo observadores ouvidos pelo The New York Times, será um "confronto épico". A empresa quer congelar os salários de 103 mil funcionários e tornar as fábricas mais eficientes flexibilizando as normas trabalhistas. Os sindicatos exigem garantia de emprego e um reajuste salarial de 4%.

"Não sei se haverá uma batalha ou não", afirma Pischetsrieder. "Uma coisa é certa. Se queremos cortar em seis anos 30% dos custos com a folha de pagamento, precisamos começar agora." Em março ele havia anunciado um plano para dobrar a meta de corte de custos para 4 bilhões de euros até 2005, o que envolveria a eliminação de 5 mil postos de trabalho.

O New York Times avalia que as dificuldades da Volskwagen são fruto de fatores que transcendem seus próprios erros. O mercado automotivo vem caindo nos últimos anos em todo o mundo, e em nenhum lugar vai pior do que na Alemanha. As vendas ali recuaram 7% em julho, ante o mesmo mês de 2003, e os licenciamentos de carros do grupo, que inclui as marcas Audi e Seat, caíram 14%.

Na China, onde a Volks vinha sendo há muito tempo a montadora dominante, a marca está sob fogo cruzado, na medida em que General Motors (GM), DaimlerChrysler e outros rivais aumentam intensamente sua produção. Em junho, pela primeira vez, a GM vendeu mais veículos na China do que a Volkswagen, forçando a alemã a cortar seus preços.

Em julho, a empresa cortou sua estimativa de lucro operacional em 2004 de 2,5 bilhões para 1,9 bilhão de euros. A Volks foi prejudicada pela alta do euro em relação ao dólar, que afetou suas vendas para os Estados Unidos e outros mercados atrelados à moeda americana. O problema foi agravado porque a empresa não havia se protegido da exposição cambial. Só fez hedge (operação financeira em que a companhia se protege, nesse caso, contra o risco de valorização da moeda) depois que outras montadoras alemãs tomaram a iniciativa.

Finalmente, a introdução do novo Golf desapontou, diz o New York Times, embora tenha vendido 278 mil unidades no primeiro semestre no mercado europeu.

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