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Varig nomeia presidente-interino

O diretor de Controladoria e Relações com Investidores da Varig, Manuel Guedes, foi nomeado presidente-interino da companhia aérea em substituição ao ex-presidente Arnim Lore, que renunciou ao cargo no início desta semana. O anúncio foi feito pelo presidente do Conselho de Administração da Varig, Luiz Carlos Vaíni. Guedes informou que vai retomar imediatamente as negociações […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O diretor de Controladoria e Relações com Investidores da Varig, Manuel Guedes, foi nomeado presidente-interino da companhia aérea em substituição ao ex-presidente Arnim Lore, que renunciou ao cargo no início desta semana. O anúncio foi feito pelo presidente do Conselho de Administração da Varig, Luiz Carlos Vaíni.

Guedes informou que vai retomar imediatamente as negociações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre um pacote de ajuda à empresa, que atravessa a maior crise de sua história e acumulava dívidas de 900 milhões de dólares ao final do primeiro semestre. O executivo disse também que vai apresentar uma nova proposta para a reestruturação da Varig, que é a maior companhia aérea brasileira.

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Governo endurece

Após reunião com o presidente, Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral, voltou a afirmar que a Varig não receberá ajuda do governo caso não apresente uma proposta de reestruturação. O governo está pronto a apoiar, desde que a companhia apresente uma proposta que a torne viável , disse o ministro.

Sem uma proposta viável de reestruturação, o BNDES não pode apoiar a companhia, porque o governo não pode emprestar para empresa inadimplente com o próprio governo , afirmou Amaral. O governo fez avaliações sobre todas as hipóteses e a única hipótese que faz sentido é a reestruturação , disse.

Segundo o ministro, não está em discussão no governo a hipótese de intervenção na empresa. Se alguém falou em intervenção, explicou, deve ter feito em nome próprio, pois esta não é a posição do governo. No momento estamos empenhados em apoiar qualquer proposta que a Varig venha a apresentar , afirmou.

Amaral lamentou mais uma fez que a Fundação Rubem Berta, controladora da Varig, tenha rejeitado a proposta de reestruturação e de entendimento com os credores, apresentada pela diretoria que se demitiu no início da semana.

De acordo com Amaral, em setembro, a diretoria da Varig assinou um acordo de entendimento com os credores, públicos e privados, que previa a devolução do dinheiro que já havia pago aos credores da companhia, num total de US$ 22 milhões.

O acordo estabelecia ainda a suspensão da cobrança das dívidas, no valor de US$ 43 milhões, até o dia 30 de novembro. Por último, o documento previa a entrada de dinheiro novo, cerca de US$ 37 milhões, para assegurar o fluxo de caixa. Com isso, as necessidades do fluxo de caixa da Varig seriam sanadas , disse.

Além disso, informou o ministro, uma empresa ficou responsável pela elaboração de uma proposta de reestruturação da companhia, que mostrava que caso a Varig se reestruturasse, em 2004 já obteria lucros. Isso mostra que a Varig é viável , ressaltou Sergio Amaral.

No entanto, a Fundação Rubem Berta, para surpresa do governo , rejeitou o memorando e desautorizou a diretoria da Varig. Segundo Amaral, o resultado é que fica suspenso o entendimento entre os credores e a Varig. O governo espera que a Fundação faça uma avaliação, emita seu parecer e reavalie o entendimento com os credores , disse.

O ministro disse ainda, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai ajudar a reestruturar a Varig, mas a empresa precisa se dispor. Mesmo com a rejeição do plano, ele informou que o BNDES que já vinha analisando a proposta de reestruturação - dará uma resposta à Varig, até o dia 30 deste mês.

Segundo fonte ouvida pelo Portal EXAME, ao contrário do que os quatro conselheiros demissionários da FRB-Par disseram, não deve haver entrada de novos recursos no caixa da Varig. "Caso o BNDES realize um novo aporte, esse dinheiro iria direto para os credores", afirma. "O memorando parece uma peça de ficção. Assiná-lo seria uma loucura que tornaria a situação da Varig ainda pior." Para a Fundação Ruben Berta, ações tomadas em 2001, como a demissão de 15% da folha de pagamento e a renegociação de dívidas como a junto à Boeing, mostram que o comando da Varig já estava voando na direção certa antes da posse de Lore. "Até mesmo a integração da malha aérea já estava decidida. Ele só a implantou", afirma a fonte.

"Acusar a Varig de passar por um problema de governança corporativa é muito leviano." As dificuldades atuais da Varig, segundo ela, estariam relacionadas ao impacto dos atentados de 11 de setembro sobre o transporte aéreo e a acentuada alta do dólar, que afeta, entre outras coisas, a venda de bilhetes internacionais e o preço dos combustíveis. Clique aqui para ler a crítica dos conselheiros e de Lore.

A agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou nesta terça-feira o rating da RG Receivables, companhia de propósito especial associada à Varig S.A. de "B-" para "CCC+" após os controladores da companhia aérea terem rejeitado um acordo com credores.

"O rebaixamento vem de um significativo aumento de incerteza e risco em relação às negociações entre a administração da Varig, os donos da companhia e seus credores sobre a reestruturação do oneroso peso de sua dívida", disse a agência em comunicado.

Governo

O ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, disse que o governo está aberto a propostas que a Varig venha a apresentar, mas ressaltou que não há possibilidade de ajudá-la sem que seja apresentado um plano de reestruturação, comprovando a viabilidade financeira da empresa.

Ele lamentou que a Fundação Rubem Berta tenha recusado o plano de reestruturação apresentado pela diretoria da Varig. "Nós recebemos com surpresa e mesmo com perplexidade a rejeição dos entendimentos que haviam sido negociados e construídos ao longo dos últimos meses entre a direção da Varig e o Comitê de Credores, com ajuda do BNDES", afirmou. Ele disse, entretanto, que a empresa pode apresentar outro tipo de proposta, que será analisada pelo governo. Sem o apoio da fundação para o plano apresentado na semana passada, comentou Amaral, a questão volta à "estaca zero".

Amaral lembrou que "em nenhum momento o governo acenou com a idéia de que poderá prestar um apoio à Varig sem a sua reestruturação, que demonstre a capacidade de recuperação de sua viabilidade econômico-financeira".

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