Upcycling food: por que você ainda vai saborear essa tendência sustentável
Com o reaproveitamento de alimentos, companhias transformam itens que iriam para o lixo em produtos vantajosos
EXAME Solutions
Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 08h00.
Última atualização em 15 de março de 2024 às 17h40.
"Não julgue pela casca". Eis o slogan do Mercado Diferente, companhia paulistana que ganhou fama por vender frutas e verduras que alguns supermercados consideram fora do padrão. É o caso de maçãs com um machucado ou outro, de cenouras com formatos inusitados, de batatas mirradas e por aí vaí.
Via de regra, o destino de alimentos do tipo é o lixo — algo que os sócios do Mercado Diferente não engolem. A companhia vende assinaturas de cestas compostas de frutas, legumes e verduras desenvolvidos por produtores orgânicos certificados. Entregues com frete grátis, essas cestas podem conter até 50% de alimentos fora do padrão.
Com elas, a companhia ajuda a combater o desperdício em toda a cadeia de produção. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 30% dos vegetais produzidos nas lavouras não chegam aos mercados, pois são descartados antes. A principal explicação? O fato de não atenderem a padrões estéticos.
Meses depois de receber 24 milhões de reais numa rodada de captação, Eduardo Petrelli, CEO e um dos sócios fundadores do Mercado Diferente, disse à EXAME que a maioria da população da América Latina ainda não tem acesso aos alimentos saudáveis e o preço é a principal barreira para isso. "Ao atender este mercado que, só no Brasil, está avaliado em 35 bilhões de dólares, temos também a oportunidade de lutar contra o desperdício e causar um impacto positivo para toda a sociedade”.
O Mercado Diferente é uma das companhias que aderiu ao chamado upcycling food. Trata-se de uma tendência em alta que visa reduzir o desperdício de alimentos, incentivando que eles sejam utilizados ao máximo e de maneira circular.
Abre caminho, por exemplo, para que indústrias transformem matérias-primas sem destino aparente em subprodutos ou insumos para outras companhias. E valoriza a comercialização de frutas e legumes deformados ou machucados — também vale para cascas e sobras de polpas de sucos.
Quando não terminam no lixo, muitos desses itens costumam ser transformados em ração ou material para compostagem. Mas eles também podem ter fins mais nobres — dá para transformá-los em geleias, vitaminas, proteínas em pó e ingredientes para panificação ou bebidas, entre outros.