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Uber quer que novo CEO redefina bússola moral da companhia

Reescrever o código de ética da empresa será um modo simbólico para que o novo CEO coloque sua marca na empresa ferida por meses de polêmicas

Uber: além de assumir o cargo de CEO, Khosrowshahi provavelmente terá uma cadeira no conselho em frente a Kalanick (Tyrone Siu/Reuters)

Uber: além de assumir o cargo de CEO, Khosrowshahi provavelmente terá uma cadeira no conselho em frente a Kalanick (Tyrone Siu/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 18h02.

Toronto/São Francisco - Uma das primeiras tarefas da Dara Khosrowshahi na Uber Technologies será criar um novo conjunto de princípios fundamentais.

O conselho da Uber rasgou partes da lista original de 14 valores corporativos, escritos há anos pelo cofundador Travis Kalanick, depois que eles foram usados por funcionários para justificar comportamentos maliciosos no ambiente de trabalho.

Reescrever o código de ética da empresa será um modo simbólico para que o novo CEO, recentemente nomeado, coloque sua marca em uma empresa ferida por meses de turbulências administrativas, acusações de discriminação sexual generalizada e ameaças jurídicas crescentes.

A Uber recorreu ao CEO da Expedia, de 48 anos, para articular o que a gigante do setor de transporte deveria representar e para inspirar a força de trabalho de mais de 15.000 pessoas. Ele se dirige aos funcionários pela primeira vez em uma reunião de equipe na manhã desta quarta-feira.

Sua reputação de homem de princípios com pouco ego representa um forte contraste com seu antecessor, um bravateador que se envolveu em diversos escândalos, de acordo com pessoas que se associaram com ambos os homens.

Além de assumir o cargo de CEO, Khosrowshahi provavelmente terá uma cadeira no conselho em frente a Kalanick. O ex-CEO, por sua vez, manifestou interesse em voltar a ter um papel mais ativo na empresa depois que foi afastado em junho, criando uma dinâmica potencialmente incômoda que Khosrowshahi precisará gerenciar.

Colegas anteriores, amigos e familiares descrevem Khosrowshahi como um negociador discreto e comedido que enfrentará qualquer um que se interponha ao que ele acredita, inclusive o presidente dos EUA — que ele antagonizou em diversas ocasiões.

“Eu já o vi trabalhar com personalidades fortes e em situações complexas, e simplificar para se concentrar no que realmente importa”, disse Jeremy Liew, capitalista de risco que se reportava a Khosrowshahi na IAC/InterActiveCorp. “Ele tem uma forte bússola moral.”

Khosrowshahi foi moldado por sua fuga do Irã quando criança, pouco antes do caos da revolução de 1979. Ele foi com a família para os EUA como refugiado aos 9 anos de idade.

Ele cresceu em Tarrytown, Nova York, com a mãe e os irmãos. Durante a maior parte de sua adolescência, seu pai permaneceu detido no Irã depois de ter voltado ao país para cuidar do avô de Khosrowshahi.

Mesmo ao recontar essa história em uma carta dirigida aos funcionários depois que Donald Trump proibiu a imigração oriunda de certos países de maioria muçulmana, ele não quis inspirar pena. Embora fosse um refugiado, Khosrowshahi disse que não se sentia assim quando criança.

“Para os adultos, foi uma transição difícil”, disse ele à Bloomberg Businessweek neste ano. “As crianças puderam brincar juntas, então foi divertido.”

Khosrowshahi inspira a admiração de seus subordinados. Nas conferências empresariais, ele é conhecido por ficar perto do bar e conversar com qualquer colega ou empresário que passe por ali.

“Ele tem o máximo caráter possível”, disse Sean Shannon, que administrou a unidade canadense e latino-americana da Expedia até 2015. “Ele é sincero, respeitoso, altamente respeitado, e ele fala sem rodeios.”

Kalanick deu as boas-vindas a seu sucessor em um comunicado enviado por e-mail na noite de terça-feira. O ex-CEO elogiou a “profunda paixão de Khosrowshahi pela construção de equipes”. Kalanick concluiu: “Eu não poderia estar mais satisfeito por passar a tocha a um líder tão inspirador”.

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