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Ousadia e extravagância marcam perfil dos donos do Cruzeiro do Sul

Conheça a história de Luis Felippe e Luis Octavio Índio da Costa, pai e filho, donos da instituição cuja intervenção foi decretada pelo Banco Central

Luis Octavio Indio da Costa, presidente do Cruzeiro do Sul: contratos e festas de arromba (Ferndando Moraes)

Tatiana Vaz

Publicado em 19 de junho de 2012 às 17h46.

São Paulo – Atual centro das atenções do mundo dos negócios, o Banco Cruzeiro do Sul tem uma história paradoxal em relação aos demais bancos brasileiros, a começar pela trajetória de seu dono. Aos 62 anos, o advogado carioca Luis Felippe Índio da Costa não tinha a menor pretensão de se tornar banqueiro e estava para se aposentar quando se deparou com o que julgou ser um belo investimento: uma instituição com registro no Banco Central, cuja sede era uma sala abandonada dentro do escritório do grupo que fabricava o pão Pullman, no Rio de Janeiro.

O ano era 1993 e a compra, feita em dólar, se mostrou um grande negócio logo de cara, já que, com a chegada do real, a moeda estrangeira despencou e ficou mais vantajoso ofertar dólar a preço baixo dentro do país. A queda da inflação fez com que a oportunidade durasse pouco e o novo banqueiro, com carreira sólida no mercado de ações, decidiu apostar em um filão pouco explorado.

Enquanto vários concorrentes, como os já extintos Bamerindus e Nacional, fecharam suas portas, o Cruzeiro do Sul tratou de se especializar em empréstimos para funcionários públicos. O novo viés deu certo e rendeu ao banco uma associação com a multinacional americana GE Capital, que passou a fornecer recursos para que o banco os emprestasse. E impulsionou a multiplicação da receita do banco, que depois entrou no setor de crédito para empresas de médio porte, em 2003, e criou uma área de câmbio, em 2009 - ano em que seu valor de mercado era estimado em 2,6 bilhões de reais.

Mas o banco também teve diversos tropeços em sua trajetória. O primeiro deles veio à toa em 2008, um ano depois do banco estrear na bolsa de valores, com a venda de 645 milhões de reais em ações – 150 milhões de reais embolsados pela família. Naquele ano, a massa falida do banco Santos acusou o Cruzeiro do Sul, em um processo judicial, do desvio de 206,2 milhões de reais dos credores da instituição que pertenceu a Edemar Cid Ferreira. O caso ainda está correndo na Justiça.

Rombo bilionário

O espírito empreendedor de Luis Felippe foi aliado, desde o início da administração do banco, pela obstinação do empresário e seu filho, Luis Octavio – eles detêm 55,6% e 24% do capital social da empresa, respectivamente. Hoje, aos 48 anos, é Luis Octavio quem preside o conselho e ocupa o cargo de diretor superintendente do Cruzeiro do Sul – e foi ele o afastado pelo Banco Central depois da descoberta de um rombo de 1,3 bilhão de reais na instituição.

Solteiro cobiçado pelas beldades da alta roda de ricaços do país – Daniela Cicarelli já fez parte da lista de namoradas do empresário – Luis Octavio é conhecido por promover eventos festivos caríssimos pela capital paulista, onde reside há tempos, com a mesma habilidade com que fecha contratos milionários na sua instituição.

Em 2009, quando o banco completara 15 anos, o banqueiro escalou ninguém menos que o cantor Elton John para um pocket show na Sala São Paulo, cujos convites foram disputados a tapa por vips de todo país. As comemorações se deram ao longo do ano e foram encerradas com a apresentação de Tony Bennet para 500 convidados no jardim de seis mil metros quadrados da mansão do banqueiro, em Embu das Artes.

As extravagâncias financeiras não são restritas ao banqueiro, mas a todo clã Índio da Costa. A família, uma das mais ricas e tradicionais do país, conta com nomes conhecidos da alta sociedade, como o de Luiz Eduardo Indio da Costa, irmão de Luis Felippe e um dos arquitetos mais reconhecidos do Brasil, e seu filho, o político Antônio Pedro de Siqueira Índio da Costa, vice de José Serra nas últimas eleições presidenciais.

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São Paulo – Atual centro das atenções do mundo dos negócios, o Banco Cruzeiro do Sul tem uma história paradoxal em relação aos demais bancos brasileiros, a começar pela trajetória de seu dono. Aos 62 anos, o advogado carioca Luis Felippe Índio da Costa não tinha a menor pretensão de se tornar banqueiro e estava para se aposentar quando se deparou com o que julgou ser um belo investimento: uma instituição com registro no Banco Central, cuja sede era uma sala abandonada dentro do escritório do grupo que fabricava o pão Pullman, no Rio de Janeiro.

O ano era 1993 e a compra, feita em dólar, se mostrou um grande negócio logo de cara, já que, com a chegada do real, a moeda estrangeira despencou e ficou mais vantajoso ofertar dólar a preço baixo dentro do país. A queda da inflação fez com que a oportunidade durasse pouco e o novo banqueiro, com carreira sólida no mercado de ações, decidiu apostar em um filão pouco explorado.

Enquanto vários concorrentes, como os já extintos Bamerindus e Nacional, fecharam suas portas, o Cruzeiro do Sul tratou de se especializar em empréstimos para funcionários públicos. O novo viés deu certo e rendeu ao banco uma associação com a multinacional americana GE Capital, que passou a fornecer recursos para que o banco os emprestasse. E impulsionou a multiplicação da receita do banco, que depois entrou no setor de crédito para empresas de médio porte, em 2003, e criou uma área de câmbio, em 2009 - ano em que seu valor de mercado era estimado em 2,6 bilhões de reais.

Mas o banco também teve diversos tropeços em sua trajetória. O primeiro deles veio à toa em 2008, um ano depois do banco estrear na bolsa de valores, com a venda de 645 milhões de reais em ações – 150 milhões de reais embolsados pela família. Naquele ano, a massa falida do banco Santos acusou o Cruzeiro do Sul, em um processo judicial, do desvio de 206,2 milhões de reais dos credores da instituição que pertenceu a Edemar Cid Ferreira. O caso ainda está correndo na Justiça.

Rombo bilionário

O espírito empreendedor de Luis Felippe foi aliado, desde o início da administração do banco, pela obstinação do empresário e seu filho, Luis Octavio – eles detêm 55,6% e 24% do capital social da empresa, respectivamente. Hoje, aos 48 anos, é Luis Octavio quem preside o conselho e ocupa o cargo de diretor superintendente do Cruzeiro do Sul – e foi ele o afastado pelo Banco Central depois da descoberta de um rombo de 1,3 bilhão de reais na instituição.

Solteiro cobiçado pelas beldades da alta roda de ricaços do país – Daniela Cicarelli já fez parte da lista de namoradas do empresário – Luis Octavio é conhecido por promover eventos festivos caríssimos pela capital paulista, onde reside há tempos, com a mesma habilidade com que fecha contratos milionários na sua instituição.

Em 2009, quando o banco completara 15 anos, o banqueiro escalou ninguém menos que o cantor Elton John para um pocket show na Sala São Paulo, cujos convites foram disputados a tapa por vips de todo país. As comemorações se deram ao longo do ano e foram encerradas com a apresentação de Tony Bennet para 500 convidados no jardim de seis mil metros quadrados da mansão do banqueiro, em Embu das Artes.

As extravagâncias financeiras não são restritas ao banqueiro, mas a todo clã Índio da Costa. A família, uma das mais ricas e tradicionais do país, conta com nomes conhecidos da alta sociedade, como o de Luiz Eduardo Indio da Costa, irmão de Luis Felippe e um dos arquitetos mais reconhecidos do Brasil, e seu filho, o político Antônio Pedro de Siqueira Índio da Costa, vice de José Serra nas últimas eleições presidenciais.

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