Tesla tenta provar que deixou a era dos carros atrasados para trás
Com ação em alta de mais de 80% nos últimos 12 meses, a montadora de carros elétricos deve apresentar bons resultados de 2019
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 06h19.
Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 06h55.
São Paulo — A montadora Tesla pode dar nesta quarta-feira 29 uma prova concreta de que está passando de promessa a realidade. Após atingir na semana passada valor de mercado de 100 bilhões de dólares (e contando), a montadora de carros elétricos anuncia seus resultados do quarto trimestre após o fechamento do mercado.
A expectativa dos analistas é de faturamento de 7 bilhões de dólares no período entre outubro e dezembro. Para o acumulado de 2019, a projeção é de cerca de 24,5 bilhões de dólares, alta de 14% em relação a 2018. No terceiro trimestre, a montadora animou os analistas ao reportar lucro, diferentemente dos trimestres anteriores.
O mesmo deve acontecer para os números do quarto trimestre, com analistas esperando lucro na casa de 1,60 dólar por ação. O que não vai impedir o acumulado do ano de fechar em prejuízo acima de 700 milhões de dólares. Porém, as perdas serão as menores desde 2016 e, mais ainda, o consenso é de que a empresa conseguirá ter lucro anual já neste 2020.
A Tesla já havia animado os analistas com os números de vendas divulgados no início do mês. A montadora fechou 2019 com mais de 367.000 veículos entregues. Os números ficaram dentro da meta estipulada, afastando o que havia sido um pesadelo nos anos anteriores, quando a empresa não conseguiu entregar no prazo todos os carros que vendeu.
Da lista de boas notícias, a empresa também entregou neste ano o primeiro carro construído em sua nova fábrica em Xangai, na China. A Tesla vai construir ainda uma planta na Alemanha, lar de concorrentes como a Volkswagen (embora a empreitada venha sofrendo protestos por danos ambientais que podem ser causados pela produção).
As novas fábricas, acreditam os analistas, podem fazer a Tesla deixar para trás os tempos de carros atrasados e atingir, nos próximos cinco anos, um sonhado patamar de 1 milhão de veículos entregues. Na briga com as montadoras tradicionais, a companhia americana tem ainda a vantagem de estar no negócio desde 2008 — tempo em que desenvolveu baterias consideradas melhores que as da concorrência e consolidou seu modelo popular, o Model 3.
Tudo isso levou a ação da Tesla a valorizar 82% nos últimos 12 meses, o que fez a empresa valer mais do que General Motors e Ford juntas. Bom também para o fundador e presidente Elon Musk, que, como não recebe salário, combinou com a empresa um bônus de 50 bilhões de dólares até 2028 e cuja primeira parcela será desbloqueada caso a Tesla siga valendo 100 bilhões de dólares pelos próximos seis meses. Se os resultados de hoje — e dos próximos trimestres — vierem positivos, o ânimo deve continuar.